Kim Campos (Correio9)
Está marcado no calendário de 2018 – mais precisamente nos dias 07 de outubro, em primeiro turno, e no dia 28 de outubro, nos casos de segundo turno – as eleições para presidente da República, governadores dos estados, dois terços do Senado Federal, deputados federais e deputados estaduais ou distritais no Brasil.
São eventos que intimam os eleitores brasileiros às urnas eletrônicas para deixarem os seus votos. Mas, a partir daí sempre surge a pergunta: as urnas eletrônicas são confiáveis ou suscetíveis a fraudes?
Especialistas em tecnologia apontam pelo sim e pelo não, em um embate que parece não ter fim. Mas, afinal, o que pensam os eleitores de ‘carne e osso’ que votam nesse tipo de engenhoca, sempre entendendo que estão o fazendo pelo bem da democracia?
A fim de responder a esta pergunta, o Correio9 ouviu alguns eleitores.
Antes, porém, é importante informar que muitos países de Primeiro Mundo. como a França, Inglaterra e Alemanha não adotam esse tipo de urna. Já nos Estados Unidos, há locais em que as urnas eletrônicas são aceitas, mas com uma condição: elas, necessariamente, precisam imprimir o voto – isto é, brutalmente, diferem das brasileiras. Para apaziguar os ânimos de quem sai derrotado, o Tribunal Superior Eleitoral exigirá que em 2018 ao menos um percentual de cédulas em determinadas urnas espalhadas pelo Brasil sejam impressas para se ter a real média de votação de cada candidato.
Em outros países do Terceiro Mundo e, coincidentemente ou não da América do Sul, como
Equador e Venezuela, há o mesmo modelo da urna eletrônica usada no Brasil e que não imprime o voto, tornando assim impossível auditar o resultado das eleições.
A opinião do vigilante Irineu Gaspar de Moura, que reside em São Gabriel da Palha joga por terra a confiança no voto de forma eletrônica, pois entende que, se caixas eletrônicos de banco, computadores, site da Receita Federal e outros são diariamente violados por hackers, a urna eletrônica – que se usa, praticamente, o mesmo sistema – não fugiria disso.
Não confio. Do mesmo jeito que os hackers entram no computador podem entrar na urna e mudar os votos”, é a opinião.
A mesma opinião é compartilhada pela estagiária da Defensoria Pública de São Gabriel da Palha, Bianca Brunoro, que não confia no sistema adotado pela Justiça Eleitoral do Brasil. Segundo ela, o fato do sistema ser digital permite que se burle o voto facilmente e que, ainda, após a votação, não se tem a certeza dos procedimentos que são feitos até a efetiva apuração.
Já a estudante Tayná Ventura Soares, de Vila Valério, servidora pública e estudante do nono período do curso de Direito na Faculdade Multivix, de Nova Venécia, entende que não há o que se temer quanto à fragilidade das máquinas. Para ela, as urnas eletrônicas são frutos de uma evolução tecnológica natural, além de que existem inúmeras fiscalizações no sentido de vigilância sobre o que é feito antes, durante e depois das votações, o que para ela se faz suficiente para evitar possíveis fraudes.
Por fim, a comerciante Jânia Geórgia Dias Mendes, de Nova Venécia, opina com descrença na confiabilidade do sistema. “Não dá para afirmar tecnicamente sobre o funcionamento delas, mas se tratando de um país como o Brasil, onde diariamente vemos falcatruas, é normal que se ponha um pé atrás no que tange a esse tipo de votação”, sustenta.
Apesar das opiniões contrárias e dos dissabores, o Tribunal Superior Eleitoral garante que a urna eletrônica é inviolável. Mas, também é verdade que tanto o Governo, quanto o Estado violam sigilos fiscais e bancários de seus oponentes. Nas eleições certamente cabe a máxima aplicada à mulher de César: não basta ser honesta, tem de parecer honesta.
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