Elias de Lemos (Correio9)
No ano de 2018 iniciou uma temporada intensa na vida do veneciano Richarlison. Sua transferência para o futebol foi uma das transações mais caras daquele que é considerado o campeonato mais competitivo do mundo. Depois veio a estreia pela seleção brasileira e gols marcados pelo Everton. Para comemorar a ascensão meteórica, ele veio a Nova Venécia rever a família, os amigos e acompanhar à convocação para a Copa América.
O Correio9 acompanhou a estada do jogador em Nova Venécia, a emoção dele e da família e o orgulho dos amigos. Humilde e sentado no chão da sala da casa da sua avó Sebastiana, rodeado por familiares e amigos ele assistiu, pela TV, o anúncio do seu nome para a sua primeira disputa oficial pela Seleção Brasileira.
Lá, estavam a bisavó Julita, a avó Sebastiana, o avô João, o pai Antonio, a mãe Vera, o tio Elton e muitos primos.
Em pouco mais de três anos, Richarlison exibe um currículo admirável. Com passagens pelo Fluminense e dois clubes da Premier League – Waltford e Everton – o atacante foi convocado por Tite para a Seleção Brasileira. Sua carreira, porém, foi marcada por um início complicado, com dificuldades na infância e na adolescência até despontar no futebol profissional.
Ele começou, com muito sucesso no América-MG, sendo considerado uma revelação. Em seguida, foi para o Fluminense, onde construiu uma relação de amizade com o treinador Abel Braga. Posteriormente o brasileiro foi para o Watford e agora defende o Everton, que teve bom início na Premier League, com Richarlison fazendo três gols nas três primeiras rodadas. A convocação para a Seleção é apenas mais uma boa notícia na carreira ascendente, mas que só demonstra a grandeza do Richarlison.
Mas, não foi simples chegar lá
Richarlison Andrade, 22 anos, começou sua carreira como jogador profissional no América-MG. Revelado pelo clube em 2015, o jogador despontou no clube mineiro e apareceu para o futebol brasileiro. No entanto, antes do reconhecimento, sua trajetória foi difícil. Como muitos meninos brasileiros, o jogador passou dificuldades financeiras em sua infância e viu no futebol uma forma de construir uma vida melhor para si e sua família.
Da infância à adolescência, antes de começar no esporte, chegou a trabalhar limpando carros, vendendo picolé e como ajudante de obra para ajudar a família. O atacante começou sua trajetória jogando futebol em clubes pequenos do Espírito Santo, mas não conseguiu um teste de imediato no clube mineiro. Antes disso, foi recusado pelo Avaí e pelo Figueirense.
Quando apareceu a oportunidade no clube mineiro, Richarlison deixou Nova Venécia, apenas, com o dinheiro da passagem de ida e sabia que seria uma chance única. Se esforçou e agarrou a oportunidade. Teve rápido reconhecimento, com boas atuações, nas divisões de base na Toca do Coelho e subiu para a equipe principal.
Pelo América-MG foram 24 jogos, com nove gols e quatro assistências, que fizeram com que seu desempenho fosse determinante para o acesso da equipe para a disputa da primeira divisão do Campeonato Brasileiro de 2016.
Richarlisson e Abel Braga
O desempenho no América despertaram a atenção do Fluminense. O clube carioca investiu R$ 10 milhões na contratação do atacante.
Mas, o começo no Tricolor não foi dos melhores sendo marcado por uma lesão que fez com que o atacante fosse perdendo seu espaço na equipe. Em sua primeira temporada à frente do clube, Richarlison participou de 26 jogos, marcando, apenas, três gols e dando uma assistência.
No ano seguinte, em 2017, porém, um treinador foi fundamental para que a sua carreira desse uma guinada. Abel Braga chegou ao Fluminense no início de janeiro de 2017. Sob seu comando, Richarlison viveu um dos melhores momentos de sua carreira.
