Bruno Gaburro (Correio9)
Para muitos, aquela água escorrendo, constantemente, vaza de “algum” encanamento. Para outros pode ser parte de esgoto que corre na rua. Mas, na prática, não é nada disso. O jornal Correio9 esteve no local e conta o que acontece.
A história daquela água que jorra na Avenida Dr. Antônio dos Santos Neves (nas proximidades da Ciretran) começou em meados da década de 1990, quando o senhor José Arlindo Gusson, abriu em Nova Venécia a sua distribuidora de gás de cozinha. Ao escolher o local para o negócio, ele se deparou com uma surpresa.
O terreno escolhido para ser a sede do empreendimento era um terreno com o solo muito rochoso, onde era necessário realizar um trabalho para aplainar o local. Arlindo, contratou uma empresa de Nova Venécia que realizava esse tipo de serviço. Com máquinas pesadas, brocas e até mesmo dinamite, o local foi sendo preparado para a instalação do negócio. Os entulhos foram realocados para o terreno em frente, que também foi terraplanado, com a base em rocha, e por cima, muita terra. O local hoje é aproveitado como o lavador dos veículos utilizados no negócio.
No entanto, durante as escavações, uma mina de água foi encontrada, surpreendendo a todos. Uma água que se provou sem gosto, sem cheiro e altamente cristalina despertou o interesse do proprietário do imóvel, que realizou testes para averiguar a qualidade da água, que se revelou uma fonte de água mineral.
Logo, foi realizado um procedimento para aproveitar essa água de tamanha qualidade que brotava da pedra continuamente. Uma cacimba foi aberta próxima ao local onde a água escoava, assim formando um pequeno poço, com canalização até uma pequena bomba hidráulica, que levava a água para a sua nova caixa d’água, com capacidade para dez mil litros, que até hoje abastece o depósito e o lavador, mas também abastece a sua residência e de mais alguns vizinhos.
Porém, os primeiros períodos chuvosos que se sucederam revelaram um problema. Com a chuva, a cacimba transbordava, pois, o nível da água aumenta consideravelmente. Assim, ela vazava pela rua afora, fazendo com que a rua se transformasse praticamente em um pequeno rio. Muitas pessoas passam por ali e desconhecem a procedência daquela água que escorre pela rua. Alguns pensam que é proveniente de um cano quebrado da estação de abastecimento local; tem também, aqueles que acham que se trata de uma deficiência na rede de esgoto, mas na verdade, essa água é ideal para o consumo.
Para resolver este incômodo, a Prefeitura de Nova Venécia, há alguns anos, instalou um cano que ligava a cacimba diretamente ao Rio Cricaré, assim, o problema cessou. Contudo, logo no início das obras de saneamento básico municipal, a empreiteira responsável quebrou acidentalmente o cano, o que fez com que a água voltasse a ser expelida para a rua, o que acaba gerando alguns transtornos para os comerciantes que se localizam morro abaixo.
Comerciantes enfrentam transtornos
Os comerciantes se queixam de alguns problemas, como, por exemplo, a sujeira que a água provoca. O que acontece é que as pessoas que transitam pela rua, acabam pisando na água e entrando nos estabelecimentos, gerando um lamaçal nas entradas. E não é só isso. Por conta da sujeira que se acumula na rua, muitas vezes os bueiros acabam entupindo, gerando alagamento nas áreas mais baixas que se encontram próximas desses escoadouros.
Uma comerciante chamou a atenção também para um problema menos visível. Existem momentos do dia em que o fluxo da água que desce do morro é um pouco mais intenso, o que faz com que ela atinja lugares que não conseguem ser atingidos com um baixo nível. Porém, o fluxo vai diminuindo durante o dia, isso faz com que os lugares de mais difícil acesso para a água, formem poças, que muitas vezes ficam o dia inteiro com a água parada. Gerando o risco do aparecimento de focos do mosquito Aedes aegypti – transmissor da Dengue, da Zica Vírus e da Chikungunya.
Problema foi solucionado na última quarta-feira
A equipe de reportagem do Correio9 esteve no local nesta última terça-feira (20). Conversou com o senhor Arlindo Gusson, e também, com alguns funcionários e dirigentes dos comércios, os quais relataram todos os transtornos que esta água causou. Logo em seguida, o secretário de Obras, Sebastião de Sá, foi indagado, pela equipe, sobre os problemas.
No dia seguinte, na quarta-feira (21), funcionários da secretaria de Obras estiveram no local, para a colocação de um cano, que leva a água excedente diretamente para o Rio Cricaré. Ele informou ainda que será implantada uma faixa de pedestres no local.
Segundo José Arlindo Gusson, anteriormente, três equipes da Prefeitura estiveram no local. No entanto, foram alegados inúmeros obstáculos para a solução do problema. Agora, o transtorno foi resolvido e a água já não escorre mais pela rua.
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