Elias de Lemos (Correio9)
Bruno Gaburro (Correio9)
Em 29 de janeiro o comandante Mário Marcelo Dal Col assumiu o 2º Batalhão de Polícia Militar de Nova Venécia. Com a sua chegada, foram introduzidas muitas mudanças na forma de atuação dos militares em todos os 9 municípios guarnecidos pela Unidade.
Mais policiais nas ruas, mais viaturas e a redução de roubos e furtos são algumas das questões percebidas na cidade.
Com 26 anos de Polícia, ele já passou por outras unidades do Espírito Santo, inclusive, da cidade de Barra de São Francisco, onde realizou um trabalho de destaque.
Ele tem 49 anos, é casado, tem quatro filhos. Filho de comerciante, nasceu em Vitória, mora em São Mateus e é vascaíno, segundo ele “sofredor”. Nesta entrevista ele fala da sua gestão no Comando, das mudanças que vem introduzido e o que tem feito para motivar os policiais. Confira a seguir:
Correio9 – Como o senhor enxerga a criminalidade?
Dal Col – Quando você fala de criminalidade é preciso analisar todo contexto. O criminoso é fruto da sociedade, ele não é fruto da polícia não. A polícia não cria criminoso, quem cria o criminoso é a sociedade. Quando ele não tem educação e emprego. Ponto principal, que eu vejo nos meus 26 anos de polícia, o que eu observo que é inegável que a maioria dos bandidos é fruto da desestruturação familiar. A maioria deles não tem pai, você pega o documento de identidade e só tem a filiação: mãe. Eles não têm família, não tem estrutura familiar. O fruto disso é o aumento da criminalidade.
Correio9 – Como o senhor avalia a situação que encontrou em Nova Venécia?
Dal Col – Assim que nós chegamos havia um aumento de 250% no número de homicídios em comparação ao ano anterior. Naquele momento nós tínhamos seis homicídios na região de toda unidade do Batalhão. Em Nova Venécia nós tínhamos dois. É importante lembrar que a região é composta por nove municípios. Em relação ao ano anterior está muito alto. Eu peguei o relatório de todos os anos anteriores para fazer uma análise. Constatei que nossos números não estão assustadores, de forma alguma. Nova Venécia não está entre os municípios mais perigosos e violentos do Estado, já esteve, mas estamos há três meses sem homicídios.
Quando assumi, a primeira missão dada pelo governador e pelo comandante foi de motivar a tropa, porque nós tivemos um governo anterior de total desestímulo da Polícia Militar. Todo mundo sabe disso. Aquela queda de braço quem pagou foi a sociedade e cadê o governante, quem causou tudo sumiu. Ele causou o caos e sumiu, ficou o ônus para o novo governo reestruturar a Polícia Militar, principalmente motivar a tropa.
Tínhamos policiais que moravam aqui e trabalhavam em Montanha. Policiais que moravam em São Gabriel da Palha e trabalhavam em Mucurici, são 200 km. É como se você saísse daqui para ir trabalhar em Vitória. A primeira coisa que nós fizemos foi colocar todo mundo dentro de casa. Quem mora em São Gabriel da Palha foi trabalhar lá. Meu amigo, você mora em Montanha? Então você vai trabalhar lá. Eu não vou entrar no mérito porque isto aconteceu, mas isso é um grande desestímulo para o camarada. Sem falar no custo disso que é muito alto. O policial chega cansado para trabalhar; sem falar na viatura que consome gasolina. Hoje, ainda há um ou outro longe, mas ele tem transporte, o Batalhão dá o transporte.
Correio9 – Como está o quadro geral atualmente?
Dal Col – Este mês está elevado porque nós tivemos um triplo homicídio na região de Pinheiros, inclusive, de pessoas que não são daqui. Dos três que faleceram, dois são de Vila Velha. Nós estamos bem encaminhados na prisão dos homicidas. Eu não posso dizer nada sobre esses casos, pois está sob segredo de justiça.
