Uma pesquisa internacional publicada nesta quinta-feira (17) revela que o Brasil é o país que registrou mais alto grau de medo de violência, com quase 83% da população afirmando temer ser vítima de um crime violento. Os dados são do Global Peace Index (Índice de Paz Global), publicado todos os anos pelo Instituto para Economia e Paz, e que revela ainda que o Brasil ocupa a posição constrangedora de número 128 no ranking da paz, envolvendo 163 países.
Se em parte a bandeira do bolsonarismo foi a de uma sociedade mais segura e de combater a criminalidade, o posicionamento do país no ranking mostra uma estagnação em comparação aos anos anteriores.
O ranking geral coloca o país atrás de países como Chile (49), Equador (88) e até mesmo a Bolívia (105). Na América do Sul, apenas Colômbia e Venezuela estão em uma situação mais delicada. O Brasil também está abaixo dos países da América Central, Egito ou Filipinas. O ranking é liderado pela Islândia, Nova Zelândia e Dinamarca, os países mais “pacíficos” do mundo.
De acordo com o estudo, publicado anualmente, o impacto econômico da violência no Brasil é um dos maiores do mundo. Hoje, ele chega a US$ 325 bilhões, o que significa US$ 1,5 mil por habitante. Na prática, a violência consome 9% do PIB, taxa similar à que existe no Congo, Mianmar e Israel.
Mas o que mais chama a atenção dos pesquisadores é a constatação de que o Brasil tem a população mais alarmada pela violência, com quase 83% dos entrevistados. A taxa é superior às respostas dadas na África do Sul, onde 79% da população diz temer a violência.
Na Noruega, apenas 7,9% da população indicou temer a violência, contra 4,9% em Cingapura.
63% dos brasileiros também indicaram que a violência é o maior risco que enfrentam. Por esse critério, o Brasil só é superado pelo Afeganistão, com 71%.
De uma forma geral, a pesquisa constata que a situação de paz global está diminuindo em parte devido ao aumento de conflitos sociais e agitações civis em um momento crítico causado pelo impacto econômico da covid-19.
“Os resultados deste ano mostram uma leve deterioração do nível de pacificação global em 0,07%. Esta é a nona piora no índice nos últimos 12 anos”, indicou a entidade. “Apenas três das nove regiões mundiais estudadas se tornaram mais pacíficas em 2020”, diz.
“A América do Norte foi a região que apresentou maior queda na paz social, com deteriorações nos três domínios: segurança, militarização e conflitos contínuos”, constata.
“O informe de 2021 revela um mundo onde conflitos e crises que emergiram na década passada começaram a diminuir, mas foram substituídos por uma nova onda de tensão e incertezas como resultado da pandemia e aumento da tensão entre muitas das grandes potências globais”, completa.
De fato, a pandemia teve impacto significativo nos níveis de conflito e violência. As agitações civis aumentaram em 2020 e foram registrados mais de cinco mil eventos violentos relacionados com a pandemia entre janeiro de 2020 e abril de 2021.
Segundo o ranking, o Afeganistão é o país menos pacífico pelo quarto ano consecutivo, seguido por Iêmen, Síria, Sudão do Sul e Iraque.
No mundo, o impacto econômico da violência chega a US$ 14,9 trilhões, 11% do PIB global.
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