Elias de Lemos (Correio9)
Era uma vez um estado muito pobre, desorganizado, desmoralizado politicamente e com altos índices de violência. Nesse estado os salários do funcionalismo público atrasavam, nunca recebia em dia. Coitados dos professores! Viviam uma luta constante, faziam greves e passavam necessidades com pagamentos que se acumulavam seis, sete, oito meses, até mais, sem receber nenhum centavo.
Esse estado era dominado por um grupo criminoso que se ramificou no Governo, Tribunal de Justiça, Assembleia Legislativa e Tribunal de Contas.
Era uma vez, pois este Estado não existe mais! Ele enfrentou a corrupção, a máfia, se organizou e vem crescendo e se modernizando ano após ano. Hoje, é um dos melhores lugares para se viver e é um exemplo para todos os demais. Este Estado é o Espírito Santo!
Se hoje o capixaba pode e deve ter orgulho do nosso Estado, nem sempre foi assim. Já passamos vergonha, e muita! Já fomos o patinho feio, o primo pobre da Região Sudeste. No entanto, a história capixaba começou a ser reescrita no ano de 2003, com o ex-governador Paulo Hartung – que iniciou uma cruzada contra a corrupção – e continuou com o seu sucessor, Renato Casagrande.
De lá para cá, o estado não parou mais, organizou suas contas e eliminou o desperdício e a malversação do dinheiro público. Com isso, recuperou a capacidade de investimento e inaugurou uma nova fase.
Com sucessivos acréscimos anuais, o Espírito Santo tem realizado investimentos em obras estruturantes, tecnologia e inovação.
Em abril de 2019, o governador Renato Casagrande (PSB) anunciou um Plano de Desenvolvimento Regional, dividido em dez microrregiões no Estado.
Foram criados nove Conselhos Regionais de Desenvolvimento nos municípios do interior. Na Região Metropolitana, as ações ficaram a cargo do Conselho Metropolitano de Desenvolvimento da Grande Vitória (Comdevit), que reúne os municípios da Grande Vitória.
Com a criação dos conselhos, o governo implantou a regionalização do desenvolvimento, evitando a concentração do crescimento e a criação de bolsões de pobreza.
Atualmente, o governo capixaba tem o maior programa de investimentos e projetos de sua história.
O Plano de Investimentos Públicos (PIP), anunciado pelo governador em 2021, contempla áreas estratégicas para o desenvolvimento. São elas: Segurança Pública; Assistência Social; Saúde; Educação; Cultura; Justiça, Direitos Humanos e Cidadania; Saneamento; Infraestrutura; Ciência e Tecnologia; Agricultura; Comunicações; Esporte e Lazer; Meio Ambiente; Macrodrenagem; Turismo; Rodovias e Obras Estruturantes.
Os investimentos previstos no plano somam R$ 12,5 bilhões. Os maiores volumes são: R$ 2,2 bilhões para o Saneamento; R$ 1,2 bilhão para Rodovias; R$ 1,1 bilhão para a Educação; R$ 781,2 milhões para Macrodrenagem; R$ 609 milhões para Infraestrutura; R$ 545 milhões para a Saúde; R$ 520 milhões para Segurança Pública; R$ 391 milhões para Obras Estruturantes; R$ 376 milhões para Ciência e Tecnologia; e R$ 217 milhões para Agricultura.
Basta um olhar sincero e desapaixonado para perceber a forma como o Espírito Santo está sendo governado, com investimentos em todos os municípios do Estado.
Em Nova Venécia, nunca em sua história o município recebeu tantos investimentos por parte do Governo do Estado: asfalto da Av. Guanabara; drenagem, esgotamento e calçamento da Av. Virgílio Altoé, no Bairro Aeroporto; calçamento e drenagem do Bairro Padre Giane; calçamento rural nos distritos; investimentos milionários da Cesan em obras de saneamento e coleta de esgoto; conclusões das pontes para Cristalina e Guararema; quadras poliesportivas; recapeamento asfáltico da rodovia entre Nova Venécia a Pinheiros; e muito mais.
Porém, os extremistas têm dificuldades de perceber a realidade. Toda pessoa que já discutiu política sabe da dificuldade em debater com alguém radical e que é dificílimo convencer uma pessoa de que ela está iludida em questão ideológica. Os radicais têm certeza de tudo o que acham (isso mesmo, não pensam) e possuem confiança plena em seus dogmas. Geralmente a certeza é errada, porém, por mais evidências que possam existir, elas resistem em rever seus conceitos.
