O diretor-presidente da Petrocity, José Roberto Barbosa da Silva participou, recentemente, no auditório da FVC em São Mateus, de um seminário para debater o projeto de construção da Estrada de Ferro Minas-Espírito Santo. José Roberto esteve reunido com empresários empresários e representantes de municípios capixabas e mineiros. A ferrovia é projetada de Belo Horizonte (MG) ao Complexo Portuário de São Mateus, em Uruçuquara, cujos estudos ambientais tramitam no Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos.
O seminário foi agendado durante encontro na Assenor do diretor-presidente da Petrocity, José Roberto Barbosa da Silva, com empresários mateenses.
José Roberto disse que o projeto do Complexo Portuário, previsto para iniciar a instalação no início de 2019, está bem avançado, aguardando análise e aprovação dos estudos ambientais no Iema. “Um farto material acima de quatro mil laudas”, detalhou. De acordo com o diretor-presidente, assim como no porto, a Petrocity está à frente do desenvolvimento do projeto da ferrovia, com outras empresas, “com conceitual concluído e protocolizado em Brasília (Governo Federal)”.
Segundo José Roberto, o encontro com representantes dos municípios do norte e noroeste do Espírito Santo, com o setor produtivo e prefeituras, teve o objetivo de apresentar o projeto, para que eles possam também contribuir com o projeto da ferrovia.
Ele disse que a estrada de ferro é ultramoderna, de bitola larga, com vagões maiores que os convencionais, com propósito de integrar a produção de Minas Gerais e de municípios capixabas ao Oceano Atlântico. O projeto também contempla unidades de transbordo do transporte rodoviário para o ferroviário.
Por essa ferrovia serão transportados containers, grãos, celulose, produtos siderúrgicos, carnes, frutas, laticínios, veículos e rochas ornamentais, como o granito. O investimento previsto, somente para a implantação da EFMES é de R$ 6,5 bilhões.
MEGAPORTO MULTICARGAS
Enquanto luta para superar as dificuldades financeiras, a Odebrecht Engenharia e Construção (OEC) deu um passo para engordar sua carteira de contratos. Assinou um acordo com a Petrocity Portos para construir um megaporto multicargas privado no Espírito Santo. Com valor de obra estimado em quase R$ 10 bilhões, é o maior negócio da OEC no Brasil desde a Operação Lava-Jato. A empresa fará estudo, projeto e construção do empreendimento.
Obter novos contratos é crucial para a sobrevivência da OEC. Ao longo dos últimos três anos, a construtora tem visto sua carteira de obras encolher em decorrência da Lava-Jato, da recessão econômica e de problemas em países que são tradicionais clientes.
O intuito da Petrocity é começar as obras ainda no primeiro trimestre de 2019 e iniciar as operações do porto em 2021. A Petrocity foi criada em 2013 por um grupo de investidores brasileiros e estrangeiros e conta com um fundo árabe que bancará 100% do financiamento. Por acordo de confidencialidade, os nomes não podem ser revelados até a obtenção da Licença de Instalação, disse o diretor-geral José Roberto Barbosa em entrevista ao Valor.
Denominando Complexo Portuário de São Mateus, o porto será construído no Norte do Estado e dentro da área de abrangência da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), que concede incentivos e benefícios fiscais. “Será o primeiro porto do Sudeste dentro da região da Sudene”, disse Barbosa.
O porto terá área de 1,5 milhão de metros quadrados e 5,2 mil metros de cais, sendo 1,8 mil metros de cais frontal e o restante dividido entre dois píeres de atracação. Poderá receber grandes embarcações com calado de até 16 metros – caso raro em portos do Sudeste.
Haverá área para movimentação de contêineres, cargas rolantes, rochas ornamentais – o Espírito Santo é a capital do Brasil na produção desse bem -, atendimento offshore e reparo naval.
Cada uma dessas cargas terá um operador âncora no porto, sendo o mesmo para cargas rolantes e contêineres, outro para petróleo e gás e um terceiro para a operação de rochas ornamentais. Esta última ficará a cargo da multinacional de origem italiana Marmi Bruno Zanet, considerada uma das maiores empresas de mármore e granito do mundo.
A estimativa é que no primeiro ano de operação o Complexo Portuário de São Mateus movimente 11 milhões de toneladas.
Segundo Giorgio Bullaty, gerente de contratos da OEC, a companhia já construiu 55 portos ao redor do mundo. Alguns demandaram soluções ambientais engenhosas, como a Embraport, em Santos, da qual o braço de investimento em concessões da Odebrecht foi sócio. O material contaminado retirado da água foi limpo e contido em “geobags” que ficaram confinados embaixo da estrutura do terminal.
O memorando de entendimentos assinado entre a Petrocity e a OEC prevê que a construtora prestará ajuda na obtenção das licenças usando a experiência técnica da equipe de meio ambiente. “Após as licenças, teremos a exclusividade da construção”, afirmou Bullaty.
Os R$ 2,1 bilhões são um valor estimado de quanto custarão as obras baseado em um cronograma inicial de trabalho. Assim que as licenças saírem será elaborado um novo orçamento, portanto o preço final da obra pode oscilar. “Mas esse valor parece compatível”, disse Bullaty.
Um dos negócios que estão no radar é a operação de cabotagem. Barbosa, da Petrocity, diz que hoje muita carga originada no Espírito Santo é escoada por portos de outros Estados.
O executivo cita como exemplo a Marcopolo, que tem uma fábrica na região, porém boa parte da produção sai por outros estados. Com o porto a menos de 50 quilômetros da unidade fabril, os ônibus da empresa terão uma opção mais racional à porta.
Entusiastas do Projeto
No dia 24 de outubro o empreendedor do ramo de mineração Julieversom Alves, de Barra de São Francisco, se reuniu com o agente político do senador Ricardo Ferraço, Geam Maforte, para dialogar sobre o projeto, que agora pode virar realidade, graça a “Construtora Odebrecht” que mira a região em 2019.
Entre as conversas de Julieversom e Geam nesse dia, estavam em teoria o assunto sobre a linha férrea para passar na região, “talvez porque não dentro de Vila Itaperuna, Vila Paulista, Vila Pavão e Nova Venécia”. Regiões com maiores concentrações de pedra ornamentais e serraria de granito.
Empolgados com a ideia, os jovens amigos de longa data lançaram nas redes sociais a hashtag #ValeDoGranito, que agora pode ser finalizar como #ValeDoGranitoMGES.
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