Este ano registramos 31 homicídios. São 10 a mais do que no ano passado. No mês de julho (de 2016) não tivemos nenhum. O que tem gerado estes homicídios? Eu pedi para a minha sessão de inteligência levantar as vítimas e os homicidas. Vou citar alguns exemplos: em menos de um mês o filho matou o próprio pai em São Gabriel da Palha. O pai batia na mãe há 20 anos, o filho, para defender a mãe, matou o pai a facadas dentro de casa. Esse tipo de coisa a Polícia não tem como evitar. Até porque não tem registro da mãe na Lei Maria da Penha. Ela não vinha sendo acompanhada pelo programa Maria da Penha. Quando você tem um acompanhamento a Polícia pode fazer alguma coisa. Outro crime em São Gabriel da Palha neste mês: o indivíduo vinha cometendo furtos, receptação, várias passagens, criminoso conhecido na região, tinha que estar preso. A Polícia prende, mas não mantém preso, quem mantém preso não somos nós. A gente só leva para a delegacia para ser autuado. Dali pra frente não cabe mais a Polícia Militar. Aí, o que aconteceu? Um empresário de São Gabriel da Palha, vítima daquilo estava em um bar, deve ter bebido, pegou a arma e matou o cidadão que vinha cometendo ilícitos. Assim, às vezes você pensa que está morrendo por causa de droga, muita droga. Nem sempre.
Teve um homicídio em Vila Valério em que o motorista furtou gasolina do patrão, ele o matou. Está preso. Olha que coisa mais fútil, banal.
A gente tem uma média: 50% dos homicídios, dos 31, são por motivos banais. Uma mulher discutiu com a outra, duas andarilhas discutindo por causa de um andarilho, uma matou a outra lá em Vila Valério, tem a ver com droga? Não.
Correio9 – De todas as cidades da região, qual é a mais violenta?
Dal Col – Proporcionalmente? Vila Valério. Ela está entre as cinco mais violentas há 10 anos. Vila Valério fica numa divisa com Jaguaré e Sooretama. São duas regiões extremamente violentas, tanto que o município de Jaguaré é um dos mais violentos do Norte do Estado. Apresenta mais que o dobro de homicídios de Vila Valério, mas, proporcionalmente à população elas se equivalem. Sooretama é a mesma coisa.
Correio9 – O que explica isso?
Dal Col – Jaguaré, Sooretama e Vila Valério são regiões de produção de café, de pimenta; são regiões que têm muitas pessoas que vêm de fora para trabalhar. As pessoas não se conhecem. Pessoas que vêm da Bahia, de Minas Gerais, criminosos que cometem os crimes lá e vêm para cá para trabalhar na colheita.
Vila Valério já deu uma queda; aqui em Nova Venécia tem três meses que não tem homicídios.
Os furtos em Nova Venécia caíram neste mês, no mês passado aliás, porque este mês ainda não fechou.
Nós tivemos as festas das cidades, e Nova Venécia teve mais de 100 mil pessoas durante todos os dias do evento. Em São Gabriel da Palha, a mesma coisa, que não teve nos anos anteriores, graças a Deus foi um sucesso, não tivemos nenhuma ocorrência grave. As ocorrências foram comuns, furtos de veículos, furtos de celular. Com 100 mil pessoas, 120 mil pessoas, é difícil evitar isso. Em relação aos homicídios, nós temos aí em torno de 80% a 90% de elucidação junto com a Polícia Civil. Nós auxiliamos a Polícia Civil e eles nos auxiliam. Eu e o delegado estamos o tempo todo em contato, o trabalho está sendo feito.
Correio9 – E a tropa, como está agora?
Dal Col – Buscamos tratar todos da mesma forma. Do soldado até ao subcomandante, os funcionários civis, todos são tratados da mesma forma que o policial. Nós mudamos algumas escalas. As escalas em São Gabriel eram de 12 por 24 e 12 por 72. A escala daqui também era assim, só que em todos os outros lugares a escala é de 24 por 72. Então eu tinha policiais que trabalhavam em escalas diferentes. Alguns trabalhavam mais, a carga horária era um pouco maior. E eu decidi, junto com os outros membros do Comando, que todos têm que trabalhar da mesma forma, com jornadas iguais. Nós unificamos as escalas, todo mundo trabalha igual. Todo mundo trabalha um dia e folga três. Existe ali uma compensação de carga horária que é feita, eu compenso todos eles. Todos são compensados pelo horário que passa, às vezes. Nessas 24h tem um período de descanso, que é previsto na Constituição e na lei trabalhista.
Eu montei um alojamento com ar-condicionado. Eu ligo todas as noites para perguntar como está o serviço, para perguntar se o pessoal descansou, pois eu tenho que me preocupar com isso, porque se ele não estiver descansado, ele não produz na rua. O cansaço leva ao erro.
Se o exército cansado enfrentar um exército descansado, é certeza de que o exército cansado irá ganhar a guerra. E nós estamos enfrentando um exército descansado muito perigoso. Porque a droga é um energético, o camarada tem disposição. O criminoso, geralmente, comete crime tomado pela droga, sob efeito de drogas. O meu policial precisa estar em condições de enfrentar uma pessoa dessa, ele precisa estar preparado.
