Paula Ferreira
A transformação da “masculinidade hegemônica” entrou na ordem do dia do combate ao feminicídio no quinto país do mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), com maior número de mortes violentas de mulheres. Grupos de discussão coordenados por Tribunais de Justiça país afora promovem rodas de conversa entre agressores e abordam temas relacionados a gênero para incentivar mudanças no comportamento. Neles, está em xeque o estereótipo do homem incapaz de demonstrar fragilidade, não chorar ou falar sobre seus sentimentos.
Os padrões de masculinidade em que grande parte dos meninos são forjados carregam, dizem especialistas no tema, características autoritárias que, elevadas às últimas consequências, estariam na raiz da escalada de casos de violência contra a mulher.
O desejo de romper com a masculinidade tóxica tem motivado ainda a criação de cursos voltados para discutir as posturas perpetradas pelos homens. No Rio, um seminário pago sobre o tema tem lotado sala no centro da cidade.
— O padrão do que é ser homem está marcado por uma noção de superioridade sobre as mulheres. Isso determina práticas específicas em que homens se identificam como tal a partir do agir violento. Mas não existe uma essência violenta em ser homem, é uma imagem que se constrói por uma noção de poder — explica o sociólogo Tulio Custódio.
Uma relação desigual
Criado em 2007, com base na Lei Maria da Penha, o “Grupo reflexivo com autores de violência doméstica”, coordenado pelo TJ-RJ, atende, em oito encontros, homens condenados por violência contra a mulher.
— Só faremos a ruptura da violência contra a mulher se trabalharmos com os homens. Observamos que, com os padrões sociais internalizados, os agressores imputam às mulheres a responsabilidade pelos delitos deles. Só cuidar da proteção delas não é suficiente — diz a juíza Adriana Mello, do Juizado de Violência Doméstica e Familiar do TJ-RJ.
A eficácia desse tipo de trabalho foi analisada pela psicóloga Cecília Soares, pesquisadora em gênero e violências, que acompanhou as atividades do grupo do TJ-RJ. Em sua tese de doutorado ela concluiu que os encontros têm impacto no comportamento dos agressores, mas não suficiente para ocasionar uma mudança perene.
— Os grupos freiam a violência. Depois que participam deles, boa parte dos homens pensa antes de cometer novamente uma agressão, mas isso não basta para mudar a relação de desigualdade — diz ela. A pesquisadora defende ainda que a desconstrução das relações de desigualdade e violência deve ser levada para o currículo das escolas.
Já a historiadora e professora da Faculdade de Educação da UFRJ, Giovana Xavier, aponta ser preciso abandonar conceitos estruturados há tempos na sociedade.
— Esse padrão tem muito a ver com a história escravocrata do Brasil. Mas a cultura do patriarca não condiz com a realidade. Durante a história as mulheres assumiram posições de comando em casa, na família e no mercado de trabalho — explica, acrescentando: — Esperamos que as gerações presentes e futuras de homens aprendam a reconhecer seus medos e limites. E busquem ferramentas para se reinventarem em algo mais criativo e inovador do que, por exemplo, a figura do senhor de engenho.
Estudos mostram que os homens são impactados pelas amarras da masculinidade em voga, tornando-se, muitas vezes, indivíduos isolados. Diante desse quadro, a Associação Americana de Psicologia (APA) publicou, pela primeira vez, neste mês, diretrizes para ajudar psicólogos a trabalharem com homens e meninos.
A organização justifica que a “masculinidade tradicional é psicologicamente prejudicial” e causa “danos que repercutem interna e externamente”. Marcado pela competitividade e agressão, este comportamento aumenta a probabilidade da violência contra eles mesmos ou destinada a terceiros, especialmente, as mulheres.
Pesquisa aponta que mais de 500 mulheres são agredidas a cada hora no Brasil
Pesquisa diz ainda que na média, por hora, 177 são espancadas; 76% das mulheres vítimas de violência contam que o agressor era conhecido.
Uma pesquisa sobre a violência contra mulheres no Brasil concluiu que mais de 500 foram agredidas fisicamente a cada hora em 2018. E na maioria dos casos, por pessoas conhecidas.
Guardas civis levam uma vítima de agressão e ameaças para um centro de atenção à mulher da Grande São Paulo, uma rotina tristemente comum em todo o Brasil.
Em 2018, segundo um levantamento do Datafolha, encomendado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 16 milhões de mulheres acima de 16 anos sofreram algum tipo de violência: 3% ao se divertir num bar, 8% no trabalho, 8% na internet, 29% na rua e 42% em casa.
