Por Elias de Lemos – eliasdelemos@correio9.com.br
A tragédia brasileira
O presidente da Câmara Federal, deputado federal Rodrigo Maia (DEM) é um dos 22 pré-candidatos à presidência da República. Maia foi eleito pelo estado do Rio de Janeiro, é filho do ex-prefeito César Maia, sendo mais um daqueles casos de herdeiros políticos. Essas hierarquias familiares que se instalam na política e vão passando o poder de geração a geração sem nenhum compromisso com quem os elege, como os Sarney, no Maranhão; os Magalhães, na Bahia; os Barbalho, no Pará; Collor, em Alagoas, entre outros.
A política brasileira está cheia de casos assim. O sujeito se elege para um cargo público, passa décadas mamando nas tetas do poder e aí acha que é pouco. Assim, “prepara” o filho para herdar seu lugar. Ou seja, eles procriam! E, na maioria dos casos esses herdeiros não passam de fantoches a serviço do grupo ao qual pertencem. Já nasceram ricos. Estudaram nas melhores escolas. Nunca trabalharam na vida, a não ser em cargos públicos. Nunca pegaram um ônibus lotado ou tiveram que se virar para viver com um salário mínimo. Quando menores, andam de carro oficial com motorista. Enfim, não entendem nada sobre organização social.
Na maioridade, muitos dirigem bêbados colocando em risco a vida dos “pobres coitados” que cruzam seus caminhos, como o caso do ex-deputado paranaense Carli Filho, condenado, em fevereiro de 2018, por ter atropelado e matado dois jovens no trânsito após uma de suas noitadas.
Essas oligarquias produzem aberrações como a deputada federal Cristiane Brasil, filha do corrupto confesso Roberto Jefferson, que perdeu o cargo de deputado federal no escândalo do mensalão, mas continua mandando e desmandando nos bastidores, a ponto de ter deixado Michel Temer naquela saia justa, ao impor o nome da filha para o Ministério do Trabalho, mesmo ela sendo ré em processo trabalhista, chantagista e sem noção o suficiente pra fazer um vídeo no meio de um monte de homens seminus para defender a sua nomeação.
Mas, em se tratando do presidente da Câmara, é interessante perguntar: o que de relevante Rodrigo Maia fez, em sua vida pública, até o momento em que se sente credenciado para ser candidato a Presidente da República?
O estado do Rio de Janeiro que o elegeu, está um caos e mesmo assim não se conhece nenhuma iniciativa dele para encaminhar uma solução viável e responsável, para os problemas do Rio.
Ele se destaca bem na articulação política, tanto que está na Presidência da Câmara e, contrariando o próprio pai, conseguiu emplacar sua candidatura no DEM.
Estas oligarquias insinuam que o Brasil é mesmo uma república de bananas, onde qualquer um com o apoio certo pode ser eleito para qualquer coisa. Tanto é que basta lembrarmo-nos da eleição, em 2005, do ex-deputado federal, Severino Cavalcante, para a Presidência, que hoje, é ocupada por Rodrigo Maia.
É comum de se ouvir pessoas dizendo que “precisamos eleger um doido para dar jeito no país”. Nessa linha de pensamento, o candidato não precisa ter um projeto de governo. Não precisa entender de nada, basta falar algumas asneiras, e pronto, está qualificado para ser presidente.
E, aqui no Espírito Santo, não é diferente. Tem famílias inteiras na política, enquanto alguns pais, inelegíveis, tentam inserir seus herdeiros. É aquele adágio popular: “cada povo tem o governo que merece”.
Urgência, não!
Esta semana, o Plenário da Assembleia Legislativa do Espírito Santo rejeitou o requerimento de urgência para o Projeto de Lei, de autoria do deputado Euclério Sampaio (PSDC), que propõe a redução da alíquota de imposto cobrado sobre a gasolina. Cinco deputados votaram em favor da tramitação em regime de urgência: Euclério Sampaio, Sérgio Majeski (PSB), Freitas (PSB), Bruno Lamas (PSB) e Theodorico Ferraço (DEM).
No entanto, o projeto continua em tramitação normal. O Plenário recusou, apenas, o Regime de urgência. O Projeto, em si, ainda não foi votado.
De acordo com o deputado Enivaldo dos Anjos (PSD), a recusa se deu porque projetos desta natureza só podem ser apresentados pelo Executivo, não pelo Legislativo. Da forma como foi proposto, configura “vício de origem”, o que o torna inconstitucional.
Poder Paralelo
O PCC (Primeiro Comando da Capital) montou um verdadeiro exército no Brasil. Dicionário próprio, protocolo fantasma, estrutura maior que muita empresa e código interno rígido são algumas das características da facção.
O grupo criminoso conta com cerca de 25 mil “soldados”, que contribuem com R$ 970,00 mensais. A organização, comandada pelo traficante Marcola, tem um faturamento anual de cerca de R$ 500 milhões e já expandiu seus tentáculos para fora das fronteiras, em direção ao Paraguai, Bolívia, Uruguai e a Argentina. Os “associados” são assistidos com advogados e assistência para suas famílias quando estiverem presos. Mas devem estar prontos para executar qualquer ordem dos chefões, seja ela qual for. E esta, é apenas uma, das trinta organizações criminosas do país.
Se fosse uma empresa, o PCC estaria entre as 500 maiores do país.
Entre aspas
“Samba não é música de bandido não, bandido para mim, é quem compra a mídia e obriga a gente ter que ouvir música que não leva o país a ter nenhuma reflexão, nenhuma consciência. Isso é que é bandidagem, entendeu? Bandidagem para mim é quem consegue fazer com que a cultura seja toda direcionada para quem tem poder. E o samba, graças a Deus, ainda, tem gente que leva reflexão e leva bons pensamentos para a democracia deste país”.
(Resposta da sambista Leci Brandão, à declaração do cantor sertanejo César Menotti, que disse que samba é música de bandido, durante participação no programa Altas Horas, da Rede Globo. Depois, César Menetti utilizou as redes sociais para se desculpar e disse que foi apenas mal interpretado pelos amantes do samba, gênero que ele respeita).
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