Outubro Rosa: essa causa também é nossa!
O mês de outubro é reconhecido, mundialmente, como o mês em que mulheres e homens são convocados a discutir a importância da prevenção da saúde da mulher. O foco é o câncer de mama.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), no Brasil o câncer de mama é o tipo de câncer que mais acomete as mulheres (excluídos os tumores de pele não melanoma). Para 2019, foram estimados 59.700 casos novos, o que representa uma taxa de incidência de 51,29 casos por 100 mil mulheres. A única região do país em que o câncer de mama não é o mais comum entre as mulheres é a Norte, onde o de colo de útero ocupa a primeira posição.
Com uma taxa de 13,68 óbitos/100 mil mulheres em 2015, a mortalidade por câncer de mama (ajustada pela população mundial) apresenta uma curva ascendente e representa a primeira causa de morte por câncer nas mulheres brasileiras. O Sul e o Sudeste são as regiões que apresentam as maiores taxas de mortalidade, com 15,26 e 14,56 óbitos/100 mil mulheres em 2015, respectivamente.
Durante todo o mês de outubro o Correio9 vai apresentar uma série de reportagens sobre o assunto. Serão produzidos cinco cadernos, um a cada semana, com quatro páginas cada um, com uma pauta que aborda opiniões de especialistas e histórias de mulheres que enfrentaram ou enfrentam o problema. O trabalho é resultado da aglutinação de vários parceiros, também, conscientes e preocupados com o tema.
Esta é a segunda edição temática. As próximas serão veiculadas nos dias 18, 25 e 30 de outubro.
Mulher se toca!
E boa leitura!
Rosane Lage: “Não desistam, porque desistir é como abdicar de viver”
“Não se sintam doentes, eu não me sinto. Estou passando por uma fase e depois disso vou ficar bem”.
Elias de Lemos (Correio9)
Quando o assunto é câncer de mama, muito se fala a respeito de prevenção, do autoexame, da procura por especialista e do tratamento. Outra coisa associada à doença é a queda de cabelo das pacientes. No entanto, é importante falar daquelas mulheres que enfrentaram ou enfrentam a doença com otimismo. Entre os extremos – do diagnóstico à cura – existe a convivência com essa descoberta.
Apesar de ninguém estar preparada para receber essa notícia impactante, ela não sentencia o fim das possibilidades – e quem passou por essa fase garante que há muito que aprender durante a jornada.
No início de 2019, a agente de saúde Rosane Teixeira Lage da Silva, 52 anos, foi diagnosticada com a doença. Moradora de Nova Venécia – casada com o vereador José Luiz da Silva (o Zé Luiz do Cricaré), mãe de quatro filhos e avó de quatro netos – ela contou ao Correio9 que a descoberta causou muita preocupação em toda a família. “Foi um baque para mim, mas depois passou, minha família ficou mais preocupada do que eu”, disse.
Cheia de otimismo e religiosidade, ela conta nesta entrevista como está passando pelo que ela chama de “fase”.
Correio9 – Como você descobriu a doença?
Rosane – Ao fazer o autoexame em março de 2018 eu detectei por conta própria. Era um carocinho muito pequeno e eu achei que não era nada, por isso não procurei um médico especialista. Porém, um ano depois, em março de 2019, comecei a sentir umas ‘fisgadas’ e o local queimava igual pimenta. Aí é que procurei ajuda e para minha surpresa, estava quase do tamanho de um ovo.
O médico pediu uma ultrassonografia e eu fiz. Em seguida fiz uma mamografia e depois uma biópsia. Aí começou o tratamento.
Correio9 – E como foi que você recebeu o diagnóstico?
Rosane – No momento em que recebi foi um baque, mas saí tranquila do consultório. Não internalizei o problema e fui a busca de tratamento. A doença não me derrubou. A gente tem que enxergar a força que tem e enfrentar. Me preocupei com a possibilidade de a doença se alastrar, mas com ela em si, não.
Correio9 – Depois disso, como foi e está sendo a convivência com o tratamento?
Rosane – Primeiro pedi ajuda em orações, na Igreja Batista, que frequento. As pessoas que me ouviram ficaram impressionadas com a maneira natural que expus o assunto. Eu sempre falei naturalmente, sem drama. Também, não pesquisei na internet sobre o assunto. Me detive, apenas nas palavras dos médicos. Confiei neles.
Falei com a minha mãe: Vou me tratar e vou ficar bem, vou ver meus netos crescerem.
Mantive minhas atividades na igreja onde sou líder de música, e, também, na Escola Dominical.
Continuei conversando com meus amigos; não deixei de sair de casa, ponho um lenço na cabeça e vou, não tenho vergonha de estar carequinha (disse aos risos).