O número de agredidas fisicamente alcança quase cinco milhões de mulheres, uma média de 536 mulheres por hora em 2018; e 177 espancadas.
A pesquisa mostra que 76% das mulheres vítimas de violência contam que conheciam o agressor: o marido, um ex-namorado, um vizinho. E quando perguntadas o que fizeram depois da agressão, mais da metade respondeu: nada – sequer chamou a polícia. Um dado que revela como pode ser difícil quebrar o silêncio.
“É muito complicado. Por isso que as pessoas, às vezes, não denunciam, por medo. Eu não tinha coragem de denunciar”.
Uma jovem começou a ser agredida pelo marido um ano depois do casamento. Nas fotos, as marcas de socos, vassouradas, o empurrão de uma escada. Só depois de sete anos, ela perdeu o medo de denunciá-lo. E o motivo: a filha pequena, que testemunhava a violência, se tornou agressiva na escola.
“Foi o que me deu força para denunciar porque estava mexendo até com o psicológico da minha filha”.
Para a responsável pela pesquisa, é preciso melhorar a estrutura para receber quem sofre violência, não apenas Delegacias da Mulher, que existem em só 8% dos municípios brasileiros.
“Ela vai precisar de uma assistente social, muitas vezes ela precisa de um encaminhamento para o sistema de saúde, se o caso dela envolve guarda de filho, ela precisa do apoio da Defensoria Pública. Se ela está numa situação de alto risco, ela precisa ser deslocada para uma casa abrigo para ter a sua vida resguardada, preservada”, disse Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
A jovem que denunciou o marido vive hoje sob medida protetiva – ele não pode se aproximar. Ela sonha com uma vida tranquila, mas jamais vai esquecer o que enfrentou.
“Talvez as agressões no corpo podem até sumir, mas o que fica dentro da gente não some nunca”.
Cirleia Silva de Oliveira
O que temos para comemorar?
Dia Internacional da Mulher. Um dia para ser lembrado, mas não para ser comemorado. Ninguém, em sã consciência, comemoraria esse dia em um país onde a cada cinco minutos uma mulher é agredida; a cada 11 minutos, uma mulher é estuprada, uma mulher é assassinada a cada 2 horas. Por mais que digam que o feminicídio não existe, os dados estão aí para provar que sim.
Dados como esses despertam em mim uma profunda indignação, em especial, por saber que o maior percentual desses dados é composto por mulheres negras, conforme podemos comprovar através do Atlas da Violência/2018. Mas, essa indignação precisa ser transformada em força motriz que me permita elaborar uma reflexão que seja tão potente que consiga realmente alcançar a compreensão de cada leitor, de cada leitora e, neste 08 de março, precisamos mais uma vez, lutar, não apenas por melhores condições de vida da mulher, mas, em especial , por melhores condições de sobrevivência da mulher negra e, por mais complexo que possa parecer para alguns, por mais que possa ser interpretado como mimimi, o lugar que mulher negra ocupa na sociedade se apresenta cada vez mais desigual, cruel e sujeito às mais diversas formas de violência para as mulheres não negras. E nesse lugar onde nos encontramos, precisamos ser resilientes e potentes para reagir à opressão, para não sermos silenciadas e, sobretudo, para rearticular formas de dar voz a tantas outras coletivamente.
O 8 de março da mulher negra é diferente. Diferente, porque temos que lidar com múltiplas frentes. Ao mesmo tempo em que precisamos marchar pela pelo fim da violência contra todas as mulheres, precisamos discutir a saúde da mulher negra, a mulher negra no mercado de trabalho, a solidão afetiva da mulher negra, fruto de tantos preterimentos, a autoestima das mulheres negras vítimas de toda sorte de manifestações racistas tanto no mundo real, quanto no virtual e suas implicações no cotidiano dessas mulheres.
Precisamos criar oportunidades para discutir e buscar alternativas para o feminicídio. Ao mesmo tempo que precisamos denunciar o genocídio da população negra e a justiça seletiva racial existente no sistema penal que encarcera os homens negros; isso quando não os imobiliza e mata com golpes de ‘mata-leão” com a anuência e aval do Estado Brasileiro.
