Kim Campos (Correio9)

No filme Contagem Regressiva (EUA/ 1994), com a presença de Tommy Lee Jones, a banda irlandesa U2 empresta seu talento com a canção “Where The Streets Have no Name”, que na tradução se transforma no título desta matéria.
Na canção, Bono Vox relata que quer sentir a luz do sol no rosto, que vê a nuvem de poeira desaparecer e etc… Também em Nova Venécia há as ruas que não têm nome, e que ao contrário da música não deixam nenhuma poesia.
São ruas batizadas de W, L, Um, Dois, A, B, e mais uma infinidade de letras e números que além de não fazerem sentido, prejudicam uma melhor informação a quem as procura, e, por fim, deixa de homenagear muita gente que se destacou, ou quiçá não, para homenageá-las com um nome/placa.
Não se sabe precisar exatamente quantas ruas têm o município e tampouco listar todas as que ‘não têm nome’. O Correio9 procurou o Setor de Tributação da Prefeitura local, mas recebeu a informação de que o município não possui tal tipo de cadastro.
É certo que em vários momentos da história veneciana, alguns vereadores propuseram e até obtiveram êxito na demanda de trocar ruas com nomes nonsenses para o de pessoas, como foram os casos no Loteamento Corpo de Bombeiros, que em 2014 cujas passagens A, B, e C foram rebatizadas de Adélio Lubiana; Padre Ângelo Compri e Padre Carlos Furbetta respectivamente. Apesar das trocas, muitas vias ainda resistem ao inglório destino de não terem um batismo decente. Outras, por falta de uma organização foram nomeadas em duplicidade, como é o caso da Zenor Pedrosa Rocha, que tem endereço no Bairro Margareth e também no Bairro Filomena. Outra campeã de destinos é a Rua Projetada, que por não ter nome e recebido a terraplanagem ficou raiz nos bairros Ascensão, Iolanda e Municipal I.
Segundo informações obtidas por este diário junto à Câmara de Nova Venécia, no momento também não há nenhum projeto de lei que objetiva corrigir as lacunas de números e letras por um nome mais apropriado.

Para o estudante Geison Rocha, seria melhor se as ruas fossem mesmo batizadas com o nome de pessoas. Para ele, facilita a identificação e também tornaria mais fácil a localização. Outro entrave que ele percebe é a falta de placas em algumas ruas, além de números nas casas para que haja melhor identificação.

Opinião semelhante tem o advogado Luiz Paulo Vianna, que entende não haver empecilho para que as ruas sejam identificadas por letras ou números. “A escolha de nomeação das ruas são feitas pelos vereadores. Os impedimentos estão elencados na lei 6.454/77, que proíbe, por exemplo, homenagear pessoa viva ou pessoa que tenha se notabilizado pela defesa de mão de obra escrava, etc. A escolha vai muito pelo bom senso de cada vereador.
Mas, há cidades pelo Brasil que consultam a população local para que esta indique o nome de alguém muito querido ou que fez algo importante para o lugar”, anota.

Apesar das explicações, Vianna vê como mais positiva a deliberação de ruas em favor de homenagear pessoas. “É bem mais sensato”, finalizou.
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