Em tempos em que a maioria dos brasileiros discute planos e metas para o futuro em uma aposentadoria tranquila, um homem de 83 anos (completa 84 em setembro) – 70 deles prestados como sapateiro – batizado como José Gomes Lopes, conhecido como Zé Sapateiro, por problemas na visão anuncia sua real aposentadoria em Nova Venécia.
A história profissional de ‘seu’ Zé começou em Aimorés, Minas Gerais, em 06 de fevereiro de 1953. Depois, quatro anos mais tarde mudou-se para Nova Venécia, mais precisamente em 02 de janeiro de 1957. Em terras venecianas fincou terreno primeiramente à Rua Colatina, onde trabalhou com Clodomiro Campo Dall’orto (que foi vereador pelo Município e já falecido) e com Manoel Aranha, também já falecido.
Em 1969 mudou de endereço e passou a trabalhar onde até hoje mantém a sapataria, ao lado do Bradesco e em frente à Praça Jones dos Santos Neves, centro da cidade.
Em meio ao trabalho, ‘seu’ Zé conheceu Maria Alda Bernabé Lopes, 80 anos, sendo que 59 deles foram vividos ao lado do marido, com quem completa este ano 49 anos de casados.
Bastante conhecidos na cidade, o casal lembra que os trabalhos desenvolvidos na sapataria já realizaram o sonho de muitas personalidades e madames da cidade. Além de consertar, os proprietários também fabricavam calçados em épocas passadas.
Em tantos anos de labuta uma certeza ficou. Segundo o casal, de dez pessoas que deixam calçados para consertar, nove deixam claro que voltarão no mesmo dia para apanhá-lo e nunca acontece. “A maioria até volta, mas três, quatro meses depois”, revela Maria Alda. Não à toa há um recado na parede do estabelecimento proclamando prazo para pegar o produto ali deixado sob pena de ser vendido para terceiros. “É uma luta”, confidenciam.
Nos dias de hoje, com a idade já avançada e problemas afetando a visão, ‘seu’ Zé revela à reportagem do Correio9 que está na hora de parar e diz que todo o maquinário – composto por cinco deles – prateleiras e material de trabalho estão à venda (telefone: 3752-2531). O histórico ponto também pode ser alugado por interessados em manter a sapataria ou abrir um novo tipo de empreendimento.
Com a ‘aposentadoria’’ de ‘seu’ Zé, ficam histórias, nostalgia e a certeza de muito trabalho desenvolvido em prol do município e de sua população, que agradecem o carinho com que em sete décadas foram agraciados com um trabalho que além de profissional, tem o seu lado artesanal.
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