
O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa e o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (sem partido), marcaram um encontro em São Paulo depois do feriado. Citado por Barbosa, como o homem público do país que mais admira, o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB), disse estar disposto a ajudá-lo a montar uma aliança com vistas as eleições presidenciais de 2018: “Claro que toparia. Seria honroso estar com ele num projeto. É um líder com uma história de vida admirável num país com déficit de liderança”.
Em entrevista ao Valor, o ex-ministro disse que o governador tinha sido o único dos políticos a procurá-lo no Supremo desprovido do propósito de burlar a Lei de Responsabilidade Fiscal. Afirmou ainda que, caso entrasse na disputa, o convidaria para uma chapa. “Não reivindico nenhum papel para me unir ao ministro a não ser o de ajudar a costurar uma candidatura”, diz o governador.
Hartung enfrentou longo tratamento para um câncer de bexiga do qual teve alta em abril deste ano depois de dois procedimentos cirúrgicos. Hoje faz imunoterapia para evitar recidiva com vacinas injetadas diretamente na bexiga. Reassumiu o governo com o ritmo de trabalho anterior ao câncer. Pretende colaborar com o ex-ministro na formatação de uma agenda para 2018 que evite o surgimento de um ‘salvador da pátria’. A estampa do ex-ministro do Supremo, por outro lado, seria uma garantia de que, numa conjuntura de possível revés da Lava-jato, não haveria recuo no combate à corrupção.
O governador capixaba aguarda a conclusão da nova legislação eleitoral e partidária em tramitação no Congresso para definir a legenda à qual pretende se filiar. A lista de lideranças com as quais se encontrou nas últimas semanas está filiada ao PSDB, DEM e PSB. Entre os tucanos, avistou-se com o atual presidente do partido, senador Tasso Jereissati (CE), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o prefeito da capital, João Doria. Esteve ainda com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM) e com o ministro das Minas e Energia, Fernando Bezerra Filho, que se desfiliou do PSB e está prestes a ir para o PMDB.
A legenda mais agressiva na atração do ex-ministro Joaquim Barbosa é o PSB. O deputado Júlio Delgado (MG), um dos mais ativos na aproximação entre o partido e o ex-ministro, pondera que uma aliança com Hartung teria como obstáculo o ex-governador Renato Casagrande, principal nome do PSB no Espírito Santo.
Hartung, que derrotou Casagrande na eleição para o governo do Estado, não vê impedimento: “Se fosse fácil essa costura já estava feita. Sempre haverá situações locais a serem solucionadas, mas as lideranças responsáveis estão se dando conta de que se não se unirem o país será dominado pelo populismo de direita ou de esquerda. Só vai ter lugar para quem quiser vender terreno na lua”.
Para o governador, a agenda a ser costurada tem duas prioridades: investir em educação, tirar o país da dependência das commodities e reformar o Estado. O espectro partidário a ser reunido em torno dessa agenda, diz, ficará mais claro depois que as regras para 2018 forem votadas no Congresso. Hartung não espera mais do que o fim das coligações proporcionais e o estabelecimento de uma cláusula de barreira para os partidos mas torce ainda para que alguma regra de redução na duração das campanhas venha a ser aprovada para que se possa baratear seu custo.
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