Correio9 – E o tratamento em si como está sendo?
Rosane – Comecei a fazer quimioterapia no dia 10 de abril deste ano (no Hospital São José, em Colatina). Foram oito sessões, é muita química, causa enjoo, desconforto, perda de apetite. Tem dia que dá vontade de comer, outro não. Mas, mesmo sem vontade, eu me alimentava. É muito importante cuidar da alimentação. A dieta é fundamental, é preciso evitar frituras, por exemplo.
A quimioterapia busca estabelecer algum controle sobre o tumor. Ela pode deter o crescimento ou até diminuí-lo; é um processo de preparação para a cirurgia. A quimioterapia maltrata muito o organismo. No entanto estou otimista, a chance de cura é de 100%.
Correio9 – Vai passar por cirurgia?
Rosane – Devo fazer a cirurgia entre a primeira e a segunda semana de novembro. Não sei se vai ser necessário retirar toda a mama, ou parte dela. O que posso lhe afirmar é que estou preparada, eu coloco a minha vida, a minha saúde, a minha família; tudo nas mãos de Deus.
Correio9 – Que conselho você dá a mulheres que estão enfrentando o mesmo problema?
Rosane – Não se sintam doentes, eu não me sinto, estou passando por uma fase, e depois disso, vou ficar bem. É preciso buscar ajuda e enfrentar.
Não se preocupem com queda de cabelo, porque cai, mas, depois cresce. É importante não se entregar porque isso não ajuda nada. Não é fácil, mas, é muito importante contar com as pessoas à sua volta. Mas, pessoas positivas, não aquelas que trazem reforço negativo.
Todos os exames que fiz eu clamei a Deus o tempo todo. Durante todo o procedimento Deus estava comigo. Sem Deus eu não sou nada, sou uma mulher de fé, e Ele já me ajudou até aqui. Conto inteiramente com a minha família que está me ajudando muito. É preciso enfrentar para dar tudo certo!
Oito sintomas de câncer de mama que vão muito além do nódulo
APRENDA a identificar sintomas do câncer de mama que vão muito além do nódulo.
Mudança na textura da pele, nos mamilos, na cor e muito mais. Aprenda a identificar sintomas do câncer de mama que vão muito além do nódulo.
Quando se pensa nos sintomas do câncer de mama, a primeira coisa que vem à cabeça é o nódulo no seio, que pode ser identificado no autoexame, feito em casa; ou pela mamografia. Embora esse seja o sinal mais conhecido desse tipo de câncer, a verdade é que o nódulo é um sintoma do estágio inicial do problema e que realmente ajuda no diagnóstico e no sucesso do tratamento, caso seja identificado logo no início.
No entanto, existem muitos outros sintomas do câncer de mama que precisam ser conhecidos e que, em muitos casos, indicam um estágio mais avançado do problema. Alterações no formato das mamas, na textura, na cor e na temperatura são bons exemplos disso e que pouco se ouve falar por aí.
Abaixo, estão listados alguns desses outros sintomas que podem ajudar a identificar o câncer de mama.
Mas, como explicam os especialistas, a melhor forma de prevenção é fazer o acompanhamento periódico da saúde, fazer a mamografia sempre que solicitado por um médico e estar atenta às mudanças no corpo.
Conheça 8 sintomas de câncer de mama que vão muito além do nódulo:
1. Formato e tamanho alterados
O tumor afeta o tecido mamário e acaba deformando os tecidos em sua adjacência. Isso pode fazer com que a mama cresça, pelo inchaço; ou diminua, devido à retração do tecido.
O formato também pode sofrer alterações, ficando afundado na parte acima do tumor ou até mesmo causando fibrose local, ou seja, degenerando as fibras das glândulas mamárias.
2. Dores, vermelhidão e calor
Outros dos sintomas do câncer de mama são os que indicam o processo inflamatório.
Por isso, fique atenta caso as mamas mudem de cor, ficando avermelhadas, se as dores típicas do período menstrual se prolongam e se existe a sensação de calor na pele dessa região.
3. Pele com textura de casca de laranja
Se você perceber que a textura da pele da mama se alterou, ficando irregular como uma casca de laranja, procure um médico.
Esse é um dos principais sintomas do câncer de mama inflamatório, que se manifesta obstruindo os vasos da pele da região.
Também é comum que esse sintoma seja acompanhado de vermelhidão e inchaço.
4. Feridas ou crostas nos mamilos
Úlcera na pele também é um dos mais visíveis sintomas do câncer de mama. Por isso, fique atenta às feridas ou crostas que surgirem nessa região.
