Ao perceber que os estudantes da terceira etapa da Educação de Jovens e Adultos (EJA) da Escola Estadual Misael Pinto Netto, de Aracruz, estavam enfrentando dificuldades na aprendizagem durante as aulas de Física, o professor Fabrício Antunes desenvolveu um simulador virtual para auxiliar a turma. O projeto teve como objetivo ensinar de forma prática o conteúdo de associação de resistores e circuitos elétricos.
O professor dividiu a ação em três momentos: aula dialógica, com exposição de circuitos elétricos, para explicar de forma coletiva como funciona a associação de resistores. No segundo momento, os alunos foram divididos em grupos e realizaram as atividades usando os simuladores virtuais com os notebooks, nas subestações. E no terceiro momento, os educandos foram avaliados produzindo na prática o próprio circuito elétrico e as devidas associações.
De acordo com o educador, os estudantes não estavam conseguindo assimilar o conhecimento de física, por trabalhar o dia todo e ainda cuidar da casa. “Os alunos da EJA são aqueles que, por algum motivo, não tiveram condições de concluir o ensino, mas que ainda possuem esse desejo. Alguns deles alegavam não ter cabeça para enfrentar uma disciplina tão complexa e diziam que sentiam vontade de desistir. Para ajudá-los a concluir os estudos de forma mais prazerosa, resolvi criar um método que facilitasse o entendimento e a aprendizagem da minha disciplina, que cá entre nós não é nada fácil, mas também não é impossível de ser aprendida. A ideia foi um sucesso e tem ajudado bastante os educandos”, comemorou.
Segundo a diretora Patrícia Rebuli, o professor de Física é muito esforçado e dedicado com sua turma. “Ele veio até mim e a pedagoga Luciana para nos comunicar do problema enfrentado em sala e dizer que tinha uma solução, mas que precisava de nossa ajuda. Foi então que tivemos a ideia de usar os notebooks da escola, que são de uso dos professores, para criar uma plataforma em que os alunos tivessem mais contato com o conteúdo”, explicou.
A pedagoga Luciana Lima Peres assistiu a uma das aulas do professor e falou que a atividade surtiu um resultado bastante positivo. “Os conteúdos ficam mais atrativos e os estudantes podem testar seus questionamentos sobre a matéria, além de descobrir qual é o resultado das ações geradas por suas dúvidas. Isso promove uma aprendizagem mais significativa do que apenas ouvir a explicação do professor, sem contar que estimula o raciocínio e a autonomia do aluno”, disse.
Para a educanda Ana Claudia, utilizar o computador durante as aulas tem tornado o aprendizado muito melhor. “A gente consegue compreender tudo aquilo que foi ensinado na explicação, porém visualizando. Quando não conseguimos visualizar, fica tudo muito confuso, e não conseguimos aprender. Foi uma boa iniciativa do professor.”
Física e açaí
Para melhorar o rendimento escolar dos estudantes, o professor Fabrício Antunes, que leciona a disciplina de Física na Escola Estadual Misael Pinto Netto, em Aracruz, também usou a criatividade e preparou um momento diferente com eles: levou os alunos para fora da sala de aula para aprenderem os conteúdos da disciplina enquanto se deliciavam tomando açaí.
Na açaíteria, o educador fez um resumão dos conteúdos que foram estudados durante o ano letivo e tirou algumas dúvidas. “Muitas vezes vemos a turma com dificuldade em aprender a matéria e ficamos buscando formas de facilitar o aprendizado. Como professor, tento me colocar no lugar do aluno, para descobrir o que pode ser feito para que eles aprendam algo em que tenham dificuldade. A maioria das pessoas adoram açaí, e achei uma ótima ideia propor uma aula descontraída e com um sabor de quero mais”, explicou o professor.
A aluna Taissa Neumerk nunca tinha participado de uma aula assim. “Achei muito legal. Estudar sem paredes, ao ar livre, nos dá uma sensação de liberdade. No começo, fiquei com vergonha quando vi as pessoas olhando, mas logo percebi que seria interessante. Parece que a sala sem paredes abre a nossa mente. Precisamos de mais aulas assim”, disse.
Segundo Fabrício, os alunos aproveitaram o “aulão” para se prepararem para as provas finais. “Estamos chegando à reta final, e as turmas começam a ficar apreensivas por conta das dificuldades com a Física. Aproveitei o momento para mostrar que minha disciplina não é um bicho de sete cabeças, e que eles podem sim aprender o conteúdo. Eles amaram e pediram mais”.
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