Ele se tornou peça fundamental na equipe do Tricolor nas campanhas da Copa Sul-Americana, Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil e do Campeonato Carioca. Richarlison fez 15 gols com Abel Braga.
A estreia na Premier League
O ótimo desempenho no Fluminense em 2017, com respaldo nas grandes atuações pelo América-MG e o grande potencial que o jogador poderia oferecer, foram determinantes para sua contratação pelo Watford, da Inglaterra, em 2017.
O clube pagou ao time carioca cerca de 11,5 milhões de euros (R$ 57 milhões na cotação da época) e contratou em definitivo o atacante brasileiro. Na época o Ajax, da Holanda, também fez proposta pelo brasileiro.
Entretanto, a proposta do Watford, garantia 10% do valor de uma venda futura ao Fluminense, o que pesou para sua ida para o futebol inglês. Com isso, o menino que saiu de Nova Venécia apenas, com o dinheiro de ida, agora, estava no campeonato mais rico e mais disputado do futebol mundial: a Premier League.
Estreou bem, se adaptando ao estilo de jogo e ao nível do futebol inglês, porém, não conseguiu manter as boas atuações, tendo um desempenho irregular, mas satisfatório ao final da temporada. Antes de uma partida contra o Chelsea, em outubro de 2017, questionado pelo jornal inglês ‘The Mirror’ se teria medo de enfrentar o clube, que é um dos mais tradicionais do País, Richarlison surpreendeu pela franqueza da resposta: “Quando eu crescia no Brasil, um homem uma vez apontou uma arma na minha cara, porque pensou que eu era um traficante querendo roubar seu ponto de distribuição. Essa foi a minha vida. Depois disso, jogar contra o Chelsea parece ser muito mais fácil”, declarou.
A carreira no Everton
A trajetória do jogador foi crescendo de forma linear. O Fluminense pagou 10 milhões de Reais para contratar o atacante – lá atrás em 2016 – e o Everton pagou 176,4 milhões de Reais para contar com o atacante promissor. Além do aumento nos valores, o seu desempenho também foi crescendo desde que começou no América-MG.
A convocação para a Seleção
No futebol profissional sua carreira está sendo meteórica. Em três anos, já foi destaque de uma série B, jogou por um clube grande brasileiro e já defendeu dois clubes da Premier League, sendo destaque em todas as equipes. Com esse agregado de sucesso, o jogador conseguiu realizar o sonho de todo menino brasileiro que joga futebol: ser convocado para a Seleção pentacampeã.
Richarlison já participou de amistosos da Seleção, contra os Estados Unidos e El Salvador, nos dias 7 e 11 de setembro, respectivamente. Com uma carreira que teve um início difícil, Richarlison superou barreiras e com suas jogadas driblou o destino. Em sua trajetória, o jogador foi evoluindo, conquistando o seu espaço e a tendência é que continue alçando voos ainda mais altos.
Depois da convocação, na sexta-feira, 17, ele relembrou sua história e como foi difícil vencer as armadilhas da vida. Falou dos rótulos que recebeu e de como foi discriminado: “Muita gente falava que eu ia virar bandidinho. Que eu era vagabundo. Lutei, não lutei sozinho, contei com minha família, que sempre me apoiou e com amigos que acreditaram e não desistiram de mim. Agora estou lá”.
JOGO BENEFICENTE
Sua passagem por Nova Venécia, no último fim de semana, agitou a cidade e a colocou no noticiário mundial. Também pudera, afinal, hoje Richarlison é o filho mais ilustre nascido em terras venecianas.
No próximo dia 13 de julho, o ‘menino guerreiro’ volta a Nova Venécia para participar do “Jogo Beneficente, Richarlison e Amigos”. A partida acontecerá às 16 horas no estádio Zenor Pedroza Rocha. O evento é promovido pela Rádio Cidade FM (101,1), com apoio do Correio9, e tem o objetivo de arrecadar alimentos para instituições beneficentes de Nova Venécia. Em 2018 foram arrecadadas quase quatro toneladas, que ele fez questão de entregar aos beneficiados.
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