Como em todo canto do Brasil, no Espírito Santo também habitam radicais. Eles são os mesmos que apoiam irrestritamente o presidente Jair Bolsonaro. Na prática, um apoio que se converte em idolatria. Assim como os radicais da esquerda, que acobertam incondicionalmente seus correligionários, e tampam os olhos para os grandes erros e a corrupção nas gestões de Lula e Dilma.
Quando se trata de atitudes do presidente, os bolsonaristas ficam cegos e não sabem separar o joio do trigo. A máxima é: o Bolsonaro é um enviado de Deus, ele está sempre certo. Quanta sandice!
Há fanáticos por Bolsonaro que, se o presidente da República der um tapa na cara da mãe de um deles, eles o defenderão e dirão que ela mereceu. Se Bolsonaro mandar esses fanáticos se jogar do penhasco, eles pulam. Se alguém tentar explicar, eles aumentam o tom, falam alto, começam a falar de esquerda e comunismo. Para eles, quem é contrário a Bolsonaro, é esquerdista, não deseja o bem para o País, enfim, não é patriota. Não conseguem perceber a realidade!
Eles não enxergam os erros do Bolsonaro e nem os acertos de quem é contra, mesmo que não consigam justificar sua oposição. Apoiados em fundamentalismo religioso e autoritarismo, não entendem que nazismo não é de esquerda, e nem que a Venezuela chegou ao fundo do poço em que está depois de tomar o caminho que eles defendem para o Brasil.
Só veem a Venezuela de hoje sem se darem conta de que aquele caos começou em 1999, com Hugo Chávez governando com o Congresso e a Suprema Corte acorrentados por 14 anos, de 1999 até a sua morte em 2013. A situação venezuelana começou exatamente como a que se encaminha no Brasil atual. Mas, só quem estuda e tem apego pela verdade admite isso.
Sem apontar o que há de errado e tampouco apresentar uma proposta, seja para o Estado ou para os municípios em que vivem, chamam Casagrande de “comunista” e “esquerdista”, bem como aos prefeitos filiados aos partidos de esquerda ou centro-esquerda. E não importa o que o governador faça de extraordinário pelo bem da população, vão continuar menosprezando o seu trabalho, dando de ombros para a sua liderança, seu equilíbrio e a sua visão de futuro.
Erros e acertos fazem parte das atitudes e ações humanas, tanto eleitores quanto eleitos os cometem. Essa compreensão é fundamental para a purificação moral que falta ao nosso sistema político. Defender cegamente uma causa política é contribuir para a manutenção do status quo.
Todo governante pode cometer erros e o governador capixaba não está imune a isso. Nem Bolsonaro. Basta invocar a razão para concluir que no Espírito Santo os acertos são bem maiores do que supostos erros. No entanto, é preciso discernimento para apontar os desacertos e cobrar soluções. Criticar, apenas usando termos vazios não sustenta nenhuma argumentação.
O governador Renato Casagrande é um político progressista, democrata, com visão de longo prazo com projetos estruturantes e de interesse da coletividade; vê o Estado como uma integração e tem a serenidade e a capacidade de tomar decisões em momentos difíceis, como no caso de suas ações durante a pandemia.
Mas, a doutrinação engendrada na ultradireita radical tira a idoneidade cognitiva para assumir suas debilidades, perceber e separar o certo do errado e corrigir seus erros. Faz muito barulho, mas não contribui com melhorias.
Suas críticas são um atestado de patetice. Assim como acreditam que Bolsonaro é o ‘salvador da pátria’, sonham que alguém vai ‘salvar’ o Espírito Santo do comunismo (essa turma ainda está vivendo nas décadas de 30, 40, 50 do século passado). Há outros ainda que vivem nas décadas de 60 e 70, onde pedem a intervenção militar no Brasil (por incrível que pareça).
Este texto não é para criticar àqueles que votaram em Jair Bolsonaro para a presidência do Brasil, afinal, o voto é decisão soberana de cada um e muita gente acreditou que o país iria melhorar bastante. O texto joga luz no radicalismo (que existe nos dois lados), em nosso atual momento, pois é preciso enxergar além dos políticos ou dos debates miúdos que hoje tomam conta da polarização entre esquerda e direita.
O bom governante dialoga até com seus adversários, busca soluções que beneficiam a sociedade como um todo. Há a necessidade urgente de focar no desemprego, geração de renda, investimentos em segurança pública, saúde, educação, etc. São nas pautas desses interesses coletivos que as energias devem ser centralizadas.
Discutir comunismo (utopia, pois nem existe isso), voto impresso ou quaisquer outros assuntos irrelevantes não nos levará a lugar nenhum. E enquanto o debate está nesse caminho, o Espírito Santo segue fazendo bonito para o Brasil todo ver.
* O autor é economista, professor, jornalista, escritor e editor-chefe do Correio9
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