E assim prosseguimos numa luta coletiva e incessante. Incessante porque não há um dia sequer que o racismo não bata em nossa porta; não bata em nossa cara e a gente vai aprendendo a enfrentar o racismo conforme o racismo vai batendo na gente. Esse mesmo racismo que apagou tantas mulheres como Carolina Maria de Jesus, Virgínia Leone Bicudo, Antonieta de Barros, Adélia Sampaio entre tantas outras que estão localizadas nos quilombos, nos campos, nas grandes e pequenas cidades tendo em comum o fato de que sabem que precisam lutar, incansavelmente, todos os dias e que lutar é preciso e que não importa a época, afinal, não dá para esperar benevolência de quem nos oprime, em um cenário onde a violência está naturalizada. De punho fechado e erguido, prossigo. Fragilmente forte, paradoxalmente, eu.
Que 08 de março seja convertido em um dia de luta por melhores condições para a mulher na sociedade e que essas condições estejam pautadas no respeito e que esse respeito se dê na sua real essência, que nos permita viver e não apenas sobreviver, como tem sido até então.
* A autora é professora em Nova Venécia
Nosso maior desafio é a sobrevivência, pura e simplesmente
Eliana Maria Lemos
Quando eu era bem pequena, na fase dos quatro para os cinco anos, eu queria muito ser homem. Não me entenda mal, não era nenhuma dificuldade de identificação de gênero, sou muito bem resolvida com minha feminilidade, mas a minha vontade de ser do sexo masculino era porque já na primeira infância eu percebia que a vida dos homens era bem mais fácil e divertida que a das mulheres. Essa minha percepção só cresceu ao longo da minha vida. De fato, tudo para os machos da espécie humana é melhor em todos os aspectos. Mulher é bicho esquisito, todo mês sangra, já cantou Rita Lee. Homem não. Eles não sabem o que é o desconforto de ter que usar absorvente, das cólicas, e ter que suportar o inferno da TPM. Aliás, se os homens imaginassem o perigo real que é lidar com uma mulher nessa fase do mês, possivelmente não fariam nada para contrariá-las. Mulher com TPM pode fazer qualquer maluquice! Numa das minhas crises já joguei um balde cheio de roupa molhada, do meu então marido pela janela do apartamento que ficava no sexto andar, por que ele estava me enchendo a paciência. Até hoje sempre que me lembro disso agradeço a Deus por não ter atingido ninguém.
Voltando ao fio da meada, ainda do ponto de vista biológico, mulher engravida e, embora a maioria considere esta capacidade uma dádiva, que de fato é, passar pelo rito da gestação é uma coisa muito louca, e também muito sublime. Gestar outra vida é ter seu corpo totalmente transformado, virado de ponta a cabeça. Tive essa experiência uma única vez. Para mim foi o suficiente. E no meu caso nem posso reclamar. Minha gravidez foi muito tranquila, tirando os três meses de enjoos ininterruptos, os vinte quilos a mais e os pés inchados, posso dizer que tirei de letra! Quanto ao parto, bem, aí a história já é outra.
Não vou dizer que foi ruim. Foi péssimo! Nunca senti uma dor como aquela; o meu foi normal por escolha própria, cada contração parecia que eu estava me rasgando toda por dentro. O que me consolava era pensar que uma hora ia acabar e que era um sofrimento que me traria algo muito bom. Deu certo. Sofri pouco, das sete até as 11h25m quando minha Alícia nasceu com 4,560 kg e 53cm. Agora pensa bem o que é um corpo desse tamanho passar pela abertura que passa, não é uma loucura? A natureza não podia ter criado outro meio? Como um homem pode saber o que significa uma experiência dessas? Como pode entender que depois que dá a luz é muita coisa para assimilar e aceitar: é o corpo que vira uma bola murcha (os primeiros dias a barriga fica muito esquisita) os seios inchados e doloridos, a região genital toda machucada, e aquele serzinho que depende de você para tudo. Sem contar as visitas, que mesmo bem intencionadas, te obrigam a ser sociável num momento que tudo o que a mulher quer é ficar deitada e dormir pra ver se aquilo tudo passe rápido.
A maternidade é, sem dúvida nenhuma, a maior, melhor e pior experiência que uma mulher pode ter. É tudo no extremo. Não tem meio termo. Mulher quando pari pode ter absoluta certeza que nunca mais vai ter uma noite tranquila. Ela sempre vai estar preocupada com alguma coisa! Já o homem vive a paternidade de uma forma mais “distante”, digamos assim, os laços com o filho não são tão viscerais. Talvez por isso o número de pais que abandonam os filhos é muito maior que o de mães.
