Por Elias de Lemos – eliasdelemos@correio9.com.br
Ao romper o silêncio do governo sobre o fuzilamento do músico Evaldo Rosa por soldados do Exército, ocorrido no último domingo (7), no Rio de Janeiro, o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sérgio Moro disse que episódios do tipo “podem acontecer”, e classificou o caso como “um incidente bastante trágico”.
A declaração foi dada em entrevista ao jornalista Pedro Bial, veiculada pela TV Globo na madrugada desta quarta-feira (10).
De acordo com o dicionário Houaiss, “incidente” significa: Que incide. Superveniente. Circunstância acidental; fato que sobrevém; episódio.
O ministro considerou “incidente” a tragédia em que militares do Exército dispararam 80 tiros contra o automóvel de uma família, matando o pai, na frente do filho de sete anos.
A declaração foi transmitida por vídeo conferência ao Programa “Conversa com Bial”, e acrescentada de última hora na entrevista que Moro deu ao programa que foi ao ar nesta terça-feira (9), na TV Globo.
“Foi um incidente bastante trágico. Lamentavelmente, esses fatos podem acontecer. Não se espera, não se treina essas pessoas para que isso aconteça, mas, tendo acontecido, o que conta é o que as autoridades fazem a esse respeito”, disse. No entanto, ele não falou o que as autoridades estariam fazendo.
O fuzilamento foi no domingo e até a declaração do ministro, nenhuma palavra se ouviu do governo sobre o assunto.
De acordo com o ele, o Exército já começou a apurar o crime. “Se houve ali um incidente injustificável em qualquer espécie, o que aparentemente foi o caso, as pessoas têm que ser punidas”, acrescentou.
O carro do músico foi alvejado por 80 tiros. Ele estava acompanhado pela esposa, pelo sogro, pelo filho e por uma amiga, que conseguiram sobreviver. A família seguia para um chá de bebê.
Do presidente Jair Bolsonaro, e do vice, Hamilton Mourão, não se ouviu sequer uma palavra sobre o assunto. Questionado sobre o silêncio do presidente, o porta-voz da Presidência, Rêgo Barros, desconversou, dizendo que o presidente não manifestou pesar.
Repórter da Globo é ameaçado
O autor da reportagem sobre a operação do Exército que resultou no fuzilamento do carro Evaldo Rosa, o jornalista Carlos de Lannoy foi ameaçado de morte logo após a exibição da matéria no Fantástico, da TV Globo, no último domingo (7).
De Lannoy compartilhou, em sua conta do Twitter, a mensagem postada em nome de Erik Procópio, enviada a ele minutos depois da reportagem ir ao ar com o título “Homem morre depois que carro em que ele estava com a família foi fuzilado pelo Exército”.
Um trecho do post diz: “Mexeu com o Exército, assinou sua sentença! Sua família vai pagar! Aguarde cartas!”.Carlos prometeu levar o caso à Justiça.
Se não tem pão, coma manga
Durante sessão na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados, na última terça-feira, 9, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse, que o brasileiro não passa muita fome porque há muitas mangueiras no país.
“A agricultura, para países que já tiveram guerra, que já passaram fome, para eles é segurança nacional. Nós nunca tivemos guerra, nós não passamos muita fome, porque nós temos manga nas nossas cidades, nós temos um clima tropical. Então, aqui nós temos miséria, sim. Nós precisamos tirar o povo da miséria. Mas esses países têm muito apreço pelos seus produtores”, disse Tereza Cristina.
Tereza Cristina foi questionada sobre vários assuntos ligados ao Ministério, incluindo a liberação dos agrotóxicos, subsídios para produtores e os pagamentos por serviços ambientais (PSA), instrumento que visa fomentar a preservação ambiental e a biodiversidade e que é defendido pela ministra.
Paulo Guedes: “Lula não roubou um tostão”
O ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso há um ano na superintendência da Polícia Federal em Curitiba. A declaração foi feita durante uma reunião, realizada no dia 12 de março, com seis presidentes de tribunais de contas estaduais.
A informação foi divulgada no Blog do Juca Kfouri, segundo o qual, o ministro afirmou: “Estamos convencidos de que Lula não roubou um tostão. E seu patrimônio prova isso. Ele não teve foi quem o avisasse do que acontecia em torno de seu governo. Acabou vítima do jeito de fazer política no Brasil. Serve como exemplo”.
A declaração do ministro chama a atenção porque ele que é colega do ex-juiz federal – que condenou Lula – e, agora é ministro da Justiça Sérgio Moro no governo de Jair Bolsonaro (PSL).
Durante sua participação na CCJ da Câmara para falar sobre a proposta de reforma da Previdência, o ministro da Economia, Paulo Guedes, elogiou o combate à desigualdade social implantada pelo ex-presidente Lula.
“O Lula chegou e pegou R$ 10 bilhões só, e atingiu 40 milhões de famílias favoravelmente com o Bolsa Família. Isso é um impacto extraordinário. Mereceu ganhar uma eleição, duas eleições. Soube trabalhar. Com pouco dinheiro melhorou a vida de muitos de brasileiros”, afirmou o ministro. Esta afirmação contradiz outro colega de Moro, o ministro da Educação Abraham Weintraub, que afirmou: “Quem sabe ler e escrever, não vota no PT”.
“Queremos uma garotada que não se interesse por política”
Ao discursar na posse do novo ministro da Educação, Abraham Weintraub, na terça-feira (9), o presidente Jair Bolsonaro disse que um dos objetivos da pasta é desestimular crianças e adolescentes a se interessarem por política nas escolas e incentivá-las a se interessar por ciências, leitura e matemática.
“Queremos uma garotada que comece a não se interessar por política, como é atualmente dentro das escolas, mas comece a aprender coisas que possam levá-las ao espaço no futuro”, disse.
O presidente defendeu que é preciso buscar a “inflexão” na área da educação, e também melhorar os índices educacionais até 2022, quando termina o seu mandato.
Entretanto, Bolsonaro não disse de onde surgiriam os atores políticos do futuro.
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