Uma família de Vila Velha tem um gosto um pouco diferente quando o assunto é animal de estimação: nada menos do que 23 cobras fazem a alegria do casal Eduardo e Tatiane Lázaro. Nenhuma delas é venenosa. O filho deles, de três anos, cresce convivendo com os animais com normalidade.
As cobras têm até um quarto só pra elas na casa. Cada uma fica no próprio espaço, trancadas em caixas de vidro com temperatura controlada. Elas são alimentadas uma vez a cada 15 dias.
“Depende to tamanho de cada uma, mas todas são alimentadas por ratos. A gente tem um biotério, onde criamos esses animais justamente para fazer a alimentação das cobras, porque elas realmente necessitam disso. Não dá pra comer outra coisa”, explicou o veterinário Eduardo Lázaro.
O amor pelas cobras começou na adolescência de Eduardo. Aos 17 anos, ele mantinha uma serpente dentro do armário, escondido da mãe, que tem pavor de cobras até hoje.
“Eu resolvi comprar uma serpente legalizada de um criador, mas minha mãe é muito traumatizada com cobras. A gente teve que manter ela dentro do armário sem minha mãe saber. A cobra ficou anos e anos escondida”, lembrou.
E nessa família, as cobras têm até nome. A píton amarela é o Ralph, que tem quase 20 anos e três metros de comprimento. Esmeralda foi o escolhido para uma jiboia arco-íris. A mais novinha da casa também é uma jiboia arco-íris de seis meses, que ainda não tem nome.
A esposa Tatiane, que é bióloga, contou que não teve escolha: quando casou, teve que aceitar as cobras. “Aceitei, não teve jeito. Eu também gosto, mas ele [Eduardo] é muito mais apaixonado do que eu”, falou.
Eduardo contou que o filho interage com os animais. “É claro que ele tem mais afinidade pelos cães e gatos, mas ele gosta de interagir com as cobras. A gente não deixa ele pegar sozinho, mas ele costuma fazer carinho. Eu não tenho cobras peçonhentas, e todas documentadas e autorizadas”, frisou.
Gosto que se reflete na profissão
O interesse que começou na adolescência traçou o caminho que hoje é seguido por Eduardo. Veterinário, ele trabalha especificamente com animais silvestres e exóticos.
Eduardo e a esposa fazem um trabalho de educação ambiental, onde mostram os animais para as crianças e tiram dúvidas.
“As crianças são as mais animadas. Elas ficam com medo no início, mas depois acabam se acostumando. A gente explica o que fazer se encontrar uma cobra na rua e como agir em caso de picadas”, explicou.
Eduardo disse que já foi picado por uma cobra peçonhenta e que precisou passar mais de duas semanas no hospital.
“Eu recebi uma cobra peçonhenta que tinha uma fratura na mandíbula, e no dia que eu fui fazer a limpeza do terrário ela acabou me picando. Foi tenso e se eu não tivesse seguido as orientações médicas, eu não teria sobrevivido. Fiquei internado na UTI por uma semana e cerca de 10 dias quarto do hospital. Eu já sabia como agir nesses casos e isso foi importante”, disse.
Por ter tantas cobras em casa, Eduardo acaba sendo requisitado também em situações de sufoco dos vizinhos.
“Aqui no meu bairro todo mundo me liga quando aparece uma cobra em casa. Outro dia um grupo de crianças apareceu com uma cobra no saco. Nesta época do ano é quando as cobras estão mais ativas e quando aparecem mais vezes. Então o cuidado deve ser redobrado”, alerta.
Além das cobras, a família tem lagartos, dragão barbado, uma iguana e tartarugas. Os animais de estimação considerados mais “normais” também são bem-vindos na casa, que ainda tem aves, cães e gatos.
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