Pesquisadores brasileiros lançaram um alerta em uma das publicações científicas mais importantes do mundo. Por causa do avanço do desmatamento, eles temem que o Brasil não tenha como cumprir o compromisso assumido no Acordo de Paris, contra o aquecimento global.
O artigo foi publicado numa das mais importantes revistas científicas do mundo. Os pesquisadores começam o texto afirmando que, em troca de apoio político, o governo brasileiro está sinalizando que proprietários de terra podem aumentar o desmatamento e que o presidente, Michel Temer, assinou medidas provisórias e decretos reduzindo as exigências de licenciamento ambiental, suspendendo as demarcações de terras indígenas e reduzindo o tamanho de áreas protegidas.
Os pesquisadores afirmam que, na prática, essas e outras medidas aceleraram a destruição das florestas entre 2012 e 2017, revertendo a tendência de redução do desmatamento da década anterior.
O estudo também aponta o novo Código Florestal, aprovado no governo Dilma e parcialmente implementado no governo Temer, como o ponto de partida para a expansão do desmatamento.
Toda árvore, para crescer, retira dióxido de carbônio da atmosfera. Esse gás vira carbono e fica estocado nas raízes, troncos, galhos e folhas, o que faz das florestas imensos reservatórios de carbono. Quando se destrói uma área verde, por exemplo, através das queimadas, esse gás é devolvido para a atmosfera. Por isso, conter desmatamentos é a forma mais barata de reduzir as emissões de gases estufa.
De acordo com o estudo publicado nesta segunda-feira (9), qualquer outra alternativa vai impactar outros setores da economia. “Ônibus a hidrogênio, ônibus elétricos… O combustível de aviação teria que ser 100% de biomassa, o que não é ruim. Mas nesse momento ainda são tecnologias muito mais caras que colocariam um peso, talvez muito grande, na economia brasileira”, diz o professor Roberto Schaeffer, coautor do estudo.
Segundo os pesquisadores, se o desmatamento continuar no ritmo dos últimos cinco anos, o país terá que gastar quase o dobro qe investe hoje para cumprir seu compromisso no Acordo do clima de Paris. O custo poderia chegar a US$ 2 trilhões até 2050.
“Talvez impusessem um sobrecusto excessivo na economia brasileira, economia essa que já padece de falta de investimentos em outros setores: saúde, educação… De fato, estaria desviando recursos importantes para o setor energético para ele pagar uma conta que vai ser muito mais alta do que se a gente controlasse o desmatamento”, completa Roberto.
O Ministério do Meio Ambiente encaminhou ao Jornal Nacional números que mostram uma queda do desmatamento na Amazônia no ano passado em relação a 2016. Só que as taxas de desmatamento nestes dois anos ainda são as mais altas desde 2010. O ministério declarou que não houve flexibilização das políticas de controle do desmatamento ilegal, mas sim um aprofundamento.
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