Elias de Lemos (Correio9)
Sábado, 17 de junho, onze e meia da noite. Uma mulher dorme tranquila, ao lado de sua filha. Ela tem trinta anos e a menina tem, apenas, quatro aninhos. Ela tem um companheiro, mas o seu marido está fora de casa, porém, ela se sente segura, afinal, a casa é um “asilo inviolável”.
O local fica na comunidade do Córrego da Penha, no interior do município de Nova Venécia. Perto dali está acontecendo uma festa, onde as pessoas se divertem, na mais perfeita normalidade.
Seria a descrição de uma cena comum. Como, também, é de conhecimento comum que não se entra na casa alheia sem a devida permissão. Pois, é assim que o mundo civilizado funciona. Mas, o mundo civilizado, não é habitado, apenas, por homens humanos: muitos, ainda permanecem no estado de animalidade.
A mulher acorda assustada ao ver um homem desconhecido, e sem roupas, deitado ao seu lado. Ela começa a gritar, mas ele tem mais força física e a detém. Ele ameaça: “não grite, se você gritar eu te mato aqui”, e prossegue: “é você ou a sua filha”. É o início do que não pertence à civilidade: uma mulher é estuprada. E, mais animalesco: na frente da filha de quatro anos de idade.
A vítima o descreve como sendo um homem de pele morena, que tem a cabeça raspada e uma orelha cortada, tem um piercing no lado esquerdo do nariz e outro na sobrancelha. No peito, traz uma tatuagem com o nome Franciele (?).
Moradores da região, também, forneceram informações. As mais importantes são de que o nome dele é Fábio, sua origem é do município de Pedro Canário, e que ele trabalhava há algum tempo na localidade do Córrego da Penha.
O Correio9 conversou com a mãe da vítima, na manhã de ontem. Mesmo abatida, sob o impacto da violência que se abateu sobre a sua família, ela falou sobre o assunto, manifestou preocupação com a situação futura da filha e os possíveis traumas da menina.
Segundo a genitora ela foi acordada, no domingo, por um telefonema, do pai da vítima, relatando o ocorrido. Ela mora em outra cidade, e embarcou no primeiro ônibus para Nova Venécia, onde se encontrou com a filha, “em um estado deplorável”, no Hospital São Marcos (HSM). “Eu mal conseguia me manter de pé, meu coração sangrava, mas eu precisava de forças para ajudar minha filha”, disse a mãe à nossa equipe.
Muito emocionada, ela chorou ao narrar o que ouviu da neta de quatro anos: “eu vi vovó, o homem ficou em cima da minha mãe e disse que ia matar eu e minha mãe”.
Ela disse ainda que o mentecapto fez ameaças de morte, caso a vítima o denunciasse à polícia. Mas, ela tem, ainda, outra preocupação; com a revolta causada dentro da família.
Do HSM, a vítima foi encaminhada ao Hospital Roberto Silvares, onde recebeu um coquetel de medicamentos e fez testes de HIV, sífilis e hepatite. Em seguida, foi levada ao Instituto Médico Legal de Linhares (IML), onde foram realizados exames para coleta de material, do marginal, para encaminhamento ao banco de dados da Polícia.
A polícia está empenhada no caso e já fez três buscas na região, sem sucesso.
Ao final da conversa com o Correio9, ela disse que se lembra de ter visto um homem cujas características condizem com a descrição feita pela filha. “Eu estava muito perturbada, mas eu vi um homem assim, logo que desembarquei na rodoviária; um homem com uma orelha cortada não passa despercebido”. “Peço a Deus que ele seja encontrado logo, para evitar sofrimento para outras famílias”, finalizou a mãe.
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