Há pouco menos de um mês a população de Nova Venécia sentiu a presença de um novo personagem no cotidiano da cidade. A grande quantidade de grilos vem alastrando comentários pelas ruas da cidade e nas redes sociais. Os bichos estão por toda a parte, sejam nas casas, avenidas, logradouros públicos, igrejas e um sem fim de denominações.
Pela cena atípica que ronda o município, o Correio9 ouviu os entomologistas (ramo da zoologia que estuda os insetos), do Incaper, César Fanton e Renan Batista Queiroz, além do engenheiro agrônomo do órgão, Felipe Maia, que relataram haver situação parecida nos municípios de Vila Pavão, Barra de São Francisco, São Mateus e Pinheiros.
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Tecnicamente relatam que pode estar ocorrendo a combinação de alguns fatores para o aumento da população na área urbana, como clima favorável (que pode ser uma decorrência do longo período seco que se revela), escassez de alimento (poucas plantas silvestres ou espontâneas também devido à seca) e em ponto pacífico, a diminuição de predadores no habitat natural e a sua ausência no meio urbano, que são lagartos, sapos, roedores, aranhas e pássaros, principais controladores naturais de grilos.
César Fanton – O entomologista do Incaper entende que é preciso ter paciência para não haver uso indiscriminado de inseticidas.
“A recomendação para o caso é paciência. O uso de inseticidas para uso doméstico-sanitário é possível, mas acredito que venha a provocar eliminação ainda maior de predadores que vão ingerir grilos intoxicados, mas que ainda não morreram. Pela dinâmica de acumulação de inseticida ao longo da cadeira alimentar, o uso de inseticidas pode acabar eliminando predadores”, relata Fanton.
Felipe Maia – O engenheiro agrônomo do Incaper disse que pelo fato dos grilos serem herbívoros, poderão causar problemas em hortas e viveiros de produção de mudas.
O engenheiro agrônomo do Incaper de Nova Venécia, Felipe Maia, diz que no sentido da agricultura, os grilos, que são herbívoros podem causar problemas em hortas e viveiros de produção de mudas e que por isso ocorrem eventualmente registros de aumento de população podendo causar danos em algumas culturas.
Outra informação passada pelo órgão, através do entomologista Renan, os bichos não picam ou mordem as pessoas. “Não tenho conhecimento de transmissão de doenças. Já vi registros de ocorrência de fato semelhante em cidades do Nordeste – Piauí, Sergipe e Pernambuco”, informa.
Renan Queiroz – “Os bichos não picam ou mordem as pessoas. Não tenho conhecimento de transmissão de doenças”, pontuou.
A situação anormal no meio urbano instigou a advogada Rayana Fleger Secchin, que mora no Bairro Margareth, em Nova Venécia. Segundo revela, a percepção da quantidade de bichos começou há uma semana e que a população vem sofrendo com a situação. “Eles estão em todos os lugares,nas ruas, jardins, árvores e dentro de nossas casas, principalmente no período da noite, quando eles nos agraciam com uma melodia irritante atrapalhando qualquer tarefa que desejamos fazer, inclusive dormir”, resigna-se.
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Rayana Secchin – A advogada disse que até o ‘canto’ dos bichos atrapalha nas coisas mais simples, como dormir.
A advogada diz que nunca viu situação semelhante, principalmente durante o outono. “A quantidade de grilos na cidade nos deixa preocupados tendo em vista que essa situação é algo incomum que está acontecendo na natureza e esse desequilíbrio pode trazer transtornos que vão além do incômodo com o pequeno bichinho”, pontua.
Para ela, alguma autoridade deveria se posicionar diante da situação ou pelo menos informar a população sobre como combater e se comportar diante do que está acontecendo.
Flávio Buzatto – O servidor público Flávio Buzatto contou que os grilos chegaram devagar, mas que o número de insetos aumentou consideravelmente nos últimos dias.
Outro morador do Margareth, o servidor público Flávio Buzatto conta que os grilos chegaram devagar, mas que o número de insetos aumentou consideravelmente nos últimos dias. “Eles estão aqui há cerca de uma semana, mas nesses últimos dias inundaram a cidade. Entraram nas casas dos moradores, e o povo está colocando veneno para tentar afastá-los”, relatou.
Outro morador de Nova Venécia, o gráfico José Carlos Soares reclamou do mau cheiro produzido pelos grilos e de prejuízos causados pelos insetos. “Eles incomodam muito, têm um mau cheiro insuportável e, além disso, muita gente já perdeu móveis e roupas porque eles ficam roendo”, concluiu.
N.R – A Secretaria de Meio Ambiente da Prefeitura de Nova Venécia foi contactada e disse que está analisando a situação.
