O industrial Marcos Guerra é candidato a deputado federal no Espírito Santo, pelo PSL, na “Coligação em Defesa Da Vida e Da Família”. Natural do município de Colatina, Marcos Guerra tem 59 anos. O empresário fez parte do quadro de filiados do PSDB, mas, em janeiro de 2018, trocou de partido.
Marcos Guerra tem uma trajetória empresarial. Já recebeu premiações em nível municipal e estadual. Em 2014 foi eleito “Líder do Ano” em votação realizada entre seus colegas empreendedores, industriais e empresários. Já dirigiu importantes entidades como a Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) e o Sebrae.
Em entrevista ao Correio9, ele disse que quando criança dividia o seu tempo entre os estudos e o trabalho. Ajudava os pais na roça junto com os irmãos. Aos 14 anos conseguiu o seu primeiro emprego. Um pouco depois, aos 19, junto com o irmão mais velho, abriu a sua primeira empresa, que continua funcionando até hoje. Sobre trabalho, ele disse: “sempre foi, e é uma marca positiva em minha vida”. Confira a entrevista a seguir:
Correio9 – Como foi a experiência de gestão da Findes?
Marcos Guerra – Foi muito especial. Tive a satisfação de liderar um projeto que realizou investimentos em todo o Espírito Santo, principalmente na área de educação. A equipe de trabalho era excelente. Éramos mais de mil voluntários, pessoas que tem suas empresas e atividades diversas, mas que escolheram doar seu tempo à Federação das Indústrias ajudando a alavancar projetos em todo o Espírito Santo.
Eu disse que foi especial porque a educação é a base de tudo, em qualquer tempo. Num momento de crise ela se torna ainda mais importante. Por isso os investimentos que realizamos na educação são uma marca em minha vida. Sinto que cada centavo investido, cada curso, cada vaga oferecida foi, na verdade, uma oportunidade de início de carreira para um jovem e de nova chance de vida para os não tão jovens assim. E poder fazer isso é muito gratificante.
Correio9 – Você mencionou trabalho voluntário na Findes, é isso mesmo?
Marcos Guerra – Pouca gente sabe, mas o presidente, conselheiros e diretores da Findes não recebem salários. Apenas os executivos.
Aliás, tive duas chances de me candidatar à presidência da Findes. Na primeira abri mão. Mas, na segunda vez senti que estava preparado. Então escolhi oferecer meu tempo aos projetos sociais que o conjunto de indústrias do Espírito Santo financia por meio da Findes. Esse é outro aspecto que preciso esclarecer. Os recursos da Findes saem do cofre das empresas. Não é dinheiro descontado do trabalhador, como alguns pensam erradamente, mas do empregador, que retira parte do lucro das suas atividades para devolver à sociedade em forma de projetos sociais. Por isso 80% das ações do SESI e SENAI são gratuitas, e visam atender a quem mais precisa delas.
Correio9 – Você foi o primeiro presidente da Findes originado no interior do Estado. Existia algum tipo de preconceito contra os empresários do interior?
Marcos Guerra – De maneira nenhuma. Não havia preconceito. O que havia era uma tradição de que apenas empreendedores da Grande Vitória apresentassem seus nomes para a disputa da presidência da casa. Eu fui o primeiro do interior a quebrar esse ciclo.
Me candidatei porque queria trazer os investimentos da Findes para os demais municípios do Espírito Santo, para todas as regiões. Sei como posso ajudar a superar cada um deles. E a educação é uma dessas chaves.
Correio9 – Qual foi sua maior realização na Findes?
Marcos Guerra – Foram várias. Mas, eu posso fazer uma espécie de resumo. Investi na interiorização dos bons serviços prestados pela Findes, priorizando a educação, área para a qual destinei 83% dos investimentos da Federação. Foram mais de R$ 250 milhões em reformas, ampliações e construções de novas unidades em todas as regiões do Estado.
Nos seis anos em que presidi a Findes, levamos educação básica e profissional há mais de 500 mil capixabas. Para isso, além de reformar e construir unidades de ensino, ampliei uma rede de escolas móveis que trouxe grandes resultados. Trata-se de veículos adaptados para receber em suas carrocerias uma escola de educação profissional completa. Implantamos mais de 20 escolas nessa modalidade e com elas atendemos a mais de 80 mil pessoas, outro número extraordinário.
Correio9 – E por que resolveu se candidatar?
Marcos Guerra – Se você me perguntasse isso há uns três, quatro anos, minha resposta seria outra porque como todo brasileiro de bom senso estava enojado da política, especialmente na esfera nacional. Mas fiz uma reflexão e concluí que, se as pessoas de bem se afastarem de vez da política, aí é que a coisa não melhora mesmo.
Hoje me julgo preparado para disputar essa eleição, após mais de 40 anos como empreendedor e mais de 34 anos trabalhando com associativismo e voluntariado. Presidi a Findes e o Sebrae. Então consultei minha família que me apoia integralmente, ouvi alguns amigos e tomei minha decisão. Quero contribuir com a minha experiência para mudar a vida das pessoas.
Falei aqui de educação, que é a minha maior preocupação, mas tenho boas ideias para a segurança, para a saúde, me preocupo muito com o futuro dos jovens. Acredito que tapando os ralos do desperdício e acabando com os privilégios teremos dinheiro suficiente para implantar, em parceria com a iniciativa privada, uma rede de escolas profissionais que podem dar conta de preparar nossos jovens de forma adequada para o mercado de trabalho. Vejo a função do deputado federal menor do que poderia ser. Mudar isso também será um desafio.
Correio9 – Como assim, o que um deputado federal pode fazer além da sua função tradicional a que estamos acostumados?
Marcos Guerra – Há duas formas básicas de contribuir como deputado federal para o desenvolvimento dos municípios e do Estado. A primeira é destinando emendas parlamentares para os municípios. Você briga para colocar no orçamento e depois briga o dobro para fazer o dinheiro chegar, de fato, ao cofre das prefeituras.
A segunda maneira é aquela que acho indispensável: é usar a rede de articulações do parlamentar para criar projetos de desenvolvimento regional, que passam pela atração de empresas para as diversas regiões do Espírito Santo, pela criação de mecanismos interestaduais de fomento com a participação da União e o incentivo a atividades produtivas que gerem emprego e renda para as famílias. Fiz isso como presidente da Findes. Coloquei toda a energia para auxiliar na atração de empresas como a Weg Motores em Linhares, a Bertolini, em Colatina, a Marcopolo Volare e a Oxford, em São Mateus, a Itatiaia, em Sooretama, o Estaleiro Jurong e a Carta Fabril, em Aracruz e a Placas do Brasil em Pinheiros. Estes são exemplos acabados e de sucesso envolvendo uma conjugação de esforços de empresas, da Findes, do governo estadual, das prefeituras e da União. Em resumo, preparamos os jovens por meio da educação profissional, por um lado e, por outro, contribuímos para a construção de projetos de desenvolvimento regionais que ajudem a atrair novas empresas. Isso é possível fazer.
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