O texto surgiu nas redes sociais em junho de 2016. De acordo com a postagem de um professor chamado Leandro – que seria um historiador da UnB – as oferendas deixadas nas encruzilhadas eram uma forma dos negros alimentarem seus irmãos escravos que estavam fugindo dos feitores.
Segundo Leandro, os negros escolhiam lugares estratégicos por onde escravos fugitivos passavam e colocavam comida para matar a fome desses indivíduos, além de uma boa cachaça para aliviar as dores do corpo.
Verdade ou farsa?
A ideia de que o ritual das oferendas tenha surgido com esse fim aqui no Brasil não procede, pois sabe-se que isso vem desde as religiões africanas pré-escravatura. Os sacerdotes africanos que vieram para o Brasil como escravos, entre 1549 e 1888, tentaram de uma forma ou de outra continuar praticando suas religiões em terras brasileiras. Foram os africanos que implantaram suas religiões no Brasil, juntando várias em uma casa só para a sobrevivência das mesmas. Portanto, isso não é invenção de brasileiro.
As oferendas, segundo o candomblé:
“[…] são rituais compostos de frutas, alimentos, carnes, bebidas, flores, louças e adereços que servem para oferecer aos Orixás, como uma súplica para se alcançar uma graça, bem como para homenagear e cultuar um Orixá, de forma a fortalecer o nosso vínculo com o mesmo.”
Falta de dados
O texto amplamente compartilhado no Facebook não diz exatamente em que época esse recurso de se usar a oferenda para alimentar os escravos fugitivos teria se iniciado, o que torna difícil a comprovação dos fatos narrados. De qualquer forma, desde a primeira leva de africanos que chegou aqui no Brasil (provavelmente, em 1538), eles não tinham nenhum acesso livre para ficar indo a “encruzilhadas” além de não terem comida de sobra para distribuir para “os irmãos foragidos”.
Também não foram encontrados em nenhum livro ou tese de mestrado algo validando essas afirmações a respeito da origem das oferendas no candomblé. Provavelmente, alguém resolveu criar essa historia e espalhar pela web.
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