Por Marcos Antonio Burgarelli
Estreante no Congresso Nacional, é nítida a representatividade positiva do senador Marcos do Val para o Espírito Santo. O Estado tem sido protagonista em assuntos importantes para o Brasil, como poucas vezes antes houve no Congresso.
Sua articulação é, inclusive, de nível internacional, reflexo da sua atuação como instrutor de policiais ao redor do mundo, especialmente nos Estados Unidos, na Swat americana.
Do Val começou seu mandato como relator de uma importante matéria, que é o decreto das armas, que mesmo revogado pelo presidente na última terça (25), teve em seu lugar outros decretos editados (9.844, 9.845 e 9.846 de 25 de junho) e um projeto de lei (e PL 264, de 25), para tratar de forma diferente o tema.
Esse e outros assuntos você confere agora nesta entrevista concedida ao jornalista Marcos Antonio Burgarelli, do PortalExtra, site de notícias do jornal Extra Noroeste, na tarde desta quarta-feira, (26).
Como o senhor enxerga Brasília por dentro, agora que pode conviver com todas as faces da política no dia a dia?
MARCOS DO VAL – Chegando em Brasília – estou aqui há quatro meses – primeiro o que me chamou a atenção foi o nível técnico, profissional, de conhecimento dos servidores do Senado. É algo impressionante. Me senti muito seguro com essa equipe.
A segunda coisa que percebi é que outros senadores com o mesmo perfil que o meu, que estão chegando agora na política, ou que até tinham alguma experiência política, mas chegarem pela primeira vez no Senado. Nós nos posicionamos, até inclusive na eleição do presidente do Senado, nos juntamos para ter um protagonismo, mostrar que os novos chegaram para fazer diferente. A própria estrutura em Brasília acolheu isso, essa mudança, essa alteração que a sociedade representou e colocou nas urnas.
Para quem está fora de Brasília, a sensação que se tem é que todos que estão aqui tem o interesse de saquear, tem interesse de tirar vantagens, mas não é assim. Graças a Deus, chegando aqui percebemos que tem muita gente boa, muitos políticos determinados em fazer um trabalho excepcional para o país, para os brasileiros. Eu digo a todos que não percam a esperança, que a gente vai em breve conseguir mudar essa trajetória do país e, nas próximas eleições que a gente possa renovar ainda mais para isso ganhar velocidade. Fiquem tranquilos pois em Brasília tem sim, muita gente empenhada, muito dedicada, abdicando de estar com a própria família em prol da sociedade brasileira.
Como está acompanhando a pauta da reforma da previdência e sobre isso, a articulação do Governo com o Congresso?
MARCOS DO VAL – Quanto ao acompanhamento da pauta da previdência, enquanto ela está tramitando na Câmara dos deputados, ficamos de certa forma limitados em dar algumas opiniões mais técnicas sobre esta questão. Mas o que eu tenho percebido é que passou a ser um desejo da sociedade e, uma coisa que me impressionou foi isso. Movimentos da sociedade indo para as ruas, pela importância da reforma da previdência. Isso para mim foi algo que eu não poderia imaginar e tem mexido muito com o parlamento a importância dada pela sociedade, pois era uma pauta que nenhum governo queria pegar, uma pauta que para visão política seria totalmente negativa, mas que a sociedade entendeu a importância e, o atual governo tem reforçado que o Brasil só vai crescer com a provação da reforma da previdência. Todo mundo está entendendo que cada um precisa participar, para podermos ter um país melhor para nossos filhos e netos. Vamos aguardar chegar aqui no Senado, para darmos uma opinião mais técnica e dessa forma falar com mais propriedade.
Na sua atuação junto aos seus eleitores, com os capixabas, como tem mantido o relacionamento, como tem trabalhado com as redes sociais, para disseminar pontos importantes do seu trabalho?
MARCOS DO VAL – As redes sociais foram importantes para minha chegada no congresso. Os eleitores, os seguidores, todos que participaram da minha campanha, viralizaram nossos materiais de campanha, tudo digital, pois não tínhamos orçamento, não fizemos campanha com verbas partidárias e, foi tudo praticamente via rede social o engajamento da sociedade capixaba.
É um dever fazer com que essas pessoas que já me seguiam nas redes sociais, que participaram da minha campanha nas redes sociais, continuem agora me acompanhando como senador, acompanhando o mandato. Estou aqui representando não apenas esses seguidores das redes sociais, mas todos os capixabas e os brasileiros. As redes sociais são um canal que facilita muito a interlocução. Podemos ouvir diretamente do povo, quais são as demandas, dificuldades ou facilidades, ou ideia sobre o melhor cenário.
Vou continuar fazendo com que as redes sociais sejam esse canal direto com meus eleitores, com todos os brasileiros, que nos ajudam a nortear os desejos da sociedade. Meu mandato tem foco naquilo que a sociedade mais precisa, tenho como espinha dorsal a necessidade dos capixabas, de toda a sociedade.
O senhor defende que a segurança pública precisa ter outro foco, que não seria a segurança em si, mas todo um contexto que sua melhoria envolve. Nos fale um pouco do seu ponto de vista sobre esse tema.
MARCOS DO VAL – Até durante a minha campanha coloquei bastante o assunto, até pelo fato de ter uma experiência internacional, temos um olhar diferente do que temos no Brasil. Segurança pública não se faz com tiro, facada e bomba. Temos que trabalhar com a restruturação da família, trabalhar a educação, a geração de emprego e renda, a alteração do código penal, reestruturação do sistema penal brasileiro, projetos sociais. Precisamos fazer trabalho em todas as áreas. Muita gente acha que o fato de permitir o cidadão estar armado já resolve parte do problema da segurança pública. Contribui, mas não com valor expressivo. Não podemos achar que só entregando arma ao cidadão irá resolver. Às vezes na cultura negativa de alguns brasileiros ao consumirem, comprarem produtos falsificados ou até mesmo roubados, são atitudes que alimentam o crime. Bandidos roubam, pois sabem que têm pessoas que querem comprar, assim também, com peças de carros, etc. Precisamos nos responsabilizar pelos nossos atos.