Bicho pode ser vetor de doença
Existem cerca de 900 espécies de grilos ao redor do mundo.
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Com a mudança de clima algumas pragas começam a aparecer, como as de grilos, que além de serem muitos, incomodam por conta do barulho. Apesar de inofensivos, os grilos podem trazer doenças, vez que são vetores e alimentos para outros animais, explica o engenheiro florestal, Marcus Vinicius Barbosa, de Pedro Canário.
A invasão de grilos acontece tanto pela mudança climática quanto pelo desmatamento de forma irregular, sem planejamento urbano, isso faz com que esses animais não tenham para onde ir e acabam invadindo as casas.
Os grilos não transmitem doenças, contudo, como eles circulam em lixo, esgoto e demais locais impróprios, eles acabam levando em suas patas bactérias que podem causar problemas de saúde. Além disso, os grilos acabam atraindo seus predadores, como os escorpiões, aranhas e morcegos. Esses predadores invadem as casas em busca de alimento,
O grilo em si não transmite doença, mas ele é um vetor de doença, ou seja, ele dissemina a doença através das patas e podem contaminar alguns alimentos.
Algumas Sugestões para evitar essa praga:
• Manter os espaços limpos e sem acúmulo de lixo. Isso evita que grilos sejam atraídos, e consequentemente seus predadores. Outra orientação é utilizar telas de proteção, garantindo que o inseto não invada os ambientes.
• As lixeiras devem ter tampas e fazer um controle periódico de pragas, pelo menos de seis em seis meses. Essa é praticamente a mesma orientação das outras pragas, como baratas, cupins, entre outros. E se perceber que o nível de infestação está muito grande é recomendado contratar o serviço de uma empresa especializada para tentar controlar.
Saiba mais sobre os grilos:
Grilo (do latim grillus) são insetos relacionados aos gafanhotos, e mais intimamente relacionados com gafanhotos verdes e grilos do mato (família Tettigoniidae) e Wetas (famílias Anostostomatidae e Rhaphidophoridae). Eles têm seu corpo um pouco achatado e longas antenas. Existem mais de 900 espécies de grilos. Eles tendem a ser noturnos e são frequentemente confundidos com gafanhotos porque possuem uma estrutura corporal semelhante, incluindo saltar as patas traseiras. Grilos são inofensivos aos seres humanos.
Características
Somente os grilos machos produzem sons e o fazem para atrair as fêmeas para a reprodução. Para tanto, os machos possuem uma série de pelos nas bordas de suas asas, alinhados como pentes, e produzem os sons roçando uma asa contra a outra.
Assim cada espécie produz um canto peculiar que varia com a época do ano, e que é mais intenso para atrair a fêmea e mais suave quando ela já está presente e se inicia a fase do cortejo.
A fêmea possui um longo órgão ovopositor característico. Estes insetos são onívoros terrestres e noturnos. Cavam no solo orifícios com até meio metro de profundidade que terminam numa habitação circular. A entrada da toca é mantida sempre limpa porque aí se constitui a zona de canto do macho.
Existem cerca de 900 espécies de grilos ao redor do mundo e muitas vezes estes são confundidos com os gafanhotos, dos quais são bem diferentes, embora aparentados.
Sua principal alimentação é de folhas.
Animais de estimação
Em algumas culturas os grilos são tomados como animais de estimação. Na China, o pouso de um grilo em uma pessoa significa muita sorte, e em várias partes do mundo eles são consumidos como alimento.
Os grilos são encontrados em diversas partes do mundo, e a criação em cativeiro é feita há mais de mil anos em países como a China, Japão, África do Norte, e Europa Ocidental.
A maneira como eram criados antigamente lembra e muito a forma como temos nossos pássaros hoje em dia: em nossas residências, colocados em gaiolas ricamente ornamentadas, e com o mais belo canto possível.
Eram considerados amuletos de boa sorte, e por incrível que pareça criavam-se “grilos-de-briga”, que disputavam torneios tão populares como as rinhas de “galos-de-briga”.
Os adversários eram deixados por um longo período de jejum e o prêmio do vencedor era poder devorar o oponente.
Atualmente são criados em larga escala em vários países, para serem vendidos como alimento vivo em lojas de animais de estimação, como iscas para pescaria em “pesque-pagues” e como iguaria culinária em restaurantes especializados.
Grilos são insetos muito asseados, sendo fácil criá-los, mas alguns fatores devem ser considerados antes de dar início a uma criação:
– grilos fazem barulho – para minimizar esse problema, uma dica é reduzir o número de machos na caixa de criação (um macho para três fêmeas);
– necessitam de atenção diária, para se verificar a existência de água limpa e comida;
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