Além das questões biológicas, que já pesam, a mulher também enfrenta a dupla ou, melhor, a tripla e até a quarta jornada de trabalho. É mãe, dona de casa, profissional, amante. Sem contar os adicionais que a sociedade impõe como ser perfeita, bem cuidada, inteligente e bem humorada. À medida que a sociedade vai mudando, a mulher vai acumulando mais e mais tarefas, enquanto os homens que antes eram os provedores, hoje muitos não tem pudor nenhum em deixar isso à cargo delas também. Segundo a Pesquisa Por Amostra de Domicílio Contínua do IBGE, nos últimos 15 anos o número de famílias chefiadas por mulheres mais que dobrou no Brasil, com um crescimento de 105%, o que significa que 40,5% das residências tem uma mulher no comando. As causas para essa situação devem-se, segundo o estudo, ao empoderamento feminino e ao abandono. Ou seja, as mulheres estão evoluindo e assumindo mais e mais responsabilidades.
Um dos maiores desafios da mulher de hoje é a sobrevivência pura e simplesmente. Os números da violência e do feminicídio crescem assustadoramente. Muitos homens têm se transformado em predadores das fêmeas de sua espécie, amparados nas leis frágeis que não punem com o rigor necessário esses criminosos. Mulheres estão apanhando e morrendo todos os dias sem que a sociedade se mobilize para limitar esse tipo de crime.
A fragilidade física, que transforma fêmeas em vítimas de machos acovardados, se transforma em força e garra na defesa de suas crias, de sua família. Mulher nunca é uma só. São várias habitando o mesmo corpo, a mesma alma!
Quando eu, na minha infância desejava ser homem, baseada só nas minhas observações de menina, não imaginava que ser mulher pudesse ser tão complexo e tão encantador!
O dom de ser mulher
Sebastião Rocha
Durante muito tempo dizia-se que “atrás de um grande homem existe uma mulher”, os tempos mudaram não porque nós homens quisemos, mas porque a mulher sempre foi mais forte e passou a caminhar junto, ao lado do homem conquistando delicadamente sua posição, agora não mais atrás.
Mulher é decisão, razão deixando transparecer sensibilidade, se fazendo perceber com cabelos lisos ou cacheados, apenas sendo mulher. Aquela que sabe ser ouvidos e muitas vezes emprestando seu ombro amigo e colo maternal, mesmo sem ter filhos, se fazendo bonita com ou sem maquiagem, independente das vestes, seja de grife ou jeans e camiseta, torna-se atraente pela segurança ao olhar.
A mulher consegue ocultar seus desejos e explodir em emoções, consegue ser menina mesmo na “terceira idade, é experta quando consegue sobressair numa sociedade machista sendo verdadeira, ser amor, ser atraente pelo que seu corpo transmite, consegue comunicar pelo olhar, pelo corpo, pelos lábios, simplesmente por sua essência, pelo dom de ser MULHER!”
Mulher, se toca!
* Natache Fiel
Você vive sua sexualidade livremente e prazerosamente? Como foi seu aprendizado sobre sexo? Você conversa com sua família sobre sexo? Você dedica tempo e energia para cuidar da sua sexualidade? Qual o significado do sexo na sua vida?
A energia sexual é a nossa segunda maior energia, a primeira é a própria vida. É a energia sexual que nos move para a criação, criatividade, renovação, realização em todas as áreas da vida. Onde tem vida tem energia sexual.
O sexo é uma benção divina, é a forma pela qual nos conectamos com a natureza do ser, com a nossa divindade. Sexo é troca de energia vital.
Creio que nunca se falou tão abertamente sobre sexo nas mídias, escolas, reuniões informais, etc,. Mesmo assim, quantas neuroses alimentadas pelo desequilíbrio da energia sexual. Quantos problemas emocionais, físicos e psicológicos envolvendo a sexualidade humana.
A mulher ainda desconhece suas zonas erógenas porque não sabe tocar o próprio corpo, ainda finge orgasmo, ainda transa sem vontade para agradar o parceiro, ainda mente que está doente para não transar porque não sente-se liberta para simplesmente dizer que não está a fim, ainda encena em posições que não surtem qualquer excitação, ainda associa amor romântico ao sexo, mesmo livre, ainda reprime a sexualidade.
Acredito que a principal causa ainda é a cultura machista, tão nociva aos homens e mulheres. O machismo alimenta tabus impactantes na nossa mente. Alguns tabus são tão sutis que normatizam a cultura do assédio e da submissão da mulher perante o homem.
