Perplexidade: foi assim que a cidade de Barra de São Francisco reagiu à notícia de que quatro crianças, sendo uma delas autista, foram encontradas vivendo sob condições de maus-tratos dentro de casa. Os quatro irmãos de 4, 6, 10 e 12 anos foram resgatados pela polícia e pelo Conselho Tutelar.
O caso aconteceu no dia 29 de agosto de 2021. Depois da denúncia de que um casal estaria mantendo crianças em condições sub-humanas e em cárcere privado, o Conselho acionou a Polícia Militar (PM) para fazer o acompanhamento até à residência, que fica no bairro Irmãos Fernandes.
No local, se depararam com um cenário de muita sujeira e fezes de animais dentro da casa. As crianças informaram aos militares que não se alimentavam há muitos dias e que eram proibidas de sair de dentro da casa, ficando trancadas 24 horas por dia (veja imagens abaixo).
Os menores receberam atendimento médico e, depois, foram encaminhados a um abrigo. Já os pais foram autuados em flagrante por maus-tratos e cárcere privado, no entanto receberam alvará de soltura após audiência de custódia.
No termo de audiência, um dos conselheiros relatou que as crianças pareciam não tomar banho há muito tempo, estavam muito magras e com piolhos. Escreveu, ainda, que de tanta fraqueza, uma delas não conseguia nem andar.
A denúncia chegou ao Conselho Tutelar por meio da diretora da escola onde uma das crianças estuda. Ela relatou que fez contato com o pai da criança para informar da necessidade de realizar uma prova de forma presencial.
De acordo com a diretora, o pai apresentou resistência, mas, depois de muita insistência por parte dela, ele levou a criança à escola. Segundo ela, o pai ficou o tempo inteiro ao lado da criança, que parecia ter medo dele.
A escola informou que os professores fizeram algumas perguntas e a criança apresentou algumas respostas prontas. Diante das evidências, conseguiram uma reunião reservada com o estudante.
Durante o encontro, a diretora observou que a criança parecia estar sofrendo pressão psicológica e “mal parava em pé de fraqueza”. Após isso, a diretora entrou em contato com o Conselho Tutelar.
Uma das conselheiras foi à residência para conversar com as crianças. Três delas foram levadas até a sede do conselho para serem ouvidas. Somente a mais nova, que é autista, não foi levada.
Criança autista comeu fezes de cachorro
Depois do depoimento das crianças, a PM foi chamada para ir até a casa e buscar a mais nova também. Os militares informaram que ao chegarem ao local, encontraram o menor comendo um pedaço de cocô de cachorro.
A médica que atendeu as crianças informou que elas apresentavam características de cativeiro, com unhas grandes e sujas, muita sujeira pelo corpo, piolho e dentes podres.
Na audiência de custódia, o juiz Getter Lopes de Faria Junior concedeu alvará de soltura para os pais desde que sejam cumpridas algumas medidas cautelares.
O casal terá que comparecer em Juízo para justificar suas atividades na última semana de cada mês, manter o endereço sempre atualizado e comparecer aos atos processuais, além de ficarem afastados das crianças até a decisão da Vara de Infância.
A Polícia Civil (PC) informou que o caso segue sob investigação da Delegacia Regional de Barra de São Francisco, que realiza diligências e aguarda a chegada dos laudos periciais.
(Com informações do site Folha Vitória)
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