A palavra “meio” é um termo antigo e possui muitos sentidos. Aliás, boa parte das palavras são assim, elas comportam sentidos variados, às vezes, até divergentes. Assim é a palavra “meio”. Em sentido estrito, um “meio” pode ser definido como sendo um agente de transmissão. Muitos de nós já ouvimos coisas como “por meio de que você ficou sabendo disso?”. Para que se entenda melhor: o ar e a água são meios. Nesse sentido, meios de transmissão ou comunicação. Assim, são agentes neutros. Entretanto, apesar de serem, aparentemente, neutros, eles podem interferir na informação que é repassada, assim, como são dependentes da informação que passam por eles.
Assim são os meios de comunicação dentro da sociedade da informação. Eles dependem da qualidade da informação que chega e, mais, ainda, da isenção na hora da transmissão. E isto não é fácil.
Hoje, 24 de janeiro, o jornal Correio9 completa treze anos de circulação. Não sabemos se é pouco ou muito tempo. Depende do que se analisa neste horizonte temporal. Neste período o jornal acompanhou momentos importantes da vida da comunidade: relatou problemas, provocou discussões, narrou dores, descreveu vitórias, assistiu desafios, enfim, são milhares de páginas que já foram para as ruas, sendo impossível imaginar a infinidade de assuntos já abordados.
Fazer jornal impresso na era da comunicação virtual é um desafio jamais enfrentado pelos meios de informação. A tecnologia transformou cada pessoa em um repórter potencial: basta portar um aparelho de celular e estar por perto do fato. Isto tem um impacto profundo na comunicação, porque aumenta a oferta de informações e as torna, rapidamente, obsoletas.
Mas, por outro lado, há um conhecido adágio popular que nos informa que “a rapidez é inimiga da perfeição”. Isto, no jornalismo, nos lembra de que nem sempre, algo é o que se parece. Que a informação precisa de ter qualidade, e que, para isto, é necessário rigor na apuração. Na atualidade não basta dizer, é preciso provar que o sol é quente e que a água é molhada.
Ademais, o acesso dos leitores às redes sociais expõe o jornal a críticas em tempo real. Para qualquer lado que se volte, o jornal encontra algum crítico. Isto acontece porquê de todos os veículos de comunicação, o jornal impresso é o mais clássico – o mais charmoso – é o que exerce maior fascínio e, para alguns, maiores preocupações, embora não tenha a velocidade, instantaneidade e penetrabilidade dos meios eletrônicos como o rádio, a televisão e a internet.
Isto porque, ao longo da História, jornais vieram-se impregnando de um vício de origem: relações mal disfarçadas de dependência com pessoas ou instituições que detêm poder, sejam estes econômico, político ou sociocultural. Ou todos eles. Foi assim na antiga Roma, com a cinco vezes centenária “Acta Diurna”, que nasceu ligada ao imperador Júlio César. Foi assim no Brasil, com a “Gazeta do Rio de Janeiro”, o primeiro jornal feito no país, criado em 1808, por obra e graça de Dom João 6º, e convenientemente substituído, catorze anos depois, por um “Diário do Governo”.
Hoje, os jornais brasileiros autoproclamados independentes parecem ser, para muitos, rebeldes sem causa. Têm uma responsabilidade, os jornais? E, se têm, qual é? Quem definiu essa responsabilidade? Está afinada com o que pensa, quer e age a sociedade? É uma responsabilidade ativa, que provoca, ou passiva, que reflete? Está a serviço das causas de um governo, como na ex-União Soviética, ou de um mercado, como acontece com a grande imprensa brasileira?
O jornal Correio9 trabalha com o propósito de ser uma instituição com fim determinado e causas nobres, o jornal, no dia-a-dia, está funcionando como instituição intermediária, de cujos recursos e possibilidades se utiliza para comunicar, e cumprir o seu papel na sociedade.
E na ocasião do seu aniversário o Correio9 reafirma o seu compromisso de realização de um trabalho fundamentado em princípios.
Estamos encerrando as discussões internas sobre o novo “Projeto Editorial” do jornal. O Projeto que vai se iniciar teve origem em discussões que começaram há seis meses, em julho de 2017. O modelo editorial que este Projeto define está claramente delineado em um documento, cujas ideias gerais contaram com a colaboração externa de leitores que participaram da discussão. Estas ideias estão condensadas a seguir, tratando-se de um jornalismo norteado por seis princípios gerais: crítico, pluralista, apartidário, analista, contextualizado e moderno. E catorze princípios específicos:
Credibilidade: cada informação deve ser apurada e confirmada. Preservação da imagem das pessoas.
Respeitabilidade: devemos manter o respeito conquistado dos nossos leitores e das nossas fontes.
Seriedade: o único compromisso do jornal é com a informação precisa e correta.
Isenção: ouvir sempre os dois lados, frente e verso de uma informação. Nenhuma investida que possa culpabilizar alguém.
Apartidarismo: compromisso com a informação fiel aos fatos e documentos, sem proselitismo; nem ideologização da informação.
Imagem diferenciada: a nossa marca e a nossa cara são próprias, construídas ao longo do tempo. Não podemos ter a cara dos concorrentes.
Jornal indispensável: nosso jornalismo deve ser indispensável para o público.
Jornal popular: o público não é uniforme em todos os sentidos. Uma informação deve ser entendida por todos os leitores.
Jornal moderno: jornalismo dinâmico e, até certo ponto, audaz.
Empresarial: jornalismo com regras de administração empresarial, como avaliação, planejamento e treinamento.
Metas e objetivos: estabelecer as metas e os objetivos, que serão perseguidos e, principalmente, cumpridos.
Jornal didático: evitar complicar a vida do público, mas, procurar todos meios para facilitá-la. A informação deve ser simples, transparente, clara e didática.
Dispensar o pessimismo: o tom do jornalismo deve ser otimista, procurando mostrar que, mesmo nas situações mais trágicas, é possível superar.
Jornal para o público: sem agredir nosso público em seus costumes e suas crenças; o respeito ao leitor é “cláusula pétrea”.
Em outros aniversários, fizemos uma reflexão sobre o passado. Hoje, olhamos para o passado para lembrar de que o caminho não se faz sozinho. Neste trajeto, contamos com muitas colaborações. E vamos continuar contando, pois, como descrevemos no último parágrafo do editorial em comemoração aos doze anos, em 2017: “Nós não sabemos ainda como será a comunicação do futuro, que pode estar bem próximo, mas uma coisa é certa: sem importar o meio entre a informação e o público, a credibilidade será sempre fundamental”.
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