Na tarde deste domingo (19), por volta das 13 horas, o veneciano Igor Peroba Soeiro de Castro, 32 anos, bancário, trafegava pela BR 101 Norte, vindo de Vitória para São Mateus, juntamente com sua noiva, Erika Freire, 27 anos, quando avistou no meio da pista algo que lhe chamou a atenção.
Ele reduziu a velocidade do veículo e viu que se tratava de um bicho-preguiça, que cruzava a rodovia, próximo a Penitenciária Regional de São Mateus.
Com o intuito de fazer o bem, ele não pensou duas vezes; estacionou o carro no acostamento e começou a dar sinal para os veículos que vinham em sentido contrário. Depois, Igor e sua noiva, Erika, cada um de um lado da pista, também acenavam com as mãos para que os veículos e carretas reduzissem a velocidade, e pudessem retirar o animal da pista.
Segundo o veneciano informou à Redação do Correio9, todo mundo parou e o resgate foi feito.
“Eu nunca tinha visto o bicho-preguiça tão de perto. No começo não sabia nem como segurá-lo, estava um pouco apreensivo pois ele possui unhas enormes. Então, o segurei por trás e o levei para fora da pista”, revela Igor.
Ainda de acordo com o bancário, a todo o momento o animal não entrava no mato, e retornava em direção à rodovia. Foi neste momento que ele ligou para a ECO-101, empresa responsável pelo trecho, e foi informado de que um carro da concessionária iria até o local para buscar o animal.
Igor conta que esperou por mais de 20 minutos e ninguém apareceu. Então, ele pegou novamente o bicho-preguiça e entrou numa estrada de terra para soltá-lo bem longe da BR 101.
“Foi um momento muito interessante. Registramos muitas fotos e fizemos vídeos, e muita gente que parou na rodovia também começou a filmar. Fico feliz em ter feito essa ação e conseguido inseri-lo novamente em seu habitat, na floresta. O animal corria um risco enorme de ser atropelado, como tantos outros que a gente vê por aí. Mas que bom que esta história terminou em final feliz”, conclui Igor.
VEJA O VÍDEO ABAIXO:
SAIBA MAIS SOBRE O BICHO-PREGUIÇA
A preguiça é um mamífero exclusivo das Américas Central e do Sul, são arborícolas, com hábitos diurnos e noturnos e herbívoros (alimentando-se de brotos e folhas). No Brasil é um mamífero endêmico da Mata Atlântica nos estados do Rio de Janeiro, Sergipe, Bahia, Espírito Santo e nordeste de Minas Gerais, estando presente em regiões que apresentam florestas úmidas, secas e até em árvores isoladas, logo estando presente em boa parte do país.
Atualmente, estes animais estão classificados na família Bradipodidae e organizados em 2 gêneros: Choloepus (contendo duas espécies) e Bradypus (contendo quatro espécies). A diferença básica entre estes dois grupos está nos membros: o primeiro tem dois dedos em cada mão, e o segundo grupo tem três dedos. Por isso também são chamadas de “preguiças-de-dois-dedos” e “preguiças-de-três-dedos”.
As espécies de bicho-preguiça são:
Bradypus tridactylus (preguiça-de-bentinho);
Bradypus variegatus (preguiça-comum);
Bradypus torquatus (preguiça-de-coleira);
Bradypus pygmaeus (preguiça-ana-de-três-dedos);
Choloepus hoffmanni (preguiça-real);
Choloepus didactylus (também chamada de preguiça-real).
Entre as seis espécies existentes, apenas uma, Bradypus pygmaeus, não ocorre no Brasil, estando restrita à Isla Escudo de Veraguas, na costa do Panamá.
As principais características da preguiça são: em média pesam 4 kg, possuem 60 cm de comprimento, a pelagem é densa com pelos longos, grossos e ondulados, mas na face apresenta pelos finos e curtos. A cor da pelagem vai variar dependendo da espécie sempre em volta das tonalidades de marrom, amarelo, branco e podendo ter a coloração verde quando associados a algas que podem viver em seus pelos. A cauda destes animais são curtas e os membros superiores são sempre maiores que os inferiores e os dedos das mãos possuem longas garras.
Recebem o nome de bicho-preguiça devido a sua baixa atividade metabólica que torna o animal mais lento que os demais mamíferos, também devido a lenta atividade do organismo eles dormem por até 20 horas ao dia. Outro efeito que o baixo metabolismo possui no animal, é que ficam com baixas temperaturas já que o sangue circula lentamente, fazendo com que permaneçam muitas horas sob o Sol para se aquecer. E descem das árvores apenas uma vez na semana para defecarem e urinarem, também devido ao baixo metabolismo, ou para mudar de árvores quando estas estão muito longes umas das outras. Além disso, são excelentes nadadoras, comumente podendo ser vista nadando em corpos d’água doce.
Devido a sua vagareza de movimentos, não são animais que fogem dos predadores, utilizam justamente seus movimentos lentos e sua coloração em tons de marrons e muitas vezes esverdeadas pelas algas para se camuflar nas árvores e se esconderem dos predadores.
O bicho-preguiça é um animal solitário sendo visto em duplas apenas na época de reprodução, a gestação dura de 4-6 meses, os filhotes já nascem com pelos e mamam por 3-4 semanas e desde cedo começam a comer folhas. Vivem agarrados à mãe por 6 meses e depois passam a frequentar territórios diferentes.
A preguiça consegue girar a cabeça em até 270º, isso se deve a diferente dos demais mamíferos que possuem 7 vértebras cervicais, elas possuem de 8 a 9 vértebras permitindo essa movimentação. Outra diferença entre os demais mamíferos e os bichos-preguiças é que as últimas possuem articulações adicionais nas vértebras lombares, estas articulações também estão presentes nos tamanduás e tatus.
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