Por Elias de Lemos
eliasdelemos@correio9.com.br
Em 2012, o prefeito de Nova Venécia era Wilson Japonês, que concluía seu segundo mandato frente à Prefeitura. Ele disputou a reeleição, mas não superou a ampla frente partidária que se formou em torno da candidatura de Lubiana Barrigueira (PSB), que incluía os apoios dos ex-prefeitos Adelson Salvador (PSDB) e Walter De Prá. Barrigueira venceu e, desde o início, sempre governou com grande apoio na Câmara.
O acordo se repetiu em 2016, conduzindo Barrigueira ao segundo mandato, sendo o primeiro prefeito reeleito no município. No entanto, a aliança começou a se deteriorar em 2017, apesar de ninguém admitir isto publicamente.
Agora, seis anos após o prefeito de Nova Venécia, Lubiana Barrigueira, assumir o cargo, o ambiente político veneciano não é mais o mesmo.
O primeiro a se distanciar do bloco de governo foi o vereador Luciano Márcio (PSB). Ele vinha agindo de forma independente, mas, a independência se tornou “oposição”.
A divisão foi se ampliando durante a pré-campanha e a campanha eleitoral de 2018. O primeiro indício foi a quantidade de candidatos que apareceu dentro do grupo governista. Dois deles faziam parte da linha de frente do governo na Câmara.
Biel da Farmácia (PV) e Antonio Emílio (PPS) apresentaram suas candidaturas. Porém, não obtiveram apoio do grupo e acabaram ficando isolados. Biel desistiu de ser candidato, mas, Antonio Emílio foi adiante.
Sem nenhum apoio do prefeito, ao qual sempre apoiou, Antonio Emílio se sentiu traído. Assim, no pós-eleição, ele tem intensificado críticas a vários setores da administração municipal, se posicionando, cada vez mais, como oposição. Se a mágoa dele com o prefeito vai passar, ninguém sabe.
Ele recebeu o apoio do ex-prefeito Walter De Prá. Enquanto o vice-prefeito, Adelson Salvador, apoiou Clio Venturim (PRB).
Clio é filho do ex-prefeito Japonês, portanto, um adversário natural de Barrigueira. Ao apoiá-lo, Adelson demonstra o seu distancimento do grupo “barrigueirense”.
Biel, por sua vez, que sempre agiu com relativa independência, também, tem se tornado cada vez mais independente.
Além disso, há alguns dias, Clio declarou em entrevista a um jornal de Nova Venécia, que está conversando com Antonio Emílio, a respeito de 2020, quando ocorrerá a sucessão municipal.
Ele foi o mais votado entre os candidatos a deputado estadual por Nova Venécia, com 3.399 votos na cidade. Considerando que foi a primeira vez em que ele concorreu a um cargo eletivo, disputando com candidatos apoiados pelo governo municipal, seu desempenho não pode ser desprezado.
Clio está se movimentando com desenvoltura e pode ser o ponto de catarse da fragmentação do bloco governista.
Depois de reunir três ex-prefeitos em torno de sua candidatura – Adelson Salvador, Japonês e Antonio Moreira – ele pode se aproximar de Walter De Prá, tendo Antonio Emílio como ponte. No entanto, o mercado político dá como certa a candidatura de De Prá à Prefeitura em 2020.
O PSB saiu fortalecido da campanha de 2018, mas, saiu sozinho.
Sucessão Municipal
As eleições gerais de 2018 se foram e, agora, todas as atenções se voltam para a sucessão municipal, de 2020. Pelo menos nove nomes admitem a ambição pela Prefeitura, sendo que quatro deles ocupam cargos eletivos.
Muitas negociações ainda virão. O grande desafio, para o grupo que se forma, será acomodar os conflitos de interesses, uma vez que “todos” querem se sentar na cadeira de prefeito.
Risonete Está na Disputa
A advogada e ex-vereadora Risonete Oliveira Macedo, também, poderá estar na disputa pela Prefeitura de Nova Venécia em 2020. Ela se movimenta bem no meio político, tem desenvoltura e não esconde seu desejo de ser candidata.
Ela foi candidata a deputada estadual. Sua votação não foi satisfatória, no entanto, ela tem dito que a campanha serviu para que pudesse se interar de certos problemas do município. Ela se diz surpresa com o “empobrecimento” de Nova Venécia.
A Esperança de Barrigueira
Os próximos dois anos serão decisivos para os rumos das eleições municipais de 2020. Nova Venécia foi muito afetada pela política de contenção de gastos do Governo do Estado.
A expectativa é de que o realinhamento com o governo, a partir da eleição do futuro governador, Renato Casagrande, o município possa executar projetos que foram suspensos, ou paralisados, nos últimos anos.
Porém, existe uma série de incógnitas sobre as reais possibilidades de o novo governo distribuir investimentos.
Em primeiro lugar, ao tomar posse, Casagrande vai encontrar o orçamento pronto para 2019, o que lhe dará pouca margem de manobra.
Em segundo lugar, 2020 será ano eleitoral, o que restringe os prazos para contratações, licitações e execuções das obras.
Em terceiro lugar, o novo governo se inicia em um cenário de crise e recessão nacional, sem a bonança de quando governou pela primeira vez, entre 2010 e 2014, portanto, terá que economizar.
A Secretaria de Estado da Fazenda (SEFAZ) anunciou que o atual governo deverá deixar R$ 300 milhões no caixa. Parece muito, mas, em se tratando de um estado, dá apenas para começar.
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