A cesta básica está sob pressão. Produtos como feijão, leite, óleo de soja e carne acumulam altas e o arroz já é encontrado 80% mais caro em alguns supermercados. O cenário tem preocupado entidades, que cobram medidas governamentais para controlar a situação.
Enquanto isso, a Associação Brasileira de Procons (Procons Brasil), o Ministério Público do Consumidor (MPCon) e a Comissão de Defesa do Consumidor da OAB Federal pediram o monitoramento do mercado e providências que garantam ao brasileiro acesso aos itens básicos da sua alimentação e que vem atuando em prol da garantia dos direitos do consumidor, junto aos Procons dos municípios.
Em Nova Venécia, o Procon tem recebido muitas denúncias de preços abusivos. Segundo a coordenadora executiva, Fernanda Cassa Rodrigues, o consumidor pode enviar as notas fiscais que contenham abuso de precificação para o e-mail: procon@novavenecia.es.gov.br. “O consumidor é a nossa maior ferramenta no enfrentamento a cobrança abusiva”, disse Fernanda.
Desequilíbrio entre oferta e demanda motivaram aumentos
Para a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), que representa as 27 associações estaduais afiliadas, isso teria ocorrido por conta de um aumento das exportações dos itens de cesta básica e matérias-primas, aliado a diminuição das importações, motivadas pela mudança na taxa de câmbio que provocou a valorização do dólar frente ao real.
A associação elenca ainda como motivo “a política fiscal de incentivo às exportações, e o crescimento da demanda interna impulsionado pelo auxílio emergencial do governo federal”.
Analistas de mercado da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) confirmam que há um desequilíbrio entre a a oferta e a demanda no mercado interno, principalmente em referência ao arroz. Segundo a Conab, hoje, “o país possui estoque para suprir o consumo interno, porém, grande parte do produto disponível encontra-se nas mãos de produtores bem capitalizados, que têm escalonado suas vendas em busca de preços mais remuneradores no atual período de entressafra”.
Historicamente, o segundo semestre possui cotações mais elevadas do grão. Mas, de acordo com a Conab, não há possibilidade disso acontecer: “como o preço interno já ultrapassa a paridade de importação dos principais mercados produtores do grão, é provável que não haja sustentação do atual patamar no médio prazo, pois verifica-se um intenso movimento das indústrias de beneficiamento na busca do produto no mercado internacional”.
O arrefecimento é esperado para o próximo ano, quando já deve ter ocorrido uma recuperação de área de produção estimulada pelos preços atuais.
O feijão e o leite estão em um período tradicional de sazonalidade de preços positiva nessa época. A carne ainda tem pouca disponibilidade de oferta no setor interno, associada a exportações em ótimo nível, o que tem sustentado os preços da arroba do boi no mercado interno. “Há também pressão de preços dos insumos, com preços de milho e soja alcançando altas históricas”, acrescenta a Conab:
“Em algumas praças, o preço do milho teve uma elevação anual de mais de 100% em relação ao mesmo período do ano anterior. Já os preços da soja variaram entre 50% a 70% em relação ao último ano”.
Trigo e derivados também estão mais caros e isso impactou o preço das farinhas e das massas. Em relação ao açúcar, os preços estão elevados em função das exportações que cresceram significativamente em relação ao último ano, aproximadamente 70% frente ao mesmo período do ano passado.
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