5. Coceira frequente
Se for uma coceirinha de nada, pode não significar nada, mas coceira recorrente na região dos seios pode ser um dos sintomas do câncer de mama.
Conforme os especialistas, isso significa que o tumor ainda não tenha conseguido um grau de penetração grave nos tecidos e se exteriorize dessa forma.
6. Inversão do mamilo
Quando se trata de um tumor atrás da aréola, a pele fica repuxada nessa região e pode acontecer do mamilo se inverter.
Isso acontece com o afundamento da pele (como já foi mencionado), só que nessa localização em específico.
7. Presença de secreções ou sangue
Fluídos amarelados ou com a presença de sangue podem ser liberados pelos seios. Mas, calma, esse não é um dos mais graves sintomas do câncer de mama.
Na verdade, esse sinal só indica que o tumor está nos ductos mamários e que o câncer está em estágio inicial.
8. Nódulos e inchaço nas axilas
Esse sim é um dos sintomas de câncer de mama que merecem um pouco mais de sua atenção e uma visita urgente ao médico. Quando nódulos surgem nas axilas quer dizer que o câncer está fugindo pelo gânglios linfáticos e que já está um tanto avançado.
Ao identificar algum desses sintomas, não deixe de consultar um especialista e, mesmo se não identificou nenhuma anormalidade nas mamas, não deixe de fazer a visita periódica ao se ginecologista!
Como é feita a Radioterapia?
Radioterapia é um tipo de tratamento que utiliza radiações ionizantes para atingir determinadas células, impedindo seu aumento ou causando sua destruição. Assim, é utilizada em tratamentos de cânceres, hemorragias, dentre outros.
De acordo com o estado de saúde do paciente, localização e tamanho do tumor, o número de aplicações é definido. Por meio de radiografias, a equipe médica delimita a área a ser tratada, e o indivíduo recebe tais aplicações em contato direto com o aparelho (braquiterapia ou radioterapia de contato), ou afastado deste (radioterapia externa) – de acordo com a indicação definida para cada caso. Há situações nas quais é necessário o tratamento com estes dois tipos de contato.
Geralmente é feita uma sessão por dia, durante os cinco dias da semana, com duração que varia entre cinco e vinte minutos; com intervalos programados pela equipe.
Infelizmente, quando um indivíduo recorre à radioterapia, pode sofrer sintomas desagradáveis, como cansaço, perda de apetite e irritação da pele. Assim, para driblar estes problemas, deverá diminuir suas atividades diárias, descansar nas horas livres, comer pouco, ingerir alimentos leves, fazer caminhadas antes das refeições, proteger a pele da luz solar e mantê-la sempre hidratada, não tomar banho com água quente e não coçar a região que recebeu as radiações. Febre, dificuldade respiratória, visão dupla ou borrada, sangramento e dificuldades de controlar a urina são manifestações que também podem ocorrer, devendo o paciente recorrer à ajuda médica de forma imediata.
Hormonioterapia: para que é indicada?
A hormonioterapia é uma das formas também utilizadas para tratar pessoas com câncer. O corpo humano é feito de trilhões de células e todas elas trabalham juntas para manter a vida do corpo. Entretanto, elas precisam se comunicar para que tudo isso ocorra da melhor forma possível. Isso é feito através de substâncias naturais chamadas de hormônios. Muitos cânceres surgem em locais que são estimulados normalmente por estes hormônios, como a mama e a próstata. Mas as células do câncer usam estes hormônios para estimular o seu crescimento e avanço. A hormonioterapia é um tratamento que utiliza remédios para bloquear a ação desses hormônios e evitar que eles estimulem as células do câncer a crescer. Pode ser ministrada em comprimidos ou através de injeções debaixo da pele.
Quando e para quem é indicada?
A hormonioterapia é principalmente usada no tratamento do câncer de mama e da próstata. Nestes cânceres, o tratamento pretende bloquear os efeitos dos hormônios masculinos (como a testosterona) no homem e os hormônios femininos (como o estrogênio) na mulher. Em muitos protocolos de tratamento, a hormonioterapia completa o benefício proveniente da cirurgia e/ou radioterapia, alcançando melhores resultados para o paciente. Assim como na quimioterapia, o tipo de hormonioterapia e o momento do seu uso dependerão de diversos fatores relacionados ao tumor, idade do paciente e risco de efeitos colaterais. Ela pode ser usada em um protocolo de tratamento com intenção de curar ou até mesmo para evitar o avanço da doença, quando a cura não é mais possível.
Quais são os cuidados necessários durante o tratamento?
De maneira geral, é importante que o paciente use a dosagem certa prescrita pelo médico e mantenha a regularidade do uso.
