Elias de Lemos (Correio9)
“Nossa como é difícil falar da gente né! É complicado. Trabalho com artes há muito tempo, talvez há uns 25 anos”. É assim que a artista veneciana, Léia Ramlow Zanol, formada em artes visuais começa a conversa com o Correio9. Atualmente ela trabalha em um projeto que define “como a realização de um sonho em um sonho antigo”. O trabalho objetiva “ser uma artista da terra”.
Esta semana, Léia apresentou um “aperitivo” da proposta. Ela divulgou, em suas redes sociais, uma tela que não passa despercebida por quem conhece Nova Venécia. A obra, em óleo sobre tela, é uma pintura de 70×100. A artista a define como “uma arte surrealista cujo objetivo é demonstrar a construção e junção de elementos da nossa terra, Nova Venécia”.
“Os elementos que inspiraram a construção são monumentos históricos e paisagísticos de Nova Venécia, como a Pedra do Elefante, a Gameleira, as escadarias do Santuário da Mãe Peregrina e o café, enfatizando a força e a união do povo e demostrando que juntos somos mais”, diz a artista.
Segundo ela, “uma arte que demonstra a sensibilidade e a maneira de expressar meu sentimento. Sou apaixonada pelo realismo e o surrealismo eu fiz com o intuito, apenas, de ajudar as pessoas a desfocar dos acontecimentos diários. Por isso, resolvi postar”.
A tela é permeada por espontaneidade, sonhos, inconsciência e ausência de lógica. Funde os elementos de maneira provocativa, foge ao controle da razão e faz um mergulho na mente humana: o que é? O que, de fato existe? O que pode ser criado? A natureza cria e a mente humana transforma!
Outra observação importante, e notória, é o automatismo capaz de promover o subconsciente a se desvencilhar do controle consciente para, assim, criar e contemplar a arte subjacente.
O que é Surrealismo?
A palavra “surrealismo” foi cunhada pelo poeta francês Guillaume Apollinaire, em 1917. No entanto, o início desse movimento aconteceu anos mais tarde, em 1924, em Paris, quando seu pupilo, André Breton, um poeta e escritor francês, registrou essa corrente.
Além de artista, André Breton foi um profundo estudioso da mente humana. Logo, o surgimento desse movimento teve como principal marco a publicação de seu Manifesto Surrealista. Assim, ele nasceu com o objetivo de libertar o pensamento das amarras tirânicas da racionalidade, do que está pronto e pode ser visto por todas as pessoas.
Colocando a imaginação e a sua fluidez acima da lógica e dos sentidos, a arte surrealista contou com um conceito bastante metafórico. A frase, de André Breton, mostra a valorização do simbolismo nessa corrente: “O homem que não consegue visualizar um cavalo galopando sobre um tomate é um idiota.”
Vale destacar que o abstracionismo presente na arte surrealista não conquistou a unanimidade entre os artistas desse movimento. Isso porque muitos deles acreditavam que representar a realidade de um mundo físico poderia ser uma forma mais eficaz de expressar a arte. Afinal, ficaria mais fácil para o espectador fazer associações com o factível do que com uma realidade mais profunda, inconsciente e introspectiva.
Principais artistas do surrealismo
Embora o Surrealismo seja mais associado a figuras excêntricas como a de Salvador Dalí, outros importantes representantes do movimento surrealista também se destacaram,
Nascido na Espanha, Salvador Dalí é, sem dúvida, um dos grandes mestres e figuras mais lembradas da arte surrealista.
Seus trabalhos expressavam combinações bizarras que exprimiam a paranoia, alucinações e o mundo dos sonhos. Com elevada qualidade técnica, o surrealismo de Salvador Dalí marcou a história da arte. Mas teve outros!
Nascido na Bélgica, René Magritte foi um dos principais artistas surrealistas de seu tempo. Suas peças instigam e perturbam ao mesmo tempo. O artista criticava o automatismo, pois o considerava pouco autêntico. Logo, extrapolou os limites do mundo onírico, explorando ilusões e conceitos subjetivos, e confundindo a mente de seus observadores.
Já o espanhol, Joan Miró, além de pintor, foi um importante escultor, gravurista e ceramista. Com trabalhos que se tornaram ícones da estética surrealista, promovia a fluidez do subconsciente, o sonho, a alucinação e a fantasia.
Por outro lado, o francês, André Masson também se destaca entre os principais artistas do surrealismo. No entanto, por estar fortemente comprometido com a liberdade artística, o artista valorizava mais a criatividade do que os rótulos.
Importantes técnicas surgiram com, Max Ernst, nascido na Alemanha, foi um pintor surrealista que criou importantes técnicas, como a “frottage”. A arte frottage é um método surrealista e “automático” de produção criativa. Assim, produziu peças que chocaram a instigaram. Provocativo, o artista não tinha receio em criar e gerar controvérsia. Assim, seu trabalho exibia sensualidade, erotismo, natureza e religião.
Inegavelmente, a arte surrealista não é óbvia e promove bastante reflexão. Suas obras chamam a atenção por instigar o subconsciente.
Exposição de obras
O “sonho antigo” – ao qual Léia se referiu no início desta reportagem – é a realização de uma exposição retratando o conjunto da junção de elementos históricos, paisagísticos e antropológicos que definem a formação do que é Nova Venécia. Ela revelou que está trabalhando em um projeto cuja construção não tem prazo definido para concluir.
No entanto, ela almeja realizar uma exposição com um conjunto de telas que, se considerada a que foi apresentada esta semana, retratando e fundindo pensamento e realidade, valerá a pena!
Em sua página pessoal no Facebook, a imagem do quadro postada por Léia nesta semana recebeu centenas de curtidas e dezenas de comentários, todos elogiando a criatividade e técnica da artista.
Quem quiser acompanhar seus trabalhos é só seguir no Instagram: @leiaartedesenhos.
- Esta matéria, na parte que fala dos principais autores surrealistas, conta com informações de pesquisa na Barsa Universal.
VEJA ABAIXO OUTROS TRABALHOS DA ARTISTA LÉIA RAMLOW ZANOL:
Comente este post