Desde o mês passado, nós estamos requalificando o efetivo. Não sei se vocês têm reparado que a cada 15 dias a tropa está correndo no meio da cidade. Eu estou meio atarefado, mas vou arrumar um tempinho para correr junto porque a gente tem buscado melhorar fisicamente a tropa. Nós temos um campo de futebol aqui que eu reativei para tirá-los da inércia física e melhorar psicologicamente. Além de promover a socialização entre eles.
Correio9 – O senhor mencionou sobre a redução dos roubos, furtos, assaltos; e o jornal vem acompanhando isso há algum tempo. Do ano passado para cá se tem notado uma incidência muito grande desse tipo de crime. Como é que a Polícia está enfrentando isso? Para reduzir as ocorrências e não só elucidar?
Dal Col – Vamos dar só um exemplo do que aconteceu: quando cheguei nós não tínhamos vários tipos de policiamento aqui. Eu criei o patrulhamento rural, criei a patrulha Maria da Penha. Nós criamos a patrulha de trânsito. O pessoal ainda está reclamando que estamos notificando os motoristas, mas estou botando a casa em ordem, nós criamos o patrulhamento de comércio. O que acontece? O crime migra; quando a gente combate o tráfico de drogas o camarada passa a roubar; quando a gente combate o roubo; ele passa a vender droga. Nosso cobertor é curto, a gente não pode combater tudo, não existe, ninguém consegue combater tudo. Então quando você combate o tipo de crime, o criminoso migra para outro tipo de crime. A redução dos números de furto e roubo no comércio pressiona os índices desses crimes nos bairros.
Correio9 – Além disso, a Polícia cobre um número enorme de atividades.
Dal Col – Nós temos festas juninas, partidas de futebol. Às vezes, quando começa a ter um tipo de crime que chama a atenção, nós temos que realmente estudar o que nós vamos fazer, mas a sociedade entende que tudo é motivo para chamar a Polícia. A mulher brigou com o marido, chama a polícia; som alto, chama a polícia; o camarada está na rua com Kadron, chama a polícia; o camarada bebeu e não pagou, chama a polícia. Então para tudo é motivo para chamar a polícia.
Correio9 – Em relação ao tráfico de drogas que está espalhado pela cidade toda?
Dal Col – Está espalhado pelo Brasil.
Correio9 – Mas e aqui especificamente?
Dal Col – Aqui é o seguinte: quando nós pegamos alguém com drogas, nunca é a primeira vez que flagramos esse indivíduo. Acho que está faltando um pouquinho de punição a esse pessoal. Porque a gente pega o mesmo camarada várias vezes. Isso desanima qualquer policial. Nós temos que rever isso aí.
Nós temos feito um trabalho duro contra quem vende droga e temos que tentar recuperar aquele camarada que é usuário. Porque o usuário, o que acontece: entre 80 e 90% dos furtos e roubos estão relacionados à droga. O cara furta ou rouba para comprar droga.
Essa questão do uso de drogas está relacionada, principalmente, à falta de vigilância familiar. Alguém vai usar droga dentro de casa? Difícil! Com o pai e a mãe lá é difícil. Ele vai usar na rua. O cara tá fazendo o que na rua? Cadê a vigilância? A bíblia ensina “orai e vigiai”. Mas tem gente que não está vigiando. Você passa nas ruas à noite e tem menino de 12, de 13 anos andando na rua altas horas da noite. O que esse menino vai fazer? Ele vai ser cooptado. Porque vê o pai dele trabalhando o dia inteiro para ganhar um salário mínimo, aí ele olha o traficante, que em poucos minutos consegue dinheiro. Ele vai pensar que é melhor ser traficante, porque faltou educação para esse menino. Faltou dizer a ele que esses camaradas que ele está achando que são bons, não vivem nada. Nunca passam de 30 anos. E nos 30 anos que vivem, 15 eles passam na cadeia, indo e saindo. E quando estão fora, não vivem socialmente. Assim, é melhor ser um trabalhador que consegue dormir tranquilamente, ter seu fim de semana, ter uma vida tranquila, é o que vale a pena.
Para um camarada que nunca foi preso, perder a liberdade é um choque. Esses meninos novos, de 22, 23 anos, não sofrem um choque porque com 12, 13 anos, eles são pegos com drogas ou arma, aí vão para um estabelecimento de recuperação de menores, e ficam uma semana, aí são soltos, voltam às ruas. Daqui a pouco são presos de novo, aí ficam lá um pouquinho e voltam. Então, quando são presos lá nos seus 22, 23, 24, 30 anos, a segunda casa deles já é a cadeia, eles já se acostumaram e não têm medo dela. Só tem medo da cadeia quem nunca foi preso. Então, essa é a nossa sociedade brasileira.