Quais são os efeitos colaterais?
Como o objetivo da hormonioterapia é eliminar o efeito de determinado hormônio no organismo, a falta deste poderá acarretar o mau funcionamento dos locais do corpo que estão saudáveis. Com isso, podem surgir sintomas adversos pela falta desses hormônios. Os mais comuns são os fogachos (ondas de calor no corpo), impotência sexual, ressecamento vaginal, perda do desejo sexual, alterações dos níveis das gorduras do sangue, ganho de peso e maior risco de entupimento das veias das pernas (trombose).
Como amenizar os efeitos colaterais?
Tentar manter a rotina de vida evitando esforços físicos exagerados pode ajudar a manter o bem-estar durante o tratamento. Realizar uma atividade física leve, pelo menos três vezes por semana sob orientação médica. Nunca se esqueça de tirar todas as dúvidas com o médico sobre a doença. Isso ajuda no entendimento do que vem pela frente e contribui muito para a segurança e o bem-estar durante o tratamento.
Quimioterapia: o que é e como funciona?
A quimioterapia é um tratamento que utiliza medicamentos que visam à destruição das células doentes que formam um tumor.
O método consiste na aplicação de medicamentos para combater as células que formam os tumores dos canceres. É importante ressaltar que a aplicação de vários medicamentos na corrente sanguínea durante a quimioterapia é essencial para o tratamento, pois dessa forma cada medicamento age em etapas diferentes do crescimento do tumor, combatendo-o e impedindo que ele se espalhe para outras partes do corpo.
Dependendo do caso e do estágio do tumor, a quimioterapia pode ser o único tratamento prescrito, mas também pode estar associada com outros tipos de tratamento, como radioterapia e/ou cirurgia. A duração do tratamento depende do tipo de câncer e do estágio em que a doença se encontra. Durante o tratamento com a quimioterapia, o paciente pode manter sua rotina diária normalmente.
A quimioterapia é um tipo de tratamento que pode ser feito de diversas formas:
• Via oral: através de comprimidos, cápsulas e líquidos;
• Via intravenosa: os medicamentos são aplicados na veia através de cateteres, injeções ou misturados ao soro;
• Via intramuscular: são dadas injeções no músculo do paciente;
• Via subcutânea: os medicamentos são aplicados através de injeções sob a pele;
• Via intracraneal: as injeções com os medicamentos são aplicadas por um enfermeiro ou médico no líquido da espinha dorsal. É um método pouco utilizado;
• Uso tópico: os medicamentos são aplicados na forma de líquido ou pomada nos locais onde há lesões.
Pacientes que fazem quimioterapia podem ter alguns efeitos colaterais, como:
• Queda de cabelo e outros pelos do corpo;
• Fraqueza;
• Diarreia;
• Perda ou aumento de peso;
• Aftas na boca;
• Náuseas e vômitos;
• Tonteiras.
Durante o tratamento com a quimioterapia, algumas dúvidas podem surgir, como:
• Posso tomar outros medicamentos durante a quimioterapia?
Todo e qualquer problema de saúde que leve à ingestão de outros medicamentos deve ser informado ao médico.
• O paciente tratado com quimioterapia pode ingerir bebidas alcoólicas?
A ingestão de bebidas alcoólicas é permitida desde que em pequenas quantidades, sendo que não poderá haver ingestão de qualquer bebida alcoólica dias antes ou depois das aplicações de quimioterapia e se o paciente estiver tomando outras medicações prescritas pelo médico.
• Por que algumas mulheres apresentam alterações no fluxo menstrual durante a quimioterapia?
Por vezes as mulheres podem ter um aumento, diminuição ou até mesmo ausência da menstruação. Em qualquer um desses casos o médico deverá ser comunicado.
• Posso fazer algum tipo de tratamento dentário enquanto estiver fazendo quimioterapia?
Qualquer tipo de tratamento dentário só pode ser feito sob autorização médica.
• O paciente que faz aplicações de quimioterapia pode ter relações sexuais?
Sim. A quimioterapia não causa impotência sexual, sendo que o que pode levar o paciente a não ter relações está ligado à parte emocional e não física. A mulher precisa ter cuidado para não engravidar, pois os medicamentos da quimioterapia podem causar má-formação no feto.
O paciente em tratamento que tiver febre por mais de duas horas, apresentar manchas vermelhas pelo corpo, dor ou ardência ao urinar, dores pelo corpo inexistentes antes do tratamento, sangramentos que não param, falta de ar ou dificuldade em respirar e diarreia por mais de dois dias, deverá procurar o hospital imediatamente.
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