Mulher, se toca! Assuma a responsabilidade por sua sexualidade, seu prazer, sua saúde. Invista em autoconhecimento, compreenda seus medos e crenças limitantes. Faça análise. Aprenda a criticar todos os pensamentos que roubam o seu prazer, que te colocam em condição de inferioridade. Tome posse do seu corpo, da sua saúde e do seu prazer. Compreenda que seu corpo não é um fim, mais sim um meio pelo qual você pode acessar um poder incrível de realização, uma conexão com a sua divindade. Aprenda a viver presente e consciente.
(* Psicanalista, Sexóloga e Coach de Relacionamento
e sexualidade)
Mulheres especiais!
Fernanda Pratti Piontecowski
Estamos no século XXI, mas ainda há uma certa ignorância de que as mulheres são o sexo frágil. Enganam-se aqueles que pensam assim. A mulher é um ser abençoado e divino. Ela foi planejada por Deus para vir ao mundo e cuidar de outras pessoas, com a capacidade de gerar outro ser, dentro de si, e trazê-lo ao mundo sofrendo uma dor quase insuportável. Ela aguenta firme e traz ao mundo aquele ser para cuidar, para amar. É claro que em toda regra há exceção, mas creio que dentre todas, a maioria é capaz de tirar de sua boca para alimentar um filho…
Mas, não existem só as mulheres mães, existem muitas mulheres corajosas e de fibra, que suportam muitas coisas, que trabalham para sustentar-se, que optam por viverem suas vidas sem “depender de ninguém”, e tantas outras mulheres que existem pelo mundo afora que vivem suas vidas como bem querem e entendem, digamos assim.
Mas neste dia especial eu quero falar sobre mulheres que sofrem com uma doença ainda pouco conhecida e/ou falada apesar de estarmos, repito, no século XXI. Uma doença chamada depressão; essas mulheres vivem, ou sobrevivem? Eu respondo!
Essas mulheres vivem! Falo por experiência própria, nós vivemos, nós lutamos todas as manhãs para levantarmos de nossas camas, para cuidarmos do nosso corpo, da nossa casa, da nossa família; porque não é fácil conviver com uma doença invisível que a maioria das pessoas julga como sendo ‘frescura’, que fala sem saber do que, ou com o que estão lidando.
Já fui julgada, fui zombada, fui criticada por ter que sobreviver através de remédios para complementar aquela força que vem lá de dentro para podermos seguir firmes em nossas vidas. Quis falar neste dia especial sobre as mulheres que sofrem deste mal, para que, aquelas que lerem esse pequeno texto, saibam que, assim como eu, existem várias outras que justamente por causa desse tal e maldoso preconceito, não se mostram, não pedem ajuda, têm vergonha de se expor e serem julgadas também.
Quero aqui como uma pessoa que sofre deste mal há muitos anos, falar pra você mulher, que não tenha medo, nem vergonha. A você que ainda não procurou ajuda, que procure, pra que as pessoas entendam que essa é uma doença que deve ser tratada com o mesmo cuidado e respeito como com quem sofre de um câncer, por exemplo, pois não é pelo fato de ser invisível que ela não exista. Ela está ali, machucando, incomodando, muitas vezes, nos impedindo de viver da forma que gostaríamos, afinal, o que é a depressão senão um câncer na alma.
Por causa desse mal, muitas mulheres – por falta de compreensão por parte dos familiares, amigos, colegas de trabalho – se abandonam, deixam de cuidar de si próprias, e como eu disse anteriormente, somos seres divinos, não podemos deixar que essa doença nos vença e nos impeça de viver de forma digna e prazerosa, e não somente existir nesta terra.
Devemos procurar ajuda sim, procurar um profissional, alguém que entenda do problema para ajudar-nos a nos reerguermos, ter um cuidado também para não falar para uma pessoa que pensemos entender do assunto, para não sermos mal interpretadas.
Lógico que esse mal não atinge só as mulheres, atinge os seres humanos em geral, mas não podendo deixar de falar diretamente pra você mulher, que assim como eu, e como muitas e muitas outras, sofrem desse problema. Por favor, não se abandone, não se permita levar uma vida menos que abundante, cheia de alegria e paz. É fácil para quem está de fora falar, mas, estou escrevendo porque, repito: sofro desta doença, mas eu não me permito não me sentir plena, viva e linda. Há dias em que realmente é mesmo muito difícil levantar da cama e encarar o dia, e quando acontecer, olhe para o alto, Deus é a força de que precisamos para vencer essa caminhada, não se envergonhe em procurar ajuda!
