Pelo colaborador, Kojak Ribeiro
O que é hipertensão arterial e quando uma pessoa é considerada hipertensa?
A hipertensão arterial, também conhecida como pressão alta, é uma doença multifatorial e silenciosa, o que a torna ainda mais perigosa. Apesar de a maioria das pessoas acreditar que será avisada por diversos sintomas como dor de cabeça, tontura, enjoo, falta de ar e sangramento nasal. Na maioria das vezes ela ocorre sem apresentar sintomas. E muitos são pegos de surpresa.
Uma pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Cardiologia constatou que 50% dos hipertensos desconhecem que possuem hipertensão. Ela pode trazer diversos prejuízos para o organismo como infarto agudo do miocárdio, hipertrofia concêntrica, acidente vascular cerebral e disfunção renal.
Uma pessoa é classificada como hipertensa quando apresenta pressão arterial mantida em valores maiores ou iguais a 140/90 mmHg (para pressão arterial sistólica e diastólica, respectivamente). Ou ainda, quando faz uso de medicamento anti-hipertensivo. À medida que esses valores avançam, a gravidade da hipertensão também aumenta.
Com relação à causa, a hipertensão pode ser classificada como primária (aproximadamente 95% dos casos), quando não há uma causa conhecida, ou secundária (ocorre em 5% dos casos), quando é ocasionada por alguma desordem pré-existente, como doenças renais, que afetam o controle do volume sanguíneo e aumentam a atividade dos sistemas reguladores da pressão arterial.
Por que a hipertensão é um risco para a saúde?
A redução da pressão arterial é necessária para evitar os danos estruturais e funcionais em diversos órgãos e tecidos causados pela hipertensão que justificam a sua importância como fator de risco cardiovascular. Dentre essas consequências destacam-se: 1) o infarto agudo do miocárdio; 2) hipertrofia ventricular esquerda; 3) acidente vascular cerebral (AVC); e 4) disfunção renal.
O fato de você apresentar hipertensão arterial lhe torna uma pessoa com uma chance maior de ter um infarto, principalmente pela influencia direta da elevação da pressão arterial sobre a obstrução coronária. O aumento da pressão arterial pode potencializar diretamente o desenvolvimento de lesões na parede das artérias, facilitando a deposição de gordura e a formação de placa de ateroma – compostas especialmente de lipídeos e tecido fibroso, que se formam na parede dos vasos sanguíneos. Levam progressivamente à diminuição do diâmetro do vaso, podendo chegar à obstrução total do mesmo e, possivelmente, ocasionando isquemias teciduais.
Sou hipertenso, posso fazer atividade física?
Não só pode como deve! Além de o exercício físico contribuir para controle da pressão arterial, ele ainda contribui para diminuição de outros fatores de risco cardiovasculares que geralmente acompanham os hipertensos, como obesidade, circunferência da cintura, redução do triglicerídeo e aumento do HDL colesterol (o bom colesterol).
Vale lembrar que o exercício guarda uma relação com a prevenção da doença. A primeira pista desta influência está na presença de altos índices de sedentarismo em populações de hipertensos. Com base nesta verificação a relação entre o nível de exercício realizado ao longo da vida e a incidência de hipertensão foi testada pelo pesquisador Ralph Paffenbarger e colaboradores.
Os autores observaram que quanto maior o nível de exercício praticado durante a vida, menor era a incidência de hipertensão, ou seja, se alguém tivesse relatado ter gasto em média 500 mil calorias por semana, somente com exercício ao longo de algumas décadas tinha muito mais chance de ser hipertenso do que os que relataram ter gasto de 500 a 2000 por semana ou mais.
E o mais interessante é que os que se exercitavam menos tiveram maior incidência de hipertensão mesmo que não apresentassem histórico familiar da doença (pai, mãe ou irmãos hipertensos), ao passo que entre os que se exercitaram mais houve menos casos de hipertensão, incluindo os que apresentavam hipertensão familiar.
Quais cuidados devem ser tomados antes de iniciar o exercício?
De acordo com as Diretrizes Brasileiras de Hipertensão, o indivíduo hipertenso deve procurar o médico cardiologista a fim de realizar os exames necessários e se possível, incluir o teste ergométrico antes de realizar exercícios em intensidade moderada.
A intensidade dos exercícios deve ser bem controlada e prescrita por um profissional de Educação Física com conhecimento da fisiopatologia dessa doença e experiência com essa população específica, que deverá monitorar a pressão arterial, frequência cardíaca e duplo produto (medida que calcula o trabalho do coração) antes, durante e logo após a sessão de exercício, a fim de manter o treino em uma intensidade segura para o paciente.
Como toda prescrição de exercícios, é importante que as atividades sejam leves a moderadas no início dos treinos e caso não existam contraindicações, passem a vigorosas conforme o condicionamento físico melhore.
Quando o exercício se torna perigoso? Quando interromper?
Quando se trata de hipertensos, é igualmente importante que a pressão seja aferida durante a sessão de treino e caso haja uma elevação exagerada durante o treino, a sessão deverá ser interrompida. Se a pessoa apresentar sintomas como dores de cabeça, dores no peito ou desconforto respiratório quando estiver fazendo a atividade física, é importante parar e procurar um médico.
Que tipo de atividade física posso fazer?
Praticamente todas, desde que bem orientadas.
Quando pensamos em saúde, é muito importante que o programa de exercícios busque um condicionamento global do indivíduo. Para isto, este programa deve conter treinos cardiorrespiratórios, de força e de flexibilidade. No caso dos hipertensos, não é diferente.
Apesar de muitos acreditarem que o hipertenso só deve fazer treinos aeróbios, já existem trabalhos mais atuais que sugerem excelentes resultados como o treino de força para hipertensos, inclusive, eu estou concluindo uma pesquisa sobre esse tema e logo vou poder compartilhar estes resultados com vocês, aqui no Correio9.
Mas, como recomendação geral é importante que o hipertenso complemente os treinos aeróbios (caminhada, andar de bicicleta, corrida, dança entre outros) com os exercícios de força (musculação, pilates, funcional), de flexibilidade e respiratórios (alongamentos, yoga, meditação).
Como os exercícios vão me ajudar?
O exercício, já é considerado um dos melhores métodos não farmacológicos para prevenção e controle da hipertensão arterial, tendo seu poder aumentado quando aliado a hábitos saudáveis, que incluem uma dieta balanceada e uma boa rotina de sono.
Além de contribuir para melhora de diversos fatores de risco cardiovascular, logo após uma sessão de exercício, é comum que os níveis de pressão arterial caiam, permanecendo abaixo dos níveis de repouso. Esse comportamento da pressão é chamado de hipotensão pós-exercício e pode ser encontrado até 24 horas após a sessão de exercício.
Contribuindo assim, para diminuição e até suspensão do uso de medicamentos. Vale ressaltar, que a única pessoa apta a ajustar ou suspender a dose do medicamento é o médico cardiologista que acompanha esse paciente.
Quanto exercício fazer?
De modo geral, para prevenção e tratamento da hipertensão é recomendada a frequência de 5 a 7 dias de treinos por semana, com duração de 30 a 60 minutos, incluindo exercícios aeróbios e de força. Entretanto, para maiores benefícios é importante que se tenha uma prescrição individual.
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