Elias de Lemos (Correio9)
O ex-jogador de futebol, Fabiano Eller, é candidato a deputado federal, pelo PV, nas eleições do próximo dia 7 de outubro. Em 2017 ele deixou os gramados. Agora, aos 40 anos, ele se insere na política. Natural do município de Linhares, ele se tornou atleta através da Copa A Gazetinha, pela qual foi formado.
Fabiano jogou em Nova Venécia. Depois alçou voo, sendo campeão por clubes como Flamengo, Vasco, Fluminense e, no Internacional, ganhou o título da Taça Mundial. Jogou, ainda, no Santos, ao lado de Neymar, no Atlético de Madri e na Seleção Brasileira. Ele esteve na Redação do Correio9, onde concedeu a entrevista a seguir:
O Correio9 – Fabiano, você vem do esporte, onde sempre atuou, e teve uma carreira vitoriosa no futebol. Agora está ingressando na política. O que o levou a tomar essa decisão?
Fabiano Eller – Eu parei de jogar futebol no ano passado, já tem um ano e meio e voltei a morar no Espírito Santo; estava morando em Vila Velha e vi que teria mais oportunidades de trabalhar na minha área, de esportes, no grande centro, na Grande Vitória.
Fui morar lá, e depois de oito meses, recebi uma proposta de uma deputada estadual da minha cidade, Linhares, Eliane Dadalto (PTC), e analisei a possibilidade. Levei até a minha família e conversei. Achei que seria interessante, e recebi apoio familiar.
Algumas pessoas podem dizer: poxa, você tem uma pretensão muito alta, já quer vir como deputado federal. Mas, eu vi que a maioria dos municípios não têm candidatos a deputados federais da cidade. Existe uma concorrência muito grande para as vagas de deputado estadual.
Quando eu ia comentar sobre a minha candidatura, o pessoal falava assim: ainda bem que você veio a federal, porque aqui a gente já tem o estadual da cidade. Então, eu vi que a abertura seria muito maior se eu continuasse como federal.
O Correio9 – Como está sendo para você a experiência de iniciar uma campanha eleitoral, de ir para a rua e conversar com as pessoas e pedir o voto?
Fabiano Eller – Eu comento muito com as pessoas que achei que seria mais difícil pedir voto. Mas pelo que tenho visto, não está sendo tão difícil pedir. Agora, ganhar o voto, a gente só vai saber se conseguiu, no dia 07 de outubro.
Mas, por ter sido esportista durante toda a minha vida, ter jogado em grandes clubes, as pessoas estão me abrindo muito as portas, para me escutar, para me receber, o interessante é que minha agenda está lotada, está faltando tempo para estar em certos municípios, realizando agendas, e o mais legal é que não sou eu que estou pedindo para o povo, o pessoal que está me levando, o pessoal que está me convidando para estar nas cidades.
O Correio9 – E o que você está apresentando como proposta para o eleitor?
Fabiano Eller – Todos sabem que a bandeira maior que eu carrego, é a bandeira do esporte. Não vamos fazer, somente, pelo esporte. Tenho ouvido que só vou trabalhar pelo futebol. Eu vejo que o esporte é uma ferramenta fundamental em várias áreas, na saúde, na educação, na segurança.
Se você investe no esporte e na educação – pois isso é investimento – você deixará de gastar com a saúde e a segurança pública, pois quando você bota dinheiro na segurança pública e na saúde, você não está investindo, você está gastando dinheiro.
Então assim, temos projetos, temos propostas principalmente na área do esporte, como resgatar crianças que estão perdidas nas drogas, crianças hoje que estão dentro da sala de aula e não praticam esportes. Eu fui em quinze escolas públicas nessa época de Copa, era uma pergunta que eu sempre fazia dentro dessas escolas, eu atingi cerca de três mil crianças dando palestras e era uma pergunta que eu sempre fazia para eles: quem de vocês está dentro de algum projeto esportivo? De três mil crianças, apenas cinquenta crianças estavam sendo beneficiadas com algum projeto e o resto dessas crianças, estão onde, fazendo o quê?
Nas ruas! Porque se você não tem projetos para essas crianças, elas vão para a rua, daqui a pouco estão usando drogas, daqui a pouco estão deixando de ir para a escola, porque o esporte disciplina muito, acaba estimulando o aluno a ir à escola e a estudar.
É uma situação que permite tirar as crianças da rua, de uma situação de vulnerabilidade, dando oportunidade, também, de empregos futuramente para essas crianças, e principalmente na área de segurança, tirando elas do crime.
Acabei de vir do Hospital São Marcos – a grande necessidade hoje do nosso Estado é a saúde – mas, mais importante do que prometer e falar que vai trazer recursos para a saúde, educação, segurança e esporte é ouvir as necessidades de cada região, porque, às vezes, uma necessidade daqui de Nova Venécia não é a mesma necessidade lá de Colatina; Linhares tem outra necessidade. Linhares tem dois hospitais, em Colatina são cinco ou seis hospitais, então as necessidades dessas cidades são diferentes das de Nova Venécia.
O Correio9 – Como você, como cidadão, como candidato, que está entrando nisso agora, vê o momento político atual do Brasil?
Fabiano Eller – A situação está crítica, muito crítica, mas as pessoas falam assim: o povo não quer saber de política. Eu vejo e creio que o povo quer saber de política, o povo não está querendo saber dos políticos, porque hoje as pessoas estão muito interessadas em saber mais sobre quem está na política.
Faço reuniões, as pessoas hoje saem de casa para ver, escutar, conhecer os candidatos.
Infelizmente, a imagem dos políticos hoje está muito queimada, o que mais se ouve falar hoje é o apelo por renovação, e eu venho como renovação, nunca estive no meio da política, tenho disposição para aprender, eu sempre digo que eu não falo bonito como um político que já está lá, não tenho o discurso bonito de quem já está lá, mas tem muito político que fala bonito, que sabe discursar, mas, está preso, não é verdade?
O Correio9 – Estamos chegando ao fim do nosso bate-papo, qual recado você gostaria de dar ao eleitor de Nova Venécia, para o eleitor-leitor do Correio9?
Fabiano Eller – A primeira coisa que tem que ser feita é conhecer o candidato. Saber da história de vida, saber a trajetória. Não é por eu ter jogado futebol. É preciso que o eleitor estude o candidato. Outra coisa que tenho dito bastante: meus amigos, não vendam seu voto, não troque seu voto por jogo de camisa, por bola, por leite, por gás, porque você estará vendendo a saúde do seu filho; da sua família.
Uma pessoa que compra votos com certeza vai perder o compromisso com o eleitor, vai perder o compromisso com a população. A partir do momento que alguém lhe oferecer alguma coisa, pode ter certeza que ele já pagou pelo seu voto e perdeu o compromisso com você, e você não vai poder cobrar na hora que você precisar. Você vai gastar ali seu botijão de gás em duas semanas e depois vai ficar quatro anos sofrendo, quatro anos reclamando, e você vai se esquecer de que você vendeu seu voto.
O Correio9 – Tem algo mais que você gostaria de acrescentar?
Fabiano Eller – Eu gostaria de pedir seu voto (risos).
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