Falar nesses casos é sempre o melhor remédio, fale, jogue para fora. Faça como eu e como tantas outras, procure ajuda e vença um dia após o outro!
No início não será fácil, você continuará com vergonha do que os outros irão pensar de ti, mas depois você verá que não haveria melhor solução e que espelhando-se em você, muitas vidas serão salvas!
E lembrem-se sempre mulher neste dia especial: “A minha carne e o meu coração desfalecem; mas Deus é a fortaleza do meu coração, e a minha porção para sempre”, Salmos 73-26.
Sempre que se sentirem sós – sem companhia ou compreensão humana – peça a Deus que mande o Espírito Santo Consolador, Esse sim nunca deixará que nos sintamos sós como Ele mesmo nos deixou lá em João14-26 “Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas”.
Um feliz dia internacional da mulher para todas as mulheres guerreiras e mais que vencedoras em Cristo Jesus!
Dienison Cardoso
A Flor De Pele
Dona de casa,
Dona do mundo,
Mulher.
No tanque,
No fogão,
Pilota até avião se quer.
Erroneamente confundida
Com fonte de prazer,
Mulher, basta a si mesma
Para ser.
Vestida de vigor,
Suporta a dor que vier,
Beleza de flor,
A coragem é uma mulher.
Entre o domínio de lérias,
Luta com os valentes,
Quantas Marias Quitéria’s
Aqui resistentes?!
“A importância da mulher não cabe num poema.”
Vereadora Gleyciaria Bergamim
Dia Internacional da Mulher: uma data para refletir sobre os direitos das mulheres
Hoje é o Dia Internacional da Mulher, um momento que merece mais reflexão do que comemoração nos dias atuais! Infelizmente, nós mulheres não temos muito o que comemorar ao ver tantas de nós sendo massacradas diariamente pelo feminicídio.
A violência contra a mulher é freqüente e acontece de todas as formas. O feminicídio é a maneira mais bruta da violência se manifestar. Só nesta semana dois casos de violência contra a mulher chamaram a atenção: Jane Cherubim foi espancada, estuprada e colocada no meio de uma pista que leva ao Caparaó, em Dores do Rio Preto, pelo namorado Jonas do Amaral. O motivo para tamanha monstruosidade: ciúmes e a recusa de tirar uma foto ao lado dele. Jane está hospitalizada e deve permanecer internada por pelo menos15 dias.
Outro caso que aconteceu no feriado do carnaval foi o abuso e morte da estudante Isabela Miranda de Oliveira, de apenas 19 anos, em Franco da Rocha, em São Paulo. Essa moça foi vítima de dois crimes diferentes quase que ao mesmo tempo. Indícios apontam que Isabela foi abusada pelo concunhado por estar embriagada. O namorado de Isabela, ao ver o homem com a namorada, não pensou duas vezes. Logo concluiu que houve uma traição. Ela foi espancada e depois queimada viva pelo namorado. Com 80% do corpo queimado, ela não resistiu e acabou falecendo ontem.
São inúmeros os casos de violência contra a mulher. Há 20 dias, a paisagista carioca, Elaine Caparroz foi espancada brutalmente por Vinícius Batista Serra, durante um primeiro encontro em sua casa. Por sorte, ela sobreviveu.
Mas não precisamos ir tão longe para ver como a violência nos atinge! Em outubro de 2017, a enfermeira Géssica de Sá Soto teve o maxilar quebrado por três homens durante uma festa em Nova Venécia.
Nada justifica a violência contra a mulher. Seja uma traição, o primeiro encontro em casa, a roupa que a mulher usa, ciúmes ou qualquer outra desculpa esfarrapada não podem ser motivos para brutalizar uma mulher. O grande causador disso tudo é o machismo (que ainda é muito forte em nossa sociedade e alimentado por homens e mulheres) e também a impunidade.
Como única vereadora mulher da Câmara de Nova Venécia estou na luta pelos direitos das mulheres. Em agosto, no aniversário da Lei Maria da Penha, faremos o II Fórum Municipal de Políticas Públicas para as Mulheres, no auditório do Legislativo. Será a segunda edição do evento que promete mobilizar a sociedade veneciana mais uma vez. Enquanto o fórum não chega, vamos refletir sobre o dia 8 de março como uma referência para alcançarmos dias melhores para as mulheres em nossa sociedade.
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