O tempo passa, as cidades crescem e as pessoas mudam. Na vida, nada é estático. Não estamos mais nas décadas de 1980 ou 1990. Nessa década que se inicia, Nova Venécia é uma cidade diferente e não pode continuar com saudosismo e orgulho por não possuir redutores de velocidade. Talvez até possa, o que não pode é continuar de olhos fechados em relação à quantidade de vidas que estão sendo perdidas no trânsito.
É urgente a necessidade de se iniciar discussões sobre alternativas para diminuir essa tragédia que tem matado gente e fazendo famílias sofrer. Quebra-molas, faixas elevadas, radares eletrônicos, semáforos, mudanças em trechos de entrada e saída de veículos ou outras alternativas precisam ser estudadas e apresentadas.
Normalmente, os acidentes são explicados nos boletins de ocorrência como: “o motorista perdeu o controle do veículo”. Talvez essa explicação precisa ser esmiuçada com algumas perguntas: 1) o que é perder o controle do veículo? 2) quais as principais causas da perda de controle?
A partir desses questionamentos, seria possível uma ampla campanha de conscientização dos condutores. Um bom começo para respondê-las é o mapeamento dos principais pontos de incidência. Quatro desses locais são facilmente identificáveis: a reta do Bairro Aeroporto, a Rodovia do Café, que corta o Bairro São Cristóvão, o Bairro Santa Luzia e a Avenida Guanabara.
Da forma como está, corre o risco dos venecianos se acostumarem com essa rotina de mortes. Precisamos ter consciência de que sempre vai haver mais uma vítima. E mais, ela pode estar muito próxima, podendo ser um conhecido, um grande amigo ou amiga ou até mesmo alguém de dentro de nossa casa.
Muitos dizem que quebra-molas é sinônimo de atraso. Talvez sim, talvez não! Porém, se eles são necessários, é porque estamos atrasados e é importante que essa deficiência seja reconhecida porque não se resolve um problema que não se vê.
A quantidade de acidentes que vêm fazendo vítimas em Nova Venécia pode comprovar que, mesmo que não assumamos o nosso atraso, há algo errado no trânsito veneciano.
São comuns abusos de velocidade, dirigir embriagado, uso de celulares ao volante e motociclistas sem nenhuma responsabilidade consigo, nem com a vida alheia, vivem fazendo piruetas em vias públicas, empinando motos, fazendo ziguezague, pilotando na contramão, andando em alta velocidade e por aí vai.
Vale lembrar que nem todos os condutores são irresponsáveis. Mas, vale lembrar também que falta de cuidado, negligência e irresponsabilidade no trânsito não põe em risco apenas as vidas de quem conduz um veículo, mas todos à sua volta passam a correr perigo. E pior: normalmente são pessoas inocentes, sem culpa nenhuma nas ocorrências.
Não dá mais para negar a violência no trânsito de nossa cidade. Alguma medida precisa ser tomada. Sendo um assunto que mexe tanto com o orgulho veneciano, que seja aberta uma ampla discussão com a sociedade civil sobre qual a melhor saída.
Quem é radicalmente contra, que faça uma visita a alguém que tenha perdido um ente querido numa dessas tragédias, ou com alguém que carrega alguma mutilação como marca de que escapou por pouco da morte.
Se mesmo assim, a pessoa ainda não se convencer, deve aguardar a tragédia bater à sua porta e carregar o peso de sua intransigência.
Podemos até pensar que acidentes são comuns, que todo mundo morre. Porém, essas ocorrências atingem a todos nós. Aqui na Redação, convivemos com a triste realidade de ter que noticiar histórias de vidas interrompidas por mortes que poderiam ser evitadas. Acompanhamos a solidariedade das pessoas nas redes sociais e o sofrimento de familiares a amigos. Então, ninguém pode dar de ombros como se o problema não lhe pertencesse.
Para finalizar, o Correio9 não está defendendo essa ou aquela saída. Mas, a abertura do debate para que possamos sair desse problema. Não podemos pensar: morreu, morreu, enterra e vida que segue, pois o próximo pode ser qualquer um de nós.
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