Nos cemitérios, os mais afortunados possuem alas próprias, áreas arborizadas, mais alegres ou vistosas enquanto os pobres ficam na periferia do campo santo ou nos paredões sem fotos, santos e nem mesmo seus nomes.
Com a aproximação do Dia de Finados, na próxima segunda-feira (02), o Correio9 foi ao Cemitério São Marcos, em Nova Venécia e constatou: aos mais ricos, os mausoléus, aos pobres, covas simples sinalizadas por uma cruz e um monte de terra nas áreas periféricas do cemitério. A divisão de classes sociais, tão evidenciada em vida, continua sendo representada pós-morte.
Ao analisar o cemitério com um olhar social e econômico, verifica-se que ele reproduz, em grande medida, a estrutura de uma sociedade estratificada em classes.
Existem as áreas onde estão os túmulos das famílias tradicionais, nobres, cujas pessoas sepultadas ali, geralmente foram expoentes na cidade, como empresários ou seus familiares.
A paisagem da cidade é fruto das relações sociais, criadas e existentes pela sociedade e ela pode ser observada de várias formas representada no cemitério.
Os bens que a pessoa possuía ou não, sua classe social e o poder aquisitivo que é demonstrado, de forma miniaturizada no cemitério. Há túmulos imponentes com muito granito, grandes reproduções do rosto do morto em pedra, esculturas, quadros, bancos para o visitante descansar e até jazigos cobertos.
Parece que há uma relação entre cidade e o cemitério, pois ela propicia uma leitura da paisagem cemiterial, ele se constitui num reflexo da cidade, possuindo diversas características da mesma. O cemitério se compõe numa porção reduzida do espaço urbano, traduzindo, de forma perceptível como um reflexo, as condições e diferenças da sociedade veneciana.
Os dois cemitérios de Nova Venécia já estão abertos para os familiares que desejam fazer a limpeza dos túmulos antes do Dia de Finados.
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