Esses criminosos que desde muito pequenos vão sendo envolvidos com o crime, têm um amor mínimo à vida. Eles tiram a vida de alguém como tirar a vida de um animal, de um frango que você vai matar. Primeiro que eles não temem mais a cadeia. Não temem a justiça e não têm Deus no coração. Eles não têm amor à vida, principalmente à vida dos outros.
A sociedade tem que enxergar que ela só vai mudar isso aí quando começar a trabalhar os mais jovens, aqueles que não entraram para o mundo do crime. A verdade é que quem entra para o mundo do crime dificilmente sai dele. Isso é fato. “Ah, nós vamos recuperar”, isso é utopia. A verdade é que dificilmente você recupera alguém.
Correio9 – Muito se discute sobre a legalização da maconha, o que o senhor pensa sobre isso?
Dal Col – Todo criminoso que hoje usa crack, cocaína, passou pela maconha. A maconha é a porta de entrada para tudo. Fumou maconha, você vai usar cocaína, vai usar crack. Pronto, já está no mundo do crime. Por quê? Para você manter o vício.
Primeiro: você não produz quando está drogado. Você não consegue ser um jornalista, você não consegue ser um coronel, você não consegue ser um médico. A pessoa fica improdutiva. Aí ele começa a não ter recursos para sustentar o vício, e começa a roubar. O que acontece com a droga? A pessoa que começa na pequena, vai para a máxima. O problema da maconha é esse. Eu tenho um exemplo na minha família, ele começou com maconha, hoje ele já está velho e vive passando de clínica em clínica. É crack, mas ele começou com a maconha.
Correio9 – E sobre a liberação do porte de armas?
Dal Col – Hoje, na nossa sociedade, quanto menos armas, menos homicídios. Isso é fato, os números mostram.
Correio9 – E esse argumento de que o cidadão de bem precisa de uma arma para se defender?
Dal Col – Vai reduzir o número de roubos e furtos, mas o número de homicídios vai aumentar. Você está vendo como os crimes são diferentes? Quando se tem a arma, os homicídios crescem, isto é óbvio, mas vai reduzir o número de furtos e roubos porque o ladrão vai ter medo de roubar determinadas pessoas.
O que nós queremos impedir? Queremos impedir furtos e roubos ou impedir homicídios? A sociedade tem que entender o que ela quer. Metade dos nossos homicídios aqui foi porque um cara discutiu com o outro e matou, muitas vezes, de faca. Se todo mundo tiver arma, vai matar de arma. Você toma uma cerveja, discutiu com um camarada, se você tem uma arma na cintura, você mata. Por que nos Estados Unidos isso funciona melhor? Por que mata menos lá? Apesar de ser um país altamente armado? Não é o mais armado, mas é um dos mais armados. Por que lá funciona? Porque se você matar alguém numa discussão, você vai para a cadeira elétrica. Você vai tomar a injeção letal, ou vai para a prisão perpétua. Aqui, se ele mata alguém, daqui a pouco ele está solto. Se você matar 10 pessoas, daqui a pouco você está solto, porque a nossa lei é frouxa.
Correio9 – E prisão perpétua? E pena de morte?
Dal Col – Pessoalmente eu sou a favor. Não da pena de morte, mas da prisão perpétua eu sou a favor. Eu acho que um indivíduo que já matou uma, duas, três, quatro vezes, já foi preso por isso e matou de novo, tem que ser retirado do seio da sociedade. Acho que a prisão perpétua funciona, a questão é o custo disso. Nós temos que entender o porquê do legislador, do presidente e outros não baterem nessa tecla. Hoje nós temos cadeias abarrotadas. Quantos destes estariam em prisão perpétua? Imagina o custo para o Estado para o resto da vida dessas pessoas. Você vai manter um cara desse, onde não pode ter trabalho forçado, ele não precisa pagar as despesas dele, tudo é por nossa conta. Você já imaginou? Nós vamos ter aí 1/3 dos presos do Brasil na prisão perpétua porque ninguém está preso por um crime, são muito poucas as pessoas, a maioria está lá por ter cometido vários crimes. Mas o crime de homicídio, por exemplo, principalmente numa reincidência, eu acho que tem que ter prisão perpétua sim. A pena de morte eu sou contra porque pode haver muitos erros. Depois você mata o cara e não tem como ressuscitar. Só teve uma pessoa na história que ressuscitou.
Correio9 – No Brasil, não temos um sistema de polícia ostensiva como funciona em muitos países. A nossa polícia é mais repressiva. Não teria que haver uma evolução nisso?
Dal Col – A nossa polícia é ostensiva.
Correio9 – Mas nós não vemos policiais caminhando nas ruas, conversando com as pessoas, no comércio. Há o patrulhamento.
Dal Col – Nós temos um número não ideal de policiais. Se eu tenho dois policiais na radiopatrulha, eles conseguem fazer o policiamento de vários bairros. Para eu ter dois policiais no comércio eu tenho que ter dois no comércio de cá, dois no de lá, dois no bairro. Eu tenho que ter um número de policias que hoje nós não temos. Nós temos 10 bicicletas paradas aqui no Batalhão. Por que eu não vou usar a bicicleta? Porque se eu usar a bicicleta eu vou conseguir patrulhar pouquíssimos bairros. Agora, na motopatrulha eu consigo patrulhar cinco, seis vezes mais que uma bicicleta. Então é uma questão de números. Hoje nós temos um número de policiais bem inferior ao de quatro anos atrás. Quando assumiu o governo anterior tinha 2.500 policiais, hoje tem menos de 2 mil. Em vez de aumentar, diminuiu.
Correio9 – Qual a razão disso?
Dal Col – Policiais morrem de acidente, doenças. Policiais aposentam. Policiais passam em outros concursos. Muitos policiais no governo anterior, porque eu não vou citar o nome do governador, pediram baixa da Polícia. Teve militar que adiantou a aposentadoria tendo em vista o clima ruim que estava na instituição. No período de 2017 para cá, deu uma freada agora nesse governo, mas no último ano e meio do governo anterior foi um desastre para a Polícia.
Correio9 – Neste governo está melhor?
Dal Col – Está sendo. O governador tem muita preocupação com a nossa condição. Nós adquirimos agora um armamento melhor, algumas viaturas novas. Às vezes, nós precisamos ter um pouco de paciência em relação ao salário. Eu quero ter um aumento, todo mundo quer ter um aumento, um reajuste da inflação. Eu me preocupo também com o meu policial, que está em defasagem. Mas, se o governo não pode dar, o que ele pode fazer? No momento certo ele vai dar. Eu tenho certeza disso. Eu tenho certeza de que o governador é uma pessoa humana, inteligente. Ele cumpriu a palavra dele em relação à anistia. Muitos não teriam feito isso, mas os números estão aí. Como você vai falar que ele fez errado sendo que reduziu o número de homicídios? Funcionou! Porque se ele não tivesse dado a anistia, será que teria acontecido essa redução de homicídios? Os policiais estariam trabalhando como estão trabalhando na rua? É a questão da motivação.
Correio9 – O senhor mencionou ainda há pouco sobre a questão da patrulha rural. Nós temos acompanhado lá no jornal, muitos problemas que os moradores da zona rural têm enfrentado, principalmente no Patrimônio da Penha, Perdido, Guarabu. Como a Polícia está tentando combater os roubos e os furtos na zona rural?
Dal Col – Primeiramente é o seguinte: nós criamos a patrulha, nós usamos uma caminhonete para a região do Patrimônio do XV, que pega toda aquela região ali, é o Destacamento da Polícia Militar (DPM) do XV. Que abrange o Perdido, o Grilo, o Guarabu, vai até o Bis, vai até lá na ponta, porque o último é o Bis. Nós duplicamos o número de policiais ali. Começamos a fazer reuniões, eu particularmente, participei de várias reuniões lá. Estive no Grilo, no Perdido, no Guarabu, no Bis. Nesses lugares, nunca um comandante esteve presente. Tem moradores ali de 60 anos que nunca viram um comandante da unidade para ouvir as demandas das comunidades.
Correio9 – A Polícia está saindo do quartel e indo conversar com a comunidade. De que forma a sociedade pode ajudar a Polícia?
Dal Col – A sociedade pode ajudar da forma que já está fazendo, passando informações. Do Bis eu recebo bastante informação. Todos eles me conhecem, fisicamente, para provar que eu estive lá, eu ouvi. A sociedade está fazendo um bom trabalho no sentido de me dar informações. Esse é o trabalho que deve ser feito: passar informações à Polícia.
Correio9 – Suas considerações finais, comandante.
Dal Col – É importante que a sociedade saiba o seguinte: o Batalhão está aberto, nós estamos fazendo o que nós podemos fazer para melhorar a segurança de todos os municípios. Eu tenho certeza de que a população de Nova Venécia, depois que eu cheguei, percebeu mais policiais na rua, maior motivação da tropa e acredito que a gente vai conseguir melhorar, tentar melhorar a cada dia para que, possamos entregar um Batalhão melhor do que recebemos. Eu tenho que entregar um Batalhão melhor, com policiais mais motivados.
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