Por Claudinei Junior*, G1 São Carlos e Araraquara
Um grupo de estudos de alunos da Universidade de São Paulo (USP) de São Carlos (SP) realiza, desde 2013, projetos ambientais de saneamento básico para famílias da zona rural.
O Grupo de Estudo e Intervenções Socioambientais (Geisa) começou em 2009, como atividade de extensão do curso de Engenharia Ambiental (EESC), e hoje abrange vários cursos.
Em três anos, três famílias foram atendidas, beneficiando 20 pessoas.
Um projeto por ano
Os projetos foram iniciados depois de uma visita ao assentamento Comunidade Agrária Nova São Carlos em 2013. Após conversas com os assentados para entender as suas necessidades e o contato direto com a realidade da zona rural, o primeiro projeto foi consolidado em 2015, com a construção de um banheiro seco para uma das famílias.
O projeto tem como objetivo tratar água negra (fezes e urina) sem a utilização de água. O sistema separa os resíduos sólidos em um local sem contato com o ambiente externo e mistura com serragem para mantê-los secos e evitar o mau cheiro, transformando a matéria orgânica em matéria aproveitável como adubo.
O segundo projeto foi criado em 2016 em outro lote do assentamento, baseado em um projeto de fossa séptica da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que utiliza bombonas, ao invés de caixas d’água.
O objetivo é tratar a água do banheiro como em um processo de esgoto convencional. Os resíduos passam pelos quatro reservatórios e, em cada um deles, sofre um processo de tratamento. Ao final, a água pode ser ultilizada em outros serviços domésticos.
“Antes nos tínhamos uma caixa improvisada que recebia a descarga do banheiro. Agora com os tambores é bem melhor, ajuda a manter os poços sem contaminar”, disse a dona de casa Rita Andrade, integrante da família beneficiada pela fossa séptica.
O último projeto do grupo foi um tanque de evapotranspiração, finalizado em 2017. Como a família era grande, com mais de dez pessoas, foi construído um tanque aterrado no solo para substituir uma fossa, que antes transbordava por conta da quantidade de água suja.
A água é tratada em várias camadas de entulhos, pneus, brita e areia e, ao final do processo, serve para nutrir as bananeiras plantadas por cima do tanque.
“Quando eles vieram até aqui, achamos estranho. Mas depois vimos a motivação, eles têm força de vontade em ajudar o próximo”, completou Santos.
Todos os materiais usados nos projetos foram conseguidos por doações de professores, parcerias com lojas de materiais e por financiamento coletivo organizadas pelo Geisa.
A estimativa é que cada projeto tenha custado, em média, R$ 1,5 mil. ” A gente acompanha constantemente como estão os projetos com as famílias. Sempre que podemos, fazemos visitas nos lotes”, contou Martins.
O grupo também tem projetos relacionados ao meio ambiente, como educação ambiental na escola estadual Bento da Silva César, reflorestamento da mata ciliar, de uma área do campus através de técnicas de agroecologia, reaproveitamento de resíduos alimentares do restaurante universitário da USP por compostagem e novos métodos de aplicação de bioconstrução no Campus 2 da universidade.
”Nós tentamos fazer essa ligação de dentro da Universidade para fora, e vice-e-versa. Porque ela deveria pertencer a todo mundo”, afirma a estudante.
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