Elias de Lemos (Correio9)
O Consórcio CimNorte/ES, que administra a Rede Cuidar Norte, decidiu alterar a forma de atendimento aos usuários do sistema. A mudança consiste na suspensão, temporária, do atendimento presencial, na implantação do monitoramento via telemedicina e na descentralização da realização de exames e consultas ambulatoriais.
A decisão foi tomada em Assembleia Geral, realizada no último dia 1º de abril (2020), com a participação de prefeitos e secretários municipais de saúde dos 14 municípios que integram o Consórcio CimNorte.
Em nota (emitida nesta terça-feira, 7), o Consórcio informou que a medida visa: “tomar medidas urgentes de prevenção, controle e contenção de riscos, danos e agravos à saúde pública, necessárias para prevenção à infecção e propagação do novo Coronavírus (COVID-19), buscando a proteção da coletividade e a garantia do pleno respeito à integridade e dignidade das pessoas, famílias e comunidades”.
A superintendente executiva do Consórcio, e gerente da Rede Cuidar Norte, Risonete Maria Oliveira, informou ao Correio9 de que não se trata do fechamento da unidade, mas de uma mudança na forma de operar, visando à segurança dos usuários. Ela explicou que o Consórcio, gestor da Rede, reúne 14 municípios, com isto, os pacientes precisam realizar deslocamentos, feitos através de ônibus, ambulâncias e vans, com grande quantidade de pessoas.
Além disso, por se tratar de atendimento completo, com consultas seguidas com vários especialistas, os pacientes esperam por longas horas na unidade, concentrados em um único local, o que favorece a propagação do vírus.
E, de acordo com a nota do CimNorte/ES os usuários da Rede Cuidar “são, na grande maioria, pessoas do grupo de risco (portadores de doenças crônicas e a maioria com idade acima de 60 anos), utilizam o transporte sanitário coletivo, para acesso à unidade, podendo ser vetor de propagação do COVID-19 para toda a região Norte, além do tempo de permanência desses usuários e o grande quantitativo de pessoas em aglomeração no local, representando grande risco de contaminação diante dos casos confirmados na região”.
A nota diz que: “as inúmeras faltas pelos usuários, da Unidade Cuidar Norte, a consultas e exames – que já estavam agendados – contribuíram para a decisão”. Segundo Risonete, a frequência caiu aproximadamente 70%, após a recomendação de isolamento social. “As pessoas têm se preocupado com a exposição ao risco, com isso, têm evitado sair de casa”, disse.
Ela esclareceu que com a mudança adotada, os pacientes não deixarão de ser atendidos. A superintendente explicou que, apenas, o atendimento presencial está suspenso, no entanto, uma equipe de acompanhamento e monitoramento está em atividade constante, atendendo via telemedicina.
A aplicação da telemedicina trata do uso de modernas tecnologias da informação e telecomunicações para o fornecimento de informação e atenção médica a pacientes e outros profissionais de saúde situados em locais distantes.
Assim, enquanto durar a suspensão, os usuários da Rede serão atendidos com o auxílio de tecnologias de informação. Risonete explicou que o método consiste no acompanhamento com uso de telefonia celular e internet: “A equipe estará em contato com os pacientes, realizando consultas à distância, perguntando sobre o estado de saúde, como estão se sentido, se estão tomando a medicação prescrita e como está a pressão sanguínea. Em casos em que o paciente tiver dificuldade de informar, será pedido auxilio de familiares, como cônjuge ou filhos”.
Esclareceu, também, que caso o paciente precise de consulta médica, esta será realizada na unidade de saúde de sua referência, que pode ser o posto de saúde mais próximo ou unidade de atendimento rural (para as pessoas que moram no interior). O mesmo procedimento será adotado para a realização de exames ambulatoriais.
Com a suspensão temporária do atendimento presencial, o Consórcio CimNorte exonerou os funcionários com contrato temporário. Porém, Risonete explicou que quando acabar a pandemia, a Rede voltará a funcionar com o sistema anterior (presencial) e os exonerados poderão participar, novamente, de processo seletivo para o preenchimento das vagas deixadas agora.
“Não foi uma decisão fácil, mas foi ponderado que, mesmo ficando, repentinamente sem trabalho, trata-se de uma emergência de saúde. Os funcionários receberão seus direitos rescisórios e poderão sacar os saldos do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), além de contarem com o seguro desemprego, neste período”, explicou Risonete.
A nota do CimNorte cita, também, que a suspensão do atendimento presencial visa atender à “Lei Federal nº 13.979 de 06/02/20 (lei da quarentena), que dispõe sobre o enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do Coronavírus (COVID-19) e a declaração de emergência em saúde pública no Estado do Espírito Santo decorrente do surto, visando evitar a expansão do contágio do coronavírus, conforme boletins da Sesa (Secretaria de Estado da Saúde), a qual permanece recomendando o isolamento, em especial, das pessoas do grupo de risco, como medida de contenção do contágio.
Segundo Risonete Oliveira, a suspensão pode durar até o mês de agosto de 2020.
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