Um dos debates do momento é se o jogo vertical de Paulinho vai se encaixar no tradicional estilo de passes horizontais do Barcelona. A direção do clube catalão também se preocupou com isso antes de pagar € 40 milhões pelo volante, ex-Guangzhou Evergrande. Tanto que consultou a comissão técnica da seleção brasileira meses antes de fechar o negócio.
Ainda em maio, no fim da última temporada, os responsáveis do Barça pela atuação no mercado entraram em contato com a coordenação de futebol da CBF. O relacionamento havia se criado ainda na gestão Gilmar Rinaldi, em razão das negociações pelas convocações de Neymar e outros jogadores. Uma das metas de Edu Gaspar é estreitar ainda mais esses laços com os clubes.
A pergunta do Barça foi simples: “vale a pena investir em Paulinho?”
A resposta foi sincera: “depende do jogador que vocês querem.”
O conhecimento entre Paulinho e as pessoas que comandam a Seleção fora de campo – Tite, Edu Gaspar, Cleber Xavier, entre outros – é antigo, desde os tempos em que o volante foi protagonista nas conquistas do Brasileirão (2011), da Libertadores e do Mundial (2012) pelo Corinthians.
O Barça ouviu que Paulinho seria o melhor reforço possível se a intenção fosse ter um jogador que rompe linhas de marcação, tem ótima chegada à área adversária e consegue enxergar brechas que poucos percebem para avançar e finalizar, com bom aproveitamento.
Por outro lado, se a intenção fosse manter o estilo de jogo que caracterizou o time nos tempos de Xavi e Iniesta, com insistentes passes horizontais e prioridade à posse de bola, Paulinho não seria a contratação ideal.
Os cartolas indicaram que gostariam de um jogador vertical. E ouviram: “Então contratem”.
Na Seleção, Tite tem cobrado cada vez mais que Paulinho tenha “jogo apoiado”. Ou seja, dê opção de linha de passe, participe mais ativamente da construção ofensiva. Ele tem feito isso na parte final do campo, como mostram os gols da vitória por 3 a 0 sobre o Paraguai.
Foram duas assistências de primeira, ocupando o espaço em que poderia estar o centroavante.
O técnico do Brasil fez questão de, nessa janela de transferências, não se meter no futuro dos jogadores. Como essas negociações maiores envolvem contratos de três a cinco anos, Tite não se sentiu no direito de opinar visando apenas a Copa do Mundo que será disputada na Rússia daqui a 10 meses. Publicamente, ele recomendou que escolhessem boas cidades para morar com suas famílias e comissões técnicas de alto nível para que estivessem felizes.
Por isso, sua aprovação pela mudança de Paulinho é quase óbvia. O volante, titular de sua Seleção, morará em Barcelona, uma das cidades favoritas da Europa, e atuará ao lado de craques como Messi, Suárez, Iniesta e companhia. Uma elevação de nível considerável para quem estava na China.
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