Ao dizer muitas vezes frases do tipo “bandido bom é bandido morto” acabamos por dar validade ao policial, por exemplo, de cometer excessos, fazendo com que o bandido também queira enfrentar, se armar mais, gerando assim mais violência. A mudança tem que acontecer como um todo, em todos.
Defender o combate à violência e estar à frente da pauta do armamento da população, é algo que para alguns pareça contraditório. Como o senhor esclarece para o seu eleitor e para a população, não confundir, as duas pautas.
MARCOS DO VAL – Armar a população, como já dissemos na questão anterior, ajuda, mas não é responsável e jamais seria a solução de combate à violência no Brasil.
Quando temos uma população que obedece e teme a lei, ela passa a ser aliada da polícia. Nenhuma lei conseguiu desarmar os criminosos. Qualquer lei que restrinja, que dificulte o acesso ao cidadão que teme a lei, a um equipamento que possa proteger a sua vida, só vai prejudicar o cidadão e facilitar a vida dos criminosos. Até tenho perguntado se alguém conhece alguma lei no planeta que faça um criminoso devolver uma arma. Com não há, precisamos seguir com o que conhecemos, experiência que pude ter em diversos países.
O cidadão armado, em sua casa, com a posse, passa a ser um aliado da polícia. Faço a comparação com um extintor de incêndio, que é a primeira resposta até a chagada dos bombeiros, a arma é a primeira resposta até a chegada da polícia.
O que a pauta das armas significa para o Brasil e para o Espírito Santo? Quanto à posse e porte de armas em propriedades rurais, vamos avançar na segurança conquistando esse direito?!
MARCOS DO VAL – É notório que a polícia não consegue estar em regiões isoladas, sítios, fazendas. E qualquer crime não teria tempo hábil para ação policial. Então, é uma pauta que todos concordam, mesmo os contrários ao governo Bolsonaro, que é necessária a posse, para proteger suas residências, mas também toda a área rural. Sou favorável exatamente por isso, pela distância que as pessoas estão do socorro da polícia.
Porém, facilitado para área rural e facilitado para a cidade, essa ideia de que todo mundo vai ter acesso é uma ideia falsa. O decreto que estava em vigor e que agora caiu só relacionava as profissões que podiam ter acesso. O processo para posse e porte é ainda difícil, comprovando necessariamente uma efetiva necessidade, comprovando o indivíduo de nunca ter respondido processo criminal, ter mais de 25 anos, residência fixa, passar pela prova de tiro da polícia federal e avaliações psicológicas. É importante todos esse procedimento para que pessoas que não tem condições e controle emocional adequado para tê-las. A posse para pessoas em propriedades rurais, eu sou favorável e até mesmo toda a oposição é favorável.
O senhor tem aderido a muitas pautas do governo Bolsonaro e, nos corredores do Congresso visto com o filho do presidente, seu colega senador Flávio Bolsonaro. Como é essa relação, se existe? Ele é visto como um bom articulador no Senado e, seria um parceiro sem dúvidas, em pautas relacionadas à segurança pública? Fale-nos sobre isso.
MARCOS DO VAL – Coincidentemente algumas pautas do governo são pautas que transitam na minha área profissional, área da segurança pública, bandeira inclusive na qual o presidente Bolsonaro foi eleito, um desejo da sociedade brasileira, mais do que educação e saúde, que continuam importantes, mas a segurança pública se tornou prioridade.
Por ser um meio que transito há mais de 20 anos e agora aqui no Senado, é o motivo pelo qual essas pautas e algumas relatorias, até mesmo o pacote anticrime entre outras têm vindo para minhas mãos. Não estou dessa forma declarando de forma oficial apoio ao governo e, também não sou contra o governo.
Estarei sempre atendendo a demanda dos capixabas e dos brasileiros. Teremos pautas que estarei contra. Naquelas que a sociedade capixaba entender que não vão ajudar os capixabas em algum aspecto, eu defenderei os interesses dos capixabas.
Ameaças ao senhor e à sua família foram feitas assim que o seu nome teve destaque no apoio ao pacote anticrime do ministro Sérgio Moro e, sendo relator do decreto das armas. Um destaque que incomodou o crime. Como tem convivido com isso e qual sua motivação em enfrentar mesmo sofrendo esse tipo de ataques?
MARCOS DO VAL – Exatamente por eu estar chegando, sendo um político novo e tendo nas mãos relatorias importantes dentro de pautas polêmicas, como a questão das armas, a alteração do código penal, combate à corrupção, nosso trabalho acaba tendo destaque.
Eu previ que passaria a estar numa vitrine. Temos pessoas que aplaudem e, outras que não aplaudem e tentam de tudo para que percamos a força política, como diz a frase “quando você não pode derrubar o argumento você derruba o argumentador”. Isso acaba fazendo com que a família também sofra.
A gente realmente fica sentido pela família pagar esse preço. Sabemos que tudo isso faz parte desse jogo, mas nada disso vai me fazer recuar, pois essa posição que os capixabas me deram é de muita responsabilidade.
Peço que as pessoas não me avaliem em quatro meses, mas me avaliem no final, depois dos 8 anos de trabalho, que possam então fazer uma avaliação do que eu como senador da República, senador do ES, poderei fazer pelo estado e pelo país.
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