A mulher apontada pela Polícia Civil como mãe da recém-nascida abandonada em um gramado próximo à Administração da Candangolândia, no Distrito Federal, na manhã de domingo (17), disse ter se arrependido e que teria agido por desespero.
A mãe da bebê, de 37 anos – que não teve a identidade divulgada – deixou a menina no jardim logo depois de dar à luz. Mesmo arrependida, ela contou que não teve coragem de voltar para buscar a criança com medo de ser vista pelos vizinhos.
“Eu deixei perto porque eu imaginei: se chover, acontecer alguma coisa, eu vou lá buscar. Eu me arrependi para ir buscar, mas, quando eu arrependi, já tinha amanhecido o dia, não tive mais coragem de ir, porque fiquei com medo. Se tivesse escuro eu tinha ido buscar ela. Eu tinha ido buscar”.
“Deus sabe que eu não sou ruim.”
Na delegacia, a mulher contou ainda que tem outros cinco filhos – um deles ainda é um bebê de um ano de idade. Desempregada, ela disse que sustentava a família com o seguro-desemprego que terminou em fevereiro e ficou desesperada com a falta de perspectiva.
“Aí depois que eu tive ela eu limpei, enrolei ela na manta, e levei ela. Porque eu imaginei que eu ia fazer o quê? Para mais uma, eu não tenho nem para os que estão lá. Eu pago o meu aluguel, trabalho, eu sustento meus filhos. Só que o que que acontece é que em fevereiro acabou o meu seguro (desemprego). Aí você começa a ver os dias passarem e chega perto do dia de você pagar, você não tem. Vai recorrer para quem?”.
Abandono de incapaz
A mulher foi encontrada pela polícia em casa, nesta segunda-feira (18), a poucos metros de onde a bebê foi deixada. Ela vai responder por abandono de incapaz e pode pegar até quatro anos de prisão.
De acordo com o delegado-adjunto da 11ª DP, Bernardo de Mello, a mulher deu à luz sozinha e teria deixado a menina no canteiro por volta das 6h de domingo – o Corpo de Bombeiros a resgatou às 9h30.
O delegado explicou que a mulher deverá ser encaminhada para uma audiência de custódia na terça-feira (19), quando o juiz definirá se ela vai cumprir a pena em regime fechado ou aberto. Mello disse que a suspeita não tinha passagens pela polícia.
Rodeada de flores
Maria Flor, como foi batizada informalmente pelos bombeiros do 19ª batalhão, media 34 centímetros e pesava 2,945 quilos quando foi resgatada. A menina estava de fralda, embrulhada em uma manta e rodeada por flores, segundo o Corpo de Bombeiros.
A criança foi transferida para um leito na UTI Neonatal do Hospital Materno Infatil (Hmib) na manhã de segunda, após o estado de saúde da recém-nascida Maria Flor ter se agravado.
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