O casal suspeito de agredir o filho adotivo em Londrina, no norte do Paraná, disse, em depoimento à Polícia Civil, que agrediu o menino com o objetivo de corrigir e educar.
A criança, que tem 8 anos, está internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Pediátrica do hospital Evangélico em estado grave e sedado desde a noite de domingo (8).
Uma conselheira tutelar foi até o hospital após um enfermeiro denunciar que a criança tinha marcas de agressão por todo o corpo. Ao chegar na instituição, e constatar que o menino tinha hematomas e mordidas em algumas regiões do corpo, ela chamou a Polícia Militar (PM).
Israel Zanoni Antunes e Sarah Carvalho Zanoni disseram à conselheira que bateram para corrigir.
Pouco tempo depois, os dois foram presos e autuados por homicídio qualificado na forma tentada e por tortura.
Depoimentos
Ao delegado que atendeu a ocorrência, Sarah Zanoni reconheceu que mordeu o filho adotivo na bochecha e na panturrilha e que ela e o marido já tinham agredido o menino anteriormente.
“Ele veio me morder porque estava carregando ele para o quarto para a gente poder conversar e disciplinar, mas ele saiu em direção a porta e ficou gritando. A gente pegou ele, levou para o quarto e disciplinou de uma forma errada, porque já estava com a cabeça estourada”, contou a mulher em depoimento à Polícia Civil.
“Quando ele me mordeu, na tentativa de tirar a minha mão, ou dava uma cabeçada e machucava ele ali, ou dava uma mordida para ele se assustar e parar”, acrescentou.
Sarah e Israel disseram à polícia que bateram no menino com chinelo e uma vara de plástico na noite de sábado (7).
Israel afirmou que os hematomas na cabeça foram provocados quando a criança se debateu e se jogou no chão para escapar.
“Quando ele saiu correndo em direção a porta a gente ficou desesperado, nunca tinha passado por aquilo. Trouxe ele de volta para o quarto, mas ele não queria saber de disciplina. Começou a se debater, se jogou no chão e se bateu na parede”, disse.
“Nos tornamos pai e mãe de um dia para o outro. Estávamos de cabeça quente, a gente se descontrolou. O objetivo não era machucar, mas de disciplinar”, afirmou.
Crise convulsiva
Israel Zanoni Antunes contou, em depoimento, que na manhã de domingo (8), ele e a esposa conversaram com o menino sobre a situação que ocorreu na noite anterior, os três almoçaram e assistiram um filme juntos.
Depois disso, segundo Israel, a criança começou a passar mal e teve uma crise de convulsão.
“Ele disse que estava com uma dor no peito. Levei ele no banheiro e ele vomitou. Começou a ficar lento, levamos ele para cama, desmaiou e teve uma crise convulsiva. Depois disso, levamos ele para o hospital. Não levamos antes porque ele estava normal, só tinha um galo na cabeça. Quando ele teve a convulsão procuramos ajuda médica”, contou.
O que diz a defesa
O advogado de Sarah e Israel afirma que o casal assumiu que bateu no menino com chinelo e uma vara, mas que os dois negam o espancamento. Segundo a defesa, a criança mordeu o dedo de Sarah e isso provocou toda a situação.
“É um caso que comove. São dois jovens que tiveram coragem de adotar uma criança que vem de outra adoção. Eles não queriam causar mal a criança. Nada justifica as agressões, mas é importante esperar o desenrolar dos acontecimentos para fazer qualquer tipo de julgamento”, pontuou o advogado Mário César Carvalho Pinto.
Processo de adoção
O casal tem a guarda provisória da criança desde 18 de outubro de 2019. O menino é natural da cidade de Ladário, no Mato Grosso do Sul, e foi adotado em um abrigo em Corumbá, no mesmo estado.
O casal morava em Goiânia, em Goiás, e mudou para Londrina em maio deste ano. Segundo a defesa, Israel mudou para o Paraná ao aceitar uma proposta de emprego.
O termo de guarda provisória determinava que os pais deveriam proporcionar condições essenciais à subsistência, saúde e instrução obrigatória, bem comi assistência moral, material, educacional à criançaa nos termos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Comente este post