Por Elias de Lemos – eliasdelemos@correio9.com.br
Uma sessão histórica na Câmara de Nova Venécia
O título deste texto define (bem) a sessão desta terça-feira, 04, da Câmara de Vereadores de Nova Venécia. Na pauta principal, dois assuntos espinhosos aguardavam o voto dos vereadores. O primeiro debate da noite girou em torno do Parecer da Comissão Processante, que investigou a denúncia de assédio e de cobrança por serviços funerários – por parte do vereador Mir de Guararema. O segundo, foi a eleição da nova Mesa Diretora.
O Parecer da Comissão Processante foi pelo arquivamento da denúncia. No entanto, esta conclusão não foi unânime. A corregedora, Gleyciaria Bergamim (DEM), votou pela continuidade da investigação, mas foi voto vencido.
O Parecer foi levado ao Plenário da Câmara, onde a discussão foi longa e clara. Todos os vereadores se pronunciaram deixando bem claras as suas conclusões sobre o assunto. E, especialmente, diante de um assunto tão polêmico, com alguns contrários e outros favoráveis, a discussão foi de alto nível.
Ao final, a maioria aceitou o Parecer, decidindo pelo arquivamento da denúncia. Contra o arquivamento, votaram os vereadores Luciano Márcio (PSB), Gleyciaria (DEM), Zé Luiz do Cricaré (PT do B) e Dejanir Dias (PSB).
A eleição da nova Mesa Diretora, para o biênio 2019-2020, também gerou debate, mesmo, sendo de conhecimento público, que a composição da Mesa teve origem em reuniões antecipadas.
A eleição foi ‘quase’ simbólica, uma vez que, apenas, uma chapa se inscreveu [conforme foi noticiado com exclusividade no site do Correio9]. Com o vereador Juarez Oliosi (PSB), na presidência; Biel da Farmácia (PV), na vice-presidência; Claudio do Granito (PTB), como primeiro secretário e Cimar do Altoé (PHS), como segundo secretário, a Chapa foi eleita com dez votos favoráveis.
Além dos componentes da Chapa, também, votaram a favor os vereadores Evaristo Miguel (PT do B); Gleyciária Bergamim; Cabo Tikeira (PV); Mir de Guararema; Zé Luiz do Cricaré e Zequinha Brasileiro (PV).
As divergências vieram do atual presidente, Antonio Emílio (PPS), Dejanir Dias e Luciano Márcio, ambos do PSB. Os três votaram em branco. Até aí, tudo normal.
No entanto, os três deram a mesma justificativa para os seus votos. Segundo eles, houve “interferência” do Poder Executivo (leia-se: prefeito Mário Sérgio Lubiana). Acontece que, Barrigueira, o novo presidente da Câmara, Juarez Oliosi, Dejanir e Luciano Márcio, são todos do mesmo partido, o PSB.
No dia 10 de novembro de 2018, esta coluna analisou as divisões políticas resultantes das divergências ocorridas durante a campanha eleitoral deste ano. Até aquela data, a cisão não estava completamente clara, o que foi esclarecido na sessão que elegeu o novo presidente da Casa.
A partir de agora, o prefeito passa a enfrentar uma frente de oposição na Câmara. Sem dúvida, ele conta com o apoio da maioria dos vereadores, o que não lhe trará dificuldades para aprovar projetos de interesse do Executivo. O problema é outro.
Com a frente de oposição formada, a vida dos secretários municipais não será a mesma. Normalmente, as críticas dos vereadores recaem sobre as pastas. As mais atacadas são as secretarias de Saúde, Obras, Ação Social e de Educação. A fiscalização sobre todo o Executivo vai aumentar e as críticas, também. A questão será o tempo de conhecimento de cada problema pertinente a cada secretaria e o tempo de resposta a estes problemas.
Tikeira chorou na Tribuna
O vereador Cabo Tikeira, que retornou à Câmara, esta semana, depois de 70 dias de afastamento do cargo, foi muito cumprimentado pelos colegas. Em seu discurso, ele chorou, por mais de uma vez, e foi muito aplaudido.
Tikeira fez uma análise cronológica da sua vida, desde que ingressou na Polícia Militar no ano de 1998. Falou de situações que vivenciou, segundo ele, algumas perigosas, outras tentadoras, como a ocasião em que encontrou um malote de dinheiro, ao atender a uma ocorrência de assalto em uma agência dos Correios. Ele chamou o gerente e mostrou o malote.
Em seguida, falou da sua atividade parlamentar. Emocionou-se ao se referir à família e chorou.
Agradeceu à maneira como a imprensa local agiu diante do seu caso – entre eles o Correio9 – e criticou um veículo de imprensa da capital.
Tikeira citou o fato de os jornais locais terem ouvido o lado dele, nas duas ocasiões: quando ele foi afastado e quanto retornou.
NOTA DO EDITOR: A imprensa local agiu mostrando que toda história tem um começo, um meio e um fim. Entendendo, assim, que o começo da história, não permite deduções sobre o fim que ela poderá ter.
É preciso negociar
Um grupo de vereadores está disposto a ir até as últimas consequências contra o desconto do vale-alimentação, fornecido pela Prefeitura de Nova Venécia.
O problema gira em torno do não pagamento por – eventuais – dias em que o servidor ficar afastado do trabalho em razão de alguma doença (em que apresenta atestado médico).
Segundo este grupo de vereadores, a cobrança é ilegal. Eles disseram que, se não conseguirem uma solução legal dentro da Câmara, vão procurar todos os meios legais para ‘derrubar’ o desconto.
Novos tempos na Câmara
Se por um lado surgiu uma ‘frente oposicionista’ na Câmara, por outro, o nível dos discursos, dos debates e das justificativas dos vereadores mudou muito, em relação à sessão da semana passada – terça-feira, dia 20. Naquele dia a Casa viveu um momento triste da sua história recente, com bate-boca e ofensas.
Na sessão desta terça-feira, prevaleceu o decoro esperado de uma Câmara de Vereadores. Poucas vezes (não me lembro de quando) foi possível assistir a uma sessão, com divergências tão sérias e tão bem esclarecidas.
O respeito prevaleceu, como acontece nas democracias.
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