Bruno Gaburro (Correio9)
Um grupo de amigos apaixonados em escaladas saiu de Curitiba no dia 15 de agosto deste ano rumo ao município de Nova Venécia, mais precisamente ao distrito de Guararema. Movidos pelo desafio de subirem um paredão rochoso extenso e altamente íngreme, Edemilson Padilha, Valdesir Machado, Thomás Kampf e Willian Lacerda iniciaram a escalada da Pedra da Fortaleza no dia 17 de agosto. Eles somente chegaram ao solo sete dias depois.
O grupo já está acostumado com a aventura, desbravando montanhas em diversos pontos do mundo, como na Patagônia (Argentina), Venezuela, Estados Unidos, algumas são consideradas as mais difíceis, com rocha e gelo.
Em contato com a redação do Correio9, Edemilson Padilha revelou que se dedica a este tipo de escalada há mais de 30 anos. “O que a gente mais gosta de fazer é chegar ao pé de uma montanha e escolher o caminho que vamos seguir para chegar ao topo. A gente ‘inaugura’ o local, abrindo as vias, para que outras pessoas possam subir pelos lugares onde a gente passou pela primeira vez”.
A abertura de uma via é literalmente a conquista de uma parede. Quando um grupo de escaladores sobe pela primeira vez a montanha para colocar os grampos, possibilitando um trajeto para que outras pessoas possam subir a mesma montanha por aquele mesmo caminho traçado anteriormente, bastando somente passar as cordas nos apoios que foram cravados na rocha. “A gente leva uma furadeira e os grampos, que são fixados no parafuso que é alojado sete centímetros para dentro da pedra, para que não haja o risco de sair do lugar”, explica Edemilson.
A Pedra da Fortaleza é considerada o ponto mais alto de Nova Venécia, com 964 metros de altura e recebe diversos turistas que chegam ao topo através das caminhadas turísticas, que seguem as trilhas a pé pela parte de trás da pedra. Mas, para subir o nível da aventura, os paranaenses optaram pelo lugar mais difícil: o paredão. “A gente sempre busca escaladas longas e difíceis, então, a Pedra da Fortaleza proporcionou justamente o que nós buscávamos. Provavelmente ela seja uma das vias de grandes paredes mais difíceis do Brasil”, relata Edemilson, que descobriu o pico através de informações quando estava em outra expedição pela região.
Não bastasse todo esse desafio, existe um detalhe muito significativo nessa história. A modalidade de escalada praticada pelos paranaenses é a “livre”. De forma que buscam escalar sem se apoiar nos grampos ou quaisquer pontos de apoio artificiais, apenas subindo com a força dos pés e mãos se agarrando apenas aos apoios naturais que são oferecidos pela rocha, tendo a corda presa aos grampos como seu único dispositivo de segurança, para evitar uma queda em caso de acidente.
Uma escalada que dura sete dias requer momentos de descanso, que são dificultados sempre pela verticalidade das montanhas, que muitas vezes impossibilitam acampamentos e forçam os escaladores a dormirem em suas barracas penduradas nas paredes.
Com certeza essa não é uma aventura para qualquer pessoa. É necessário muito treinamento e condicionamento físico para concluir a tarefa. Toda essa dificuldade resulta em grande satisfação ao fim. “Foi preciso muito companheirismo e trabalho de equipe, mas, chegar ao cume da Fortaleza foi muito especial. Nós conhecemos pessoas que nos trataram como se fôssemos da família. Seu Alzeir Oliveira e seu filho, Eduardo, que nos deixaram acampar na frente da casa deles. Essas pessoas, assim como essa montanha, ficarão sempre guardadas com carinho em nossas lembranças”, disse Wilian Lacerda.
Além dos amigos, os escaladores contaram, também, com uma equipe de filmagem de uma produtora ligada ao canal de TV a cabo “Off”. Luis Leite fez as imagens com um drone, e Murilo Vargas, documentou a subida com imagens que serão usadas para a produção de um documentário, que ainda não tem data para ser exibido, já que ainda está em fase de produção.
Confira